quarta-feira, dezembro 13, 2006

Uma visão liberal sobre Pinochet

Como escrevi ontem, "nada altera o facto de Pinochet ter demorado 17 anos a repôr a democracia constitucional e o fim dos ataques aos direitos individuais dos seus concidadãos, independentemente de os que sofreram essas perseguições preconizarem ideias que se opunham à democracia tal como hoje existe no Chile."

Diz o Miguel (recomendo a leitura integral):

Sendo certo que o governo de Allende foi autor de graves atropelos às liberdade individuais, não me parece que Pinochet possa servir de modelo àqueles que se reclamam herdeiros da tradição liberal clássica. Segundo me parece, esta reclama existir um conjunto de liberdades individuais inalienáveis, não hierarquizáveis e inseparáveis.(...)

Embora tenha voluntariamente abandonado o poder (o que o coloca acima de muitos outros ditadores - alguns ainda no activo e frequentemente apontados como modelos), a ditadura chilena perseguiu, prendeu e matou violando liberdades e garantias. Se em seu favor se credita o derrube do governo anti-liberal de Allende, por outro lado temos 17 anos de restrição da liberdade. Poder-se-á argumentar que outras foram mais restritivas, duradouras ou mortíferas. Contudo, não me parece lícito que possamos relativizar os seus crimes dizendo que tudo foi feito em nome de um bem maior. Devemos regermos por princípios absolutos e não por critérios de escala ou de resultados.(...)

O liberalismo não se esgota nas liberdades económicas nem as coloca acima das de carácter político.