Da inevitabilidade da OTA
Ontem, tivemos a nata da engenharia portuguesa a esgrimir argumentos sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, essa obra de regime inadiável.
O debate serviu pelo menos para desmistificar uma coisa: afinal, as soluções técnicas não são assim tão imaculadas.
Se os engenheiros estão de acordo quanto à necessidade da construção de um novo aeroporto, por força do esgotamento há muito anunciado da Portela (ouvi alguém apontar a data de 2005, certamente fundamentado num desses estudos técnicos, mas para meu espanto estamos hoje em 2007 e a Portela lá vai chegando para as encomendas), já a localização deste grande empreendimento os divide profundamente. E não se coibiram de apontar lacunas e insuficiências aos estudos existentes.
Do pouco percebi, não foi feita uma análise integrada das variáveis em jogo, estudadas apenas em separado; assim, um estudo de impacte ambiental bastou para vetar a localização Rio Frio, sem que antes tenham sido ponderados outros factores, tais como a importância das infraestruturas de transportes ou as questões da economia e do emprego. Parece que também não foi considerada “a opção zero”, ou seja, uma terceira hipótese que nos poderia levar a concluir não serem a Ota nem Rio frio as soluções indicadas.
Em tudo isto, a evidência de que há muitas omissões, mas ainda assim disseram-nos que não há tempo a perder, que temos de lançar já a obra, e a todo vapor, senão caem o Carmo e a Trindade; 2017 é o ano de todos os perigos, se a Ota não estiver construída.
Como era de esperar, pouco se falou dos custos, ninguém sabe ao certo, mas isso não parece tirar o sono ao presidente da CCDR, eng. Fonseca Ferreira, que o importante é fazer a obra!
No fundo, tudo como dantes. O Estado clientelar promove, os bancos financiam o empreendimento, os consultores e projectistas fazem os lucrativos estudos de legitimação simbólica e os engenheiros e as construtoras têm a obra com que sonharam toda uma vida! Depois, inaugura-se com pompa e circunstância o grande aeroporto. E, esquecidas as inevitáveis derrapagens, vamos todos em romaria ver a prodigiosa obra da nossa engenharia.
O debate serviu pelo menos para desmistificar uma coisa: afinal, as soluções técnicas não são assim tão imaculadas.
Se os engenheiros estão de acordo quanto à necessidade da construção de um novo aeroporto, por força do esgotamento há muito anunciado da Portela (ouvi alguém apontar a data de 2005, certamente fundamentado num desses estudos técnicos, mas para meu espanto estamos hoje em 2007 e a Portela lá vai chegando para as encomendas), já a localização deste grande empreendimento os divide profundamente. E não se coibiram de apontar lacunas e insuficiências aos estudos existentes.
Do pouco percebi, não foi feita uma análise integrada das variáveis em jogo, estudadas apenas em separado; assim, um estudo de impacte ambiental bastou para vetar a localização Rio Frio, sem que antes tenham sido ponderados outros factores, tais como a importância das infraestruturas de transportes ou as questões da economia e do emprego. Parece que também não foi considerada “a opção zero”, ou seja, uma terceira hipótese que nos poderia levar a concluir não serem a Ota nem Rio frio as soluções indicadas.
Em tudo isto, a evidência de que há muitas omissões, mas ainda assim disseram-nos que não há tempo a perder, que temos de lançar já a obra, e a todo vapor, senão caem o Carmo e a Trindade; 2017 é o ano de todos os perigos, se a Ota não estiver construída.
Como era de esperar, pouco se falou dos custos, ninguém sabe ao certo, mas isso não parece tirar o sono ao presidente da CCDR, eng. Fonseca Ferreira, que o importante é fazer a obra!
No fundo, tudo como dantes. O Estado clientelar promove, os bancos financiam o empreendimento, os consultores e projectistas fazem os lucrativos estudos de legitimação simbólica e os engenheiros e as construtoras têm a obra com que sonharam toda uma vida! Depois, inaugura-se com pompa e circunstância o grande aeroporto. E, esquecidas as inevitáveis derrapagens, vamos todos em romaria ver a prodigiosa obra da nossa engenharia.