Lisboa em debate
No debate de ontem à noite, o que mais saltou à vista foi a vacuidade que é traço dominante no discurso de António Costa. Dele não se conhecem propostas, a não ser talvez o novo pulmão verde que, no dizer do vencedor anunciado desta contenda autárquica, irá substituir a exaurida Portela (enquanto isso, a Ota fica suspensa num limbo, pelo menos durante seis meses). Irrelevante em quase tudo, menos no apelo final a uma maioria clara que o poupe ao incómodo de negociar com a miríade de candidatos que aspiram a um lugar na vereação lisboeta.
Há um lastro de conformismo na democracia lusa, que ameaça fazer desta eleições uma espécie de repetição das últimas legislativas: à semelhança de José Sócrates, também as linhas programáticas da candidatura de António Costa são coisa de pouca importância, em face da crónica de uma vitória anunciada; porque tudo isto entronca em mais um desgoverno do PSD.
Assim, Costa nem precisa de programa, basta-lhe tão-só anunciar os notáveis que vão dando lustro (e votos) à sua candidatura, o último dos quais foi Maria José Nogueira Pinto.
Sobre os restantes candidatos, Ruben de Carvalho apareceu, como é seu apanágio, bem preparado; eficaz a denunciar os projectos governamentais que, à sombra da Administração do Porto de Lisboa, vão desfigurando a cidade. Sá Fernandes pecou talvez por querer descer aos pormenores, alardeando conhecimento dos dossiês, em detrimento de uma visão de conjunto, que é o que conta num debate eminentemente político. Fernando Negrão esteve algo apagado (com esta escolha, o PSD arrisca-se a perder em duas frentes; Setúbal, comparada a Lisboa, é evidentemente uma frente menor, mas convém não escamotear a importância simbólica que poderia vir a ter para o partido de Marques Mendes). Carmona agiu em coerência, fazendo a defesa da sua (pesada) herança. Já Telmo Correia, parecendo tomar o túnel do Marquês como seu, assestou baterias em Sá Fernandes. Lá para o fim do debate, lembrou-se que a questão da segurança poderá render votos e salvar a sua candidatura do desastre anunciado. Por fim Helena Roseta, que foi quem, na minha opinião, melhor soube articular um discurso para a cidade, falando da importância da reabilitação (sugeriu uma via verde para desburocratizar esta questão) e da mobilidade dos peões, numa cidade de há muito submetida ao primado do carro particular.
P.S. Uma nota para o trabalho da jornalista Ana Lourenço, sóbria e inteligente na condução do debate.
Há um lastro de conformismo na democracia lusa, que ameaça fazer desta eleições uma espécie de repetição das últimas legislativas: à semelhança de José Sócrates, também as linhas programáticas da candidatura de António Costa são coisa de pouca importância, em face da crónica de uma vitória anunciada; porque tudo isto entronca em mais um desgoverno do PSD.
Assim, Costa nem precisa de programa, basta-lhe tão-só anunciar os notáveis que vão dando lustro (e votos) à sua candidatura, o último dos quais foi Maria José Nogueira Pinto.
Sobre os restantes candidatos, Ruben de Carvalho apareceu, como é seu apanágio, bem preparado; eficaz a denunciar os projectos governamentais que, à sombra da Administração do Porto de Lisboa, vão desfigurando a cidade. Sá Fernandes pecou talvez por querer descer aos pormenores, alardeando conhecimento dos dossiês, em detrimento de uma visão de conjunto, que é o que conta num debate eminentemente político. Fernando Negrão esteve algo apagado (com esta escolha, o PSD arrisca-se a perder em duas frentes; Setúbal, comparada a Lisboa, é evidentemente uma frente menor, mas convém não escamotear a importância simbólica que poderia vir a ter para o partido de Marques Mendes). Carmona agiu em coerência, fazendo a defesa da sua (pesada) herança. Já Telmo Correia, parecendo tomar o túnel do Marquês como seu, assestou baterias em Sá Fernandes. Lá para o fim do debate, lembrou-se que a questão da segurança poderá render votos e salvar a sua candidatura do desastre anunciado. Por fim Helena Roseta, que foi quem, na minha opinião, melhor soube articular um discurso para a cidade, falando da importância da reabilitação (sugeriu uma via verde para desburocratizar esta questão) e da mobilidade dos peões, numa cidade de há muito submetida ao primado do carro particular.
P.S. Uma nota para o trabalho da jornalista Ana Lourenço, sóbria e inteligente na condução do debate.