domingo, junho 17, 2007

Sardinha há só uma: a de Setúbal e mais nenhuma




Há anos (há muitos mesmo...) que sou confrontado com uma triste realidade.
Penso mesmo que ela pode ter um significado de alguma importância na questão da separação feita pelo ministro Lino (aquele que teve medo de dar a cara em Setúbal), entre o país do Grande Vazio ao Sul e o resto do território português, representado pela cidade capital.

A realidade é esta: em Lisboa vendem uma espécie de peixe assado (grelhado é coisa para membros de sexualidades alternativas) a que chamam sardinhas. Prova de quão pouco sabem os lisboetas, uma vez que se trata de uma outra espécie de peixe qualquer, próxima (talvez) do robalo, tal a dimensão do bicho. Promovem, até, festas populares em que se empanturram do gigantesco animal.
Ocasionalmente, tenho tido o desprazer de ser forçado a prová-las (há situações em que não nos podemos furtar a fazer sacríficios). Não são memórias agradáveis.

Como sabe o pessoal que habita a cidade na foz do Sado, perdão, pequeno veio de água que percorre o Grande Vazio ao Sul, a única espécie digna de ser chamada de sardinha é aquele pequeno peixe que se assa pela Luísa Todi fora, enchendo a avenida do seu inconfundível fumo assim que a Primavera se apronta a partir.

Por mim, já cumpri a minha quota de conversões, tornando alguns lisboetas em crentes ferovorosos da setubalense petinga. Aos restantes alfacinhas, lamento apenas o triste engano em que persistem.