Um Presidente Fragilizado
A intervenção do Presidente não dissipou o clima de suspeita em torno do caso das (hipotéticas) escutas à Presidência da República por parte do Governo. Nunca se referindo a esta questão, Cavaco Silva não deixou porém de aludir às vulnerabilidades do sistema informático da Presidência, ou à possibilidade “de alguém do exterior entrar no seu mail”. Ou de dizer “como é aqueles Políticos (do Governo) sabiam dos passos dados por membros da Casa Civil da Presidência da República”.
Utilizou expressões extremamente duras para classificar a acção de membros do Governo, que procuraram “puxar o Presidente da República para a luta político-partidária” com o fito de “desviar o debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos”. Falou da tentativa de colagem do Presidente ao PSD, engendrada pelos propagandistas do Governo.
De tudo isto o que sobressai é que as relações entre Belém e São Bento são péssimas, o que não constitui propriamente uma novidade para os mais atentos. Mas o mau relacionamento entre a Presidência da República e o Governo não começou com a notícia dos assessores do Presidente que” tinham participado na elaboração do programa eleitoral do PSD”. Remonta ao Estatuto dos Açores.
Creio que o Presidente sai politicamente fragilizado de toda esta história. Não esclareceu a questão das escutas, antes preferindo refugiar-se num clima de ambiguidade feito de interrogações pouco próprias para quem está no exercício de tão importante cargo.
E se lhe assiste alguma razão quanto à forma como “o partido do Governo” utilizou o caso das escutas para desviar a campanha dos problemas que mais afligem os cidadãos, não se percebe por razão não interveio na altura própria. Ou seja, durante a campanha eleitoral, o tempo e o lugar indicados para melhor alertar os eleitores para os intentos dos arautos do Governo.
O conflito institucional está, pois, para lavar e durar. Tem a mão dos spin doctors do Governo e da Presidência da República, mas os primeiros parecem bem mais hábeis nestas guerras comunicacionais. Levam vantagem os do governo, talvez porque os spin doctors da Presidência sejam de um outro tempo. De um tempo pré-moderno.
Utilizou expressões extremamente duras para classificar a acção de membros do Governo, que procuraram “puxar o Presidente da República para a luta político-partidária” com o fito de “desviar o debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos”. Falou da tentativa de colagem do Presidente ao PSD, engendrada pelos propagandistas do Governo.
De tudo isto o que sobressai é que as relações entre Belém e São Bento são péssimas, o que não constitui propriamente uma novidade para os mais atentos. Mas o mau relacionamento entre a Presidência da República e o Governo não começou com a notícia dos assessores do Presidente que” tinham participado na elaboração do programa eleitoral do PSD”. Remonta ao Estatuto dos Açores.
Creio que o Presidente sai politicamente fragilizado de toda esta história. Não esclareceu a questão das escutas, antes preferindo refugiar-se num clima de ambiguidade feito de interrogações pouco próprias para quem está no exercício de tão importante cargo.
E se lhe assiste alguma razão quanto à forma como “o partido do Governo” utilizou o caso das escutas para desviar a campanha dos problemas que mais afligem os cidadãos, não se percebe por razão não interveio na altura própria. Ou seja, durante a campanha eleitoral, o tempo e o lugar indicados para melhor alertar os eleitores para os intentos dos arautos do Governo.
O conflito institucional está, pois, para lavar e durar. Tem a mão dos spin doctors do Governo e da Presidência da República, mas os primeiros parecem bem mais hábeis nestas guerras comunicacionais. Levam vantagem os do governo, talvez porque os spin doctors da Presidência sejam de um outro tempo. De um tempo pré-moderno.