Da arte de bem governar
Impressões sobre a arte de governar, e em pano de fundo o conflito entre o governo e os professores.
A arte de bem governar é a arte de ajuizar correctamente os interesses das partes em causa ou em conflito numa dada situação, cujo significado último é político, e de tomar decisões em função dessa ponderação. Sem nunca perder de vista o interesse geral (no caso da educação, trata-se de melhorar a qualidade do ensino).
A arte de bem governar não é, em abstracto, o cerrar de fileiras em torno de uma medida inicial, indiferente aos seus impactes ou consequências não esperadas. Se o modelo de avaliação degenerou num monstro burocrático, então é de bom-tom parar para meditar no que correu mal. Não é politicamente honesto assacar a culpa às escolas, se a generalidade dos seus professores não consegue aplicar o modelo senão de forma burocrática e pesada. Quando assim é, algo correu mal na origem, ou seja, no desenho do modelo de avaliação que o ME pretende aplicar uniformemente a todas as escolas do país. É pois um caso em que a origem do problema está no emissor, e não receptor.
Portanto, parar seria um acto de bom senso. Ceder, quando a outra parte está total ou parcialmente investida de razão, não é acto de fraqueza, mas tão-só de amadurecimento. Para mim, a arte de bem governar em democracia é indissociável disso. Mas quando os principais agentes do governo (primeiro-ministro e ministra da Educação) confundem cegueira e teimosia com firmeza de carácter, quando temem vir a ser apelidados de fracos pela medíocre legião de comentadores que colonizou o espaço de opinião, nas rádios, jornais e televisões, então é de esperar o pior: a espiral de depreciação da escola pública. E com isso é o país que perde.
A arte de bem governar é a arte de ajuizar correctamente os interesses das partes em causa ou em conflito numa dada situação, cujo significado último é político, e de tomar decisões em função dessa ponderação. Sem nunca perder de vista o interesse geral (no caso da educação, trata-se de melhorar a qualidade do ensino).
A arte de bem governar não é, em abstracto, o cerrar de fileiras em torno de uma medida inicial, indiferente aos seus impactes ou consequências não esperadas. Se o modelo de avaliação degenerou num monstro burocrático, então é de bom-tom parar para meditar no que correu mal. Não é politicamente honesto assacar a culpa às escolas, se a generalidade dos seus professores não consegue aplicar o modelo senão de forma burocrática e pesada. Quando assim é, algo correu mal na origem, ou seja, no desenho do modelo de avaliação que o ME pretende aplicar uniformemente a todas as escolas do país. É pois um caso em que a origem do problema está no emissor, e não receptor.
Portanto, parar seria um acto de bom senso. Ceder, quando a outra parte está total ou parcialmente investida de razão, não é acto de fraqueza, mas tão-só de amadurecimento. Para mim, a arte de bem governar em democracia é indissociável disso. Mas quando os principais agentes do governo (primeiro-ministro e ministra da Educação) confundem cegueira e teimosia com firmeza de carácter, quando temem vir a ser apelidados de fracos pela medíocre legião de comentadores que colonizou o espaço de opinião, nas rádios, jornais e televisões, então é de esperar o pior: a espiral de depreciação da escola pública. E com isso é o país que perde.