Banqueiros, executivos...
Na sua coluna do Público de 02-03-09, Rui Tavares também aborda a questão dos executivos.
Já aqui no Office me tinha entregado a reflexões sobre o absurdo de uma sociedade que parece encontrar o seu arquétipo supremo na profissão do executivo, sinal do vazio ou da cultura da irrelevância que tolhe a nossa vida.
Transcrevo as (sábias) palavras do Rui:
Segue um exemplo simples, com consequências complicadas. Disseram-nos que os altos salários e os incentivos nos executivos da banca serviam para recompensar o “talento. Concentremo-nos na última parte. Que talento é este, para além do feito do trazer o sistema financeiro para a beira do colapso? Se falarmos com alguns dos seus justificadores, dir-nos-ão que os executivos não têm culpa individual do que se passou, mas que a pressão dos accionistas e a acção conjunta dos seus pares não lhes permitiria agir de outra forma. Trata-se, portanto, do talento de fazer tudo como os outros faziam.
Este “talento” dos banqueiros não tem portanto nada a ver como o real talento de um pianista ou de um neurocirurgião, embora fossem mais bem pago. Ao contrário destes, o trabalho do banqueiro é – para dizer francamente – banal. Que talento é necessário para estar sentado numa pilha de dinheiro e, por exemplo, absolver uma dívida de 62 milhões de euros a Manuel Fino?
Mas a coisa vai mais fundo: que interesse temos nós, enquanto sociedade, para compensar tão generosamente este talento?
Etiquetas: Do absurdo deste nosso Ocidente