O Complexo de Baader-Meinhof
Ainda fui a tempo de ver O Complexo de Baader-Meinhof, do cineasta germânico Uli Edel
Confesso que esperava um filme mais centrado nas figuras que deram nome ao movimento de guerrilha urbana que aterrorizou a então República Federal Alemã, nos idos anos setenta. Esperava, em particular, que a enigmática Ulrike Meinhof ocupasse o centro da narrativa. Que mais tempo fosse destinado ao processo que a levou a passar do jornalismo para a luta armada.
O realizador preferiu uma abordagem mais genérica, centrada no modus operandi e na evolução do grupo, do que a aventurar-se pelos caminhos do psiquismo. Assim, as personagens estão apenas esboçadas, caso de Andreas Baader, ou não escapam a alguma inconsistência, como me parece evidente em Ulrike. A excepção é talvez Gudrun Ensslin, companheira de Andreas Baader e figura cimeira do movimento (de um movimento em que as mulheres estavam em maioria), cuja personagem tem espessura.
O filme é honesto, pois não hesita em mostrar-nos o contexto que fez esses jovens estudantes e a jornalista Ulrike Meinhof desembocarem na violência, enquanto saída para aquilo que viam como o impasse político da sociedade alemã do seu tempo. Depois, a violência policial que o realizador não nos escamoteia, nomeadamente, o assassínio de um estudante, quando das manifestações de repúdio pela visita do Xá Reza Pahlevi, o despótico monarca iraniano. Enfim, havia um sentimento de profunda injustiça. Por causa da guerra do Vietname, das cumplicidades dos governos das democracias ocidentais com regimes inimigos da liberdade. E acima de tudo, a cultura do esquecimento em relação ao passado recente da Alemanha, o nazismo e a Segunda Grande Guerra.
O peso insuportável da injustiça e a marca do idealismo fizeram muitos jovens passar para o outro lado. O lado da violência sem retorno.
O Complexo de Baader-Meinhof termina com o auto-sacrifício dos líderes, então já presos, enquanto lá fora a segunda geração, mais brutal mas ideologicamente menos consistente, se entregava a uma espiral de assassinatos.
Questão que ecoa neste filme é a de como combater o capitalismo, um sistema iníquo que desumaniza o homem ao transformá-lo em peça de uma engrenagem que visa somente o lucro (nisso os membros do Baader-Meinhof tinham razão), sem cair noutras formas de opressão (e muitas vezes piores) ou na violência pela violência.
Confesso que esperava um filme mais centrado nas figuras que deram nome ao movimento de guerrilha urbana que aterrorizou a então República Federal Alemã, nos idos anos setenta. Esperava, em particular, que a enigmática Ulrike Meinhof ocupasse o centro da narrativa. Que mais tempo fosse destinado ao processo que a levou a passar do jornalismo para a luta armada.
O realizador preferiu uma abordagem mais genérica, centrada no modus operandi e na evolução do grupo, do que a aventurar-se pelos caminhos do psiquismo. Assim, as personagens estão apenas esboçadas, caso de Andreas Baader, ou não escapam a alguma inconsistência, como me parece evidente em Ulrike. A excepção é talvez Gudrun Ensslin, companheira de Andreas Baader e figura cimeira do movimento (de um movimento em que as mulheres estavam em maioria), cuja personagem tem espessura.
O filme é honesto, pois não hesita em mostrar-nos o contexto que fez esses jovens estudantes e a jornalista Ulrike Meinhof desembocarem na violência, enquanto saída para aquilo que viam como o impasse político da sociedade alemã do seu tempo. Depois, a violência policial que o realizador não nos escamoteia, nomeadamente, o assassínio de um estudante, quando das manifestações de repúdio pela visita do Xá Reza Pahlevi, o despótico monarca iraniano. Enfim, havia um sentimento de profunda injustiça. Por causa da guerra do Vietname, das cumplicidades dos governos das democracias ocidentais com regimes inimigos da liberdade. E acima de tudo, a cultura do esquecimento em relação ao passado recente da Alemanha, o nazismo e a Segunda Grande Guerra.
O peso insuportável da injustiça e a marca do idealismo fizeram muitos jovens passar para o outro lado. O lado da violência sem retorno.
O Complexo de Baader-Meinhof termina com o auto-sacrifício dos líderes, então já presos, enquanto lá fora a segunda geração, mais brutal mas ideologicamente menos consistente, se entregava a uma espiral de assassinatos.
Questão que ecoa neste filme é a de como combater o capitalismo, um sistema iníquo que desumaniza o homem ao transformá-lo em peça de uma engrenagem que visa somente o lucro (nisso os membros do Baader-Meinhof tinham razão), sem cair noutras formas de opressão (e muitas vezes piores) ou na violência pela violência.