quinta-feira, junho 24, 2010

Leituras sobre Carris



The Fountainhead - Ayn Rand

"Howard Roark laughed."
Depois é impossível parar.

quarta-feira, junho 23, 2010

Saramago por Mariano Rajoy

Em mais um indício de quão querido era o Saramago para nuestros hermanos. Talvez mais querido lá do que cá, se atendermos ao proverbial coro de inveja que é apanágio nosso, quando em presença de um compatriota bem sucedido:

Con José Saramago desaparece un novelista enérgico, comprometido con la fuerza de la palabra. Sus libros son testimonio de ello. Intensos, arrebatados, desvelan la precisión visionaria de quien escribía desde dentro, invocando una pasión íntima que surgía de la imaginación, pero que no renunciaba a tener los pies en la tierra, palpando sus contradicciones y sus injusticias. Sé que no compartíamos el mismo horizonte político. Él creía en unos ideales que no son los míos, pero eso no impide que aprecie en su obra la convicción compartida de que la dignidad del hombre, más allá de las diferencias, siempre cuenta. Sus personajes mostraban esta forma de pensar. En ellos latía un aliento pesimista que dejaba abierta una puerta a la esperanza, a la espera de que el lector sacara sus propias conclusiones acerca de su conducta: de lo que hacía con su vida y de cómo lo hacía. El año de la muerte de Ricardo Reis, Memorial del convento o Ensayo sobre la ceguera son ejemplos de este proceder literario. Saramago fue uno de los grandes escritores del siglo XX y un gran amigo de España. El reconocimiento internacional que mereció su obra fue, también, un homenaje esperado al portugués: una lengua portentosa, bella y fértil desde sus orígenes; una lengua próxima, íntima, hermana, como el pueblo que la habla y que siente a través de ella.

Mariano Rajoy

In El País

sexta-feira, junho 18, 2010

José Saramago (1922-2010)

















Morreu José Saramago. Mas a sua obra permanece entre nós.
Deixo este (excelente) artigo do New York Times, onde se evoca homem e o escritor:
Mr. Saramago’s hard-scrabble origins did not seem to predestine him for a life of letters. Born in 1922 in the village of Azinhaga, 60 miles northeast of Lisbon, Mr. Saramago was largely raised by his maternal grandparents, while his parents sought work in the big city.

In his Nobel acceptance speech, Mr. Saramago spoke admiringly of these grandparents, illiterate peasants who, in the winter, slept in the same bed as their piglets, yet who imparted to him a taste for fantasy and folklore, combined with a respect for nature.

quarta-feira, junho 16, 2010

Coreia do Norte, Afinidades e Navegadores

Há afinidades electivas que persistem indiferentes à dialéctica do Real. É isso que explica esta coisa da Coreia do Norte, país de "orientação socialista", segundo rezam as costumeiras teses. E como o humor dessacraliza o político, as reacções não se fizeram esperar.
À margem da política, temo pelo naufrágio da armada lusa diante da fortaleza pacientemente erguida pelos filhos do "Querido Líder", tendo nós por timoneiro tão fraca figura. E tão pouco querida. E, como dizia o poeta, "um fraco rei faz fraca a forte gente".

segunda-feira, junho 07, 2010

O Logro do Crescimento

Pelo historiador Eric Hobsbawn:

No entanto, uma política progressista requer algo mais que uma ruptura um pouco maior com os pressupostos econômicos e morais dos últimos 30 anos. Requer um regresso à convicção de que o crescimento econômico e a abundância que comporta são um meio, não um fim. Os fins são os efeitos que têm sobre as vidas, as possibilidades vitais e as expectativas das pessoas.

A prova de uma política progressista não é privada, mas sim pública. Não importa só o aumento do lucro e do consumo dos particulares, mas sim a ampliação das oportunidades e, como diz Amartya Sen, das capacidades de todos por meio da ação coletiva. Mas isso significa – ou deveria significar – iniciativa pública não baseada na busca de lucro, sequer para redistribuir a acumulação privada. Decisões públicas dirigidas a conseguir melhorias sociais coletivas com as quais todos sairiam ganhando. Esta é a base de uma política progressista, não a maximização do crescimento econômico e da riqueza pessoal.

O artigo completo aqui

sexta-feira, junho 04, 2010

Líbano


Fui ver o Líbano, filme de cariz autobiográfico acerca da experiência de guerra do cineasta israelita Samuel Maoz.
Maoz viveu a guerra do Líbano do início dos anos oitenta, enquanto parte da tripulação de um tanque. É pelo prisma dos tripulantes deste tanque que somos transportados para o teatro de guerra do Líbano. E o dispositivo é tremendamente eficaz! É raro a experiência de guerra oferecida pelo cinema estar assim tão próxima de nós. Tão próxima que se torna verdadeiramente aterradora. Como na realidade é a guerra. Uma guerra que nada tem de asséptico, ao contrário de outros filmes ou da propaganda militar feita de imagens a remeter para meros jogos de computador. Aqui tudo é bem real: da devastação dos raides aéreos às operações de limpeza dos militares, com a morte de inocentes sempre presente.
Líbano é filmado na obscuridade asfixiante de um tanque. Em tons baços. Há o suor, a fadiga e o medo estampado no rosto dos tripulantes jovens, a viver uma experiência que lhes deixará cicatrizes para o resto da vida.

Líbano é eficaz mesmo quando não mostra: vemos os dois cristãos falangistas a desaparecerem do campo de visão do tanque. Depois escutamos uma música. Uma música seguida do crepitar de rajadas de metralhadoras. E somos remetidos para Sabra e Shatila.

Líbano termina com a beleza e a quietude de uma paisagem de girassóis, e o tanque imóvel no seu seio. Talvez o que poderia ter sido. Um mundo sem a experiência da guerra.

quarta-feira, junho 02, 2010

Os Israelitas. Ou Nefretite não tinha papeira.

Parafraseando o Zeca afonso em Nefretite Não Tinha Papeira, “Os Sheikes israelitas, já que estou com a mão na massa, lembram-me os Sheikes das fitas que dão porrada a quem passa”. Foi assim com uma flotilha cheia de activistas ou terroristas (escolham o que vos aprouver) em prol da causa palestiniana. Uma flotilha carregada de alimentos e medicamentos, mas parca em armas, a não ser talvez em facas de cozinha e toda uma série de artefactos atributo de qualquer embarcação de tamanho respeitável.
Os “Sheiks israelitas” não se fizeram rogados, e logo ceifaram a vida a pelos menos uma dezena de tripulantes ou passageiros da desventurada flotilha. E deitaram mão aos restantes.
Enquanto isso, na blogosfera lusa alguns entretêm-se a dar tiros, talvez imaginando-se na pele de um qualquer herói das lendárias IDF (as forças armadas de Israel). Mas isso nem chega a ser realidade virtual. E talvez nada se substitua à nossa realidade, ou seja, ao alistamento no exército de Israel. Aí poderiam então alvejar um terrorista de carne e osso. E de preferência engalanado com turbante. Seria o mundo perfeito.