segunda-feira, julho 31, 2006

Coisas muito portuguesas

Sobre Belgais, a blogosfera espelhou o mui português sentimento de inveja por todo aquele que logra reconhecimento e notoriedade além fronteiras.
O mesmo lastro, agora travestido nos argumentos costumeiros da “nova ideologia”, “do dinheiro dos contribuintes” ao “Estado que deve abster-se de impor gostos ou estéticas ao comum dos cidadãos."

sexta-feira, julho 28, 2006

Até já!



Se me apanho lá, nem acredito...

Marvão, amigo, companheiro, pá!: atenção ao grau de socialismo nas tuas postas durante este período não sujeito a contraditório. Nada de bebedeiras ideológicas!

Coisas que me escapam

Interrogo-me da necessidade de o site da Presidência da República Portuguesa incluir uma página dedicada à Sra. Dra. Maria Cavaco Silva e às suas meritórias actividades enquanto cidadã, tal como assitir a uma aula de dança clássica no Ginásio Clube Português.

Mas isto sou eu, que de ballet nada percebo.

quinta-feira, julho 27, 2006

Moralidade

Afinal, o rapto não é só atributo do Hezbollah, nunca é demais lembrar, nestes tempos marcados pela amnésia histórica.
Morality is not on our side, por Ze'ev Maoz, no jornal HAARETZ

This war is not a just war. Israel is using excessive force without distinguishing between civilian population and enemy, whose sole purpose is extortion. That is not to say that morality and justice are on Hezbollah's side. Most certainly not. But the fact that Hezbollah "started it" when it kidnapped soldiers from across an international border does not even begin to tilt the scales of justice toward our side.

Let's start with a few facts. We invaded a sovereign state, and occupied its capital in 1982. In the process of this occupation, we dropped several tons of bombs from the air, ground and sea, while wounding and killing thousands of civilians. Approximately 14,000 civilians were killed between June and September of 1982, according to a conservative estimate. The majority of these civilians had nothing to do with the PLO, which provided the official pretext for the war.

Videoclip Lounging

quarta-feira, julho 26, 2006

Paraísos artificias

Quando a ecologia é vertida para o discurso publicitário, a natureza deixa de existir, a não ser como produto que nos é oferecido, a nós consumidores deste eterno presente, pela Empresa.

Líbano, o olhar de Adonis

Com as suas 17 comunidades religiosas, nenhuma das quais maioritária, o Líbano que é bombardeado sob os nossos olhos é talvez o único país do Médio Oriente onde um projecto de sociedade laica se pode impor. Os outros Estados árabes nunca deixarão de ser teocracias, mesmo que se curvem por vezes superficialmente a algumas normas democráticas. Simplesmente porque as suas raízes são uniculturais- ou seja, muçulmanas. Do mesmo modo, a democracia israelita não pode fundar-se no pluralismo cultural e religioso. Isso seria uma perfeita contradição com o seu princípio fundador, que é o de ser um Estado-nação para todos os judeus do mundo – e somente para eles. O estabelecimento de uma democracia libanesa seria uma transgressão radical nesta parte do mundo, porque esta democracia seria – pela sua natureza - mais aberta, mais rica, mais universal e mais atraente do que qualquer outra sociedade da região. É esta esperança que se está em vias de destruir.

Adonis.
Escritor sírio, viveu em Beirute até 1980, quando se refugiou em França.

In PÚBLICO, 26/07/2006

Sinais de todos os tempos?

ExampleaExample

Irish archaeologists Tuesday heralded the discovery of an ancient book of psalms by a construction worker who spotted something while working in a bog.

The approximately 20-page book has been dated to 800-1000 A.D. Trinity College manuscripts expert Bernard Meehan said it was the first discovery of an Irish early medieval document in two centuries.(...)

The book was found opened to a page describing, in Latin script, Psalm 83, in which God hears complaints of other nations' attempts to wipe out the name of Israel.

[Washington Post] (meu destaque)

Videoclip Lounging

terça-feira, julho 25, 2006

Líbano, as condições da paz

Georges Corm, ministro das finanças do Líbano entre 1998 e 2000, lembra a invasão israelita de 1982 e o então propósito do Estado hebraico de erradicar o “terrrorismo palestiniano”. Consequências de tão desastrosa intervenção foram os massacres de Sabra e Shatila, bem como o nascimento do Hezbollah, que poderíamos, sem exagero, considerar filho da política de Israel no Líbano.
Recorda também o modelo democrático consensual, adoptado no Líbano para dar voz política às múltiplas comunidades que dele fazem parte e preservar o país da guerra civil. Num tal contexto, os processos de decisão são morosos e não obedecem à regra da maioria simples. É preciso ter em conta esta realidade quando se fala de desarmamento do Hezbollah, cujo processo de negociação estava ainda a dar os primeiros passos e foi abruptamente interrompido pela intervenção militar de Israel.
No Líbano, é redutor falar em Estado na acepção weberiana, ou seja com o monopólio dos meios de violência no interior de um dado território. Exército dotado dessa capacidade não existe e, muito provavelmente, a sua existência seria perigosa para a paz no multiétnico país do cedro, pois depressa se transformaria em instrumento de opressão ao serviço de uma comunidade contra todas as outras. A sua fraqueza é a condição da existência de uma paz duradoura.

"Les décideurs internationaux ont la mémoire courte. Face à l'immensité de l'agression israélienne sur le Liban, ils pensent pouvoir l'exploiter pour mettre en oeuvre par la force la fameuse résolution 1559 qui a rendu le Liban à son statut d'Etat-tampon où se règlent en toute impunité les tensions et conflits régionaux.
En proposant la constitution d'une force multinationale à déployer au sud du Liban, la "communauté internationale" risque fort de rééditer les mêmes erreurs que celles qui ont présidé à la constitution de la Force multinationale d'interposition (FM), créée à l'initiative de François Mitterrand lors de l'invasion israélienne de l'été 1982. Cette force avait pour mission d'assurer l'évacuation des combattants palestiniens hors du Liban, qualifiés alors de "terroristes", et de protéger la population civile libanaise et palestinienne martyrisée par l'invasion brutale de la moitié du Liban, et le siège militaire de la partie de Beyrouth abritant le quartier général de l'OLP et les bureaux de Yasser Arafat.
Comme aujourd'hui, où la totalité du Liban est prise en otage par l'armée israélienne, la moitié du pays le fut alors, au cours de l'été 1982, par cette même armée ; elle fut aussi, comme en cet été 2006, bombardée nuit et jour durant deux mois et demi par terre, par mer et par air, sans distinction entre objectifs militaires et civils ; l'eau et l'approvisionnement furent coupés aux habitants de Beyrouth encerclée. Yasser Arafat était l'objet de poursuites aériennes, tout comme l'est aujourd'hui le chef du Hezbollah.

Visto

Example

Johnny Depp em grande actuação na sua personagem de "anti-pirata-mauzão", num filme onde o destaque vai para os fantásticos tripulantes do Holandês Voador e para os perturbados companheiros do capitão Jack Sparrow no Pérola Negra.
Sem dúvida, um bom entretenimento para uma noite de Verão.

segunda-feira, julho 24, 2006

Videoclip Lounging

Sic Transit Gloria Mundi

A propósito deste post do André, leia-se este texto de John Pilger sobre a América do Sul dos dias que correm (meus destaques):

Bolivia was second only to Chile as a laboratory of "neoliberalism", the jargon for capitalism in its pure, Hobbesian form. The Harvard economist Jeffrey Sachs designed the "shock therapy" that the IMF and World Bank administered in Bolivia, adding another dimension of poverty and suffering.(...)

(...)(Sachs sees himself as a liberal and is mentor to the gormless Bono, of Live Aid et cetera fame.)(...)

Out of the new spirit abroad in Latin America, perhaps the Bolivians and Venezuelans have brought true revolutionary change closest. The contrast is with the "left-wing" Luiz Inácio Lula da Silva in Brazil, who agreed to IMF terms even before he took office and who has distributed less land than his right-wing predecessor.

The likeable Evo is on notice above all with his own people, but also with the Americans, the "government behind the government".

Quão volátil é a glória dos heróis populistas...

Agradeço ao amigo que me enviou o link da Resistir, onde se pode ler a tradução portuguesa.

Agastamentos pré-vacacionais

"Manda quem pode, obedece quem deve."

Às vezes, não apetece mesmo nada.

sexta-feira, julho 21, 2006

Cannabis "Made in Odemira"

A GNR anunciou hoje ter apreendido, nos últimos 15 dias, em duas freguesias do concelho de Odemira (Beja) um total de 121 plantas de cannabis, o equivalente a 300 mil doses individuais.
As três apreensões foram realizadas na freguesia de Sabóia e na de São Teotónio(...)

As plantações, que se encontravam "dissimuladas no meio da vegetação ou entre paredes de casas em ruínas e sem telhado", pertenciam a três cidadãos estrangeiros, de 27, 38 e 45 anos, residentes em montes isolados.

'Tá mal.
Com operações policiais destas, a única coisa que se consegue é afastar os investimentos estrangeiros na agricultura (aposto que não pediram subsídios). Com mais esta intervenção no mercado, o estado só vai prejudicar os consumidores que terão de recorrer à importação de produto a preços mais elevados, para mais quando se aproxima o Festival do Sudoeste que fará disparar a procura durante a 1ª semana de Agosto.

Deixem o mercado funcionar, pá!

Médio Oriente, algumas impressões sobre a crise em curso

Os EUA parecem ter desistido da batalha pelas mentes e os corações das gentes do mundo árabe. Só assim se entende que nem sombra de crítica ou de condenação se vislumbre, nas declarações de responsáveis americanos, sobre a violência dos bombardeamentos que hoje assolam o Líbano. Sobre o cortejo de mortes civis. Sobre a punição colectiva que o Estado de Israel se arroga o direito de levar a cabo no país do cedro, que lentamente recuperava de uma longa guerra fratricida.
Israel, escudado no amigo americano, tem pois carta branca para fazer a guerra; para destruir infra-estruturas vitais para a vida civil e económica libanesa, enfim, para fazer este país árabe recuar cinquenta anos no tempo, como bem disse o primeiro-ministro Fuad Siniora.
As incursões em solo hebraico, primeiro de guerrilheiros palestinianos e, depois, da milícia do Hezbollah, evidenciaram fragilidades no exército israelita, que na região projecta a imagem de uma fortaleza inexpugnável.
Talvez por causa da necessidade de preservar o mito, o mito da invencibilidade alicerçado em guerras passadas, a resposta de Israel tenha sido tão desmedida, se tivermos em conta que no passado o recurso à troca de prisioneiros era prática regular. Isso mesmo era objectivo dos grupos que levaram a cabo estas acções. É preciso lembrar que, nas prisões de Israel, estão há vários anos muitos palestinianos e libaneses sem culpa formada, visto não terem sido alvo de qualquer acusação por parte de sistema judicial, facto que constitui sem dúvida uma séria entorse ao Estado de Direito.
Estamos no tempo breve do acontecimento, não sabemos como mais esta crise no Médio Oriente vai acabar. Mas no cerne de tudo isto permanece a questão palestiniana, que, enquanto não se derem passos sérios na sua resolução, continuará a ser a fonte onde vão beber os partidários do Islão militante.

quinta-feira, julho 20, 2006

Um ano de existência 19 meses depois

O 19 Meses Depois fez um ano, parabéns à aL, a criadora do blog que flirta o tempo.
Ah! Não me podia esquecer do "emocionalmente irresponsável"...

Videoclip Lounging

Natalia


Isto andava muito pouco colorido.

quarta-feira, julho 19, 2006

Sem comentários

Pode-se dizer Albérico Afonso, antigo candidato à Câmara Municipal de Setúbal pelo Bloco de Esquerda, é um digno representante em Setúbal dos ensinamentos discursivos que recebeu do Prof. Rosas (seu orientador de doutoramento e deputado do BE por Setúbal). Eis o que ele diz sobre o "debate político promovido pela ministra, coadjuvada pela imprensa conservadora" (SR):

Um dos aspectos mais curiosos deste debate tem sido o eco e a leitura feita pelos editorialistas/directores do Expresso e do Público que ao mesmo tempo que deificam as declarações da ministra vão refazendo o seu combate à escola pública como espaço de esbanjamento do Estado Social, dando novos conselhos e apontando o alvo para dois novos objectivos: a gestão democrática das escolas: - "A escola para ser eficaz é um sistema não democrático" e o fim da escola pública através do "cheque educação", que permitiria a "igualdade entre ricos e pobres". Esta nova teoria que preconizam é certamente fruto de um percurso político singular que permitiu, àqueles jornalistas fazer directamente um upgrade do pedigree ideológico do estalinismo para o neo-liberalismo, sem ponta de pudor.(...)

Mas se o 25 de Abril foi o "ensaio geral para construir um futuro melhor", a vivência de uma sociedade democrática não pode prescindir do aperfeiçoamento da escola pública, numa perspectiva político-pedagógica que respeite a diversidade cultural e social das crianças e dos jovens, como um dos contributos fundamentais para ensaiar "novas formas sociais de futuro".

terça-feira, julho 18, 2006

Obrigado

A Fundação Calouste Gulbenkian completa hoje 50 anos.
Re-posta de um texto que escrevi o ano passado sobre a minha "memória de biblioteca":

Em Odemira, no ínicio dos anos 80, a biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian era visita diária para mim e para mais alguns miúdos que não tinham muito mais onde ocupar o tempo que sobrava da escola. O ínicio da adolescência pedia a leitura de aventuras fantásticas, de bandas desenhadas que não da Disney, de autores e mundos ainda não visitados. O Sr. Gilberto era o guardião de duas pequenas salas com estantes a toda a volta, do chão ao tecto, repletas de livros devidamente identificados com tiras de côr diferentes. No seu interior um cartão listava os leitores e as datas em que tinham sido entregues ao seu cuidado. O velho Sr.Gilberto tinha sempre uma inesperada rispidez para os jovens frequentadores das duas salas e era imperdoável com os retardatários nas devoluções. Ao mesmo tempo, quando chegava nova remessa de livros era com um ar de quem oferecia um doce às escondidas, que nos indicava a sala do fundo. "Chegou uma nova remessa. Vai lá ver se encontras alguma coisa". Encontrei como encontrava sempre. Encontrei o Sandokan do Salgari, encontrei a BD do Alix, do Blake & Mortimer... Encontrei a Agatha Christie e Conan Doyle. Encontrei muitos que agora não lembro. Mais tarde encontrei um outro livro. Tinha doze ou treze anos, quando decidi levar para casa um livro de que tinha ouvido falar na televisão. O "1984" é coisa para marcar um adolescente. Nunca agradeci à Gulbenkian e ao Sr. Gilberto o ter viajado e aprendido tanto.

Não seja uma besta

Não abandone o seus animais quando for de férias, noutra altura qualquer ou por uma qualquer razão de comodidade. Tivesse pensado na responsabilidade que é receber na família um ser vivo que de si é totalmente dependente, antes de ter achado que era "giro" ou que "os miúdos iam curtir" ter um cãozinho ou gatinho lá por casa.

Não se comporte como as bestas que deixam à fome, à sede, sem abrigo, os mesmos bichos que tempos antes foram fonte de brincadeira e alegria familiar. É que o Rodrigo tem toda a razão:
Os animais, por não terem memória, não esquecem (esse é um privilégio dos homens); apenas sentem. E transportam a dor até à morte.

Mickey Spillane (1918 - 2006)

Example

Spillane, a bearish man who wrote on an old manual Smith Corona, always claimed he didn't care about reviews. He considered himself a "writer" as opposed to an "author," defining a writer as someone whose books sell.

"This is an income-generating job," he told The Associated Press during a 2001 interview. "Fame was never anything to me unless it afforded me a good livelihood."
[Fonte]

O detective Mike Hammer, interpretado na TV por Stacy Keach, faz parte das minhas (boas) memórias da adolescência.

Os liberais comem criancinhas ao pequeno almoço

O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louça, quer que o Partido da Esquerda Europeia apresente uma proposta alternativa à Constituição Europeia que tenha por base princípios claros de oposição ao liberalismo.(...)

Louçã adiantou que esse Tratado deve prever "os deveres e direitos, como se respeita a entidade de cada um dos países, mas ao mesmo tempo como é que se constrói em conjunto os serviços públicos europeus, a capacidade de contribuir para o pleno emprego, a segurança social articulada no conjunto da Europa, investigação científica em comum."
"Nós precisamos desta Europa e ela tem que se levantar contra a mesquinhez daqueles que a têm reduzido a um cálculo liberal, ou seja, a promoção do desemprego e até a promoção da guerra"(...)

[JN]

Os liberais têm muito que responder sobre o rumo que a Europa seguiu no pós-guerra. Em 60 anos, só pequenos oásis de socialismo, temporal e geograficamente reduzidos, marcaram épocas de prosperidade e crescimento do emprego e da riqueza. Pequenas ilhas de evolução civilizacional, infelizmente não copiadas e tornadas definitivas por todo o Velho Continente.
Levantemo-nos, pois, contra a mesquinhez.
Está na hora.

Já colocado no Insurgente.

segunda-feira, julho 17, 2006

Slogan do liberalismo contemporâneo

O Consumidor é quem mais ordena!
E que me perdoe o Zeca!

Videoclip Lounging

Do que eles se lembram

RSO:

A criação de um supermercado Modelo na Volta da Pedra, em Palmela, vai levar o Grupo Sonae a executar o projecto da Via Alternativa à EN 379, sem exigir quaisquer contrapartidas à edilidade. Uma medida aplaudida pela edil Ana Teresa Vicente, para quem este projecto, para além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida, visa contribuir para minorar o caos do trânsito.(...)

O projecto da Sonae, que envolve a construção de um supermercado Modelo na Volta da Pedra, prevê a criação de mais de 200 postos de trabalho directos.

São infidáveis as maningâncias dos endiabrados capitalistas na sua busca interminável pelo lucro.
Que é de uma lei do condicionamento industrial quando tanto se precisa dela?
Onde param as sempre vigilantes associações comerciais e demais organizações locais de preservação do passado?

Parabéns

Atrasados mas muito devidos: ao Bruno Alves e aos três anos do Deseperada Esperança.

sexta-feira, julho 14, 2006

Atenção aos sinais dos tempos

A chicken in a Kazakh village has laid an egg with the word "Allah" inscribed on its shell, state media reported on Thursday.
"Our mosque confirmed that it says 'Allah' in Arabic," Bites Amantayeva, a farmer from the village of Stepnoi in eastern Kazakhstan, told state news agency Kazinform.
"We'll keep this egg and we don't think it'll go bad."

A resposta de Israel

Example
No Médio Oriente, a agenda política está refém dos extremistas, pouco espaço sobra para as vozes moderadas. O tempo é do irredentismo, cada esboço de acordo (vide o caso dos documento dos presos, que contou com assinatura do Hamas e que deixava entrever o reconhecimento do Estado de Israel) é torpedeado por acções militares ou por atentados terroristas cirúrgicos, numa espiral de violência sem fim à vista.
Primeiro Gaza, agora o Líbano, país ainda a recompor-se dos traumas da guerra civil e que iniciava um lento de processo de normalização política, com as eleições e a retirada dos militares sírios.
Para os que exultam com a resposta de Israel às incursões militares, primeiro de guerrilheiros palestinianos e, em seguida, da milícia do Hezbollah, e que redundaram na morte e rapto de soldados israelitas, seria importante reflectir sobre o benefício que o Estado judaico retira deste tipo de política, cujos efeitos mais imediatos são em primeiro lugar sentidos pelas populações civis, com a destruição de infra-estruturas e o desmembrar ou enfraquecimento das instituições políticas (como se viu nos territórios sob administração da Autoridade Nacional Palestiniana). Desde logo, a questão de saber se essa política trouxe a segurança ao Estado de Israel. A resposta só pode ser negativa, as incursões militares em território israelita e os ataques com rockets tendem a banalizar-se e são cada vez mais letais.
Poderíamos dizer que a política do “choque e pavor”, teorizada pelos políticos neoconservadores americanos, mas posta em prática avant la lettre por Israel, teve resultados pífios.
Retiram ganhos os islamistas, que querem ver perpetuado o estado de guerra até à destruição de Israel. Assim, o Hamas, cujo governo se debatia com sérias dificuldades políticas, ganha novo fôlego, unindo em seu torno os palestinianos face à violência da operação militar israelita em Gaza. E, no Líbano, o Hezbollah certamente aproveitará a ofensiva do Tsahal para adiar sine die o desarmamento da sua milícia, assunto que estava na ordem dia na sociedade libanesa. Hassan Nasrallah continuará a ser visto, no mundo árabe, como o paladino da causa palestiniana.
A quem aproveita a destruição do aeroporto internacional de Beirute, símbolo da reconstrução nacional do Líbano do pós-guerra? Ao contribuir para a instabilidade política no Líbano não estará Israel a comprar mais insegurança? Ao contribuir para o isolamento político das vozes que, na Palestina e no Líbano, desejam um futuro de paz e estabilidade, não estará Israel a perpetuar o estado de violência?

Felipe "Bafana" Scolari


Fifa has thrown its weight behind Safa’s search for a suitable Bafana Bafana coach.

According to sources in Safa’s technical committee , Fifa has strongly recommended that they reconsider Brazilian Luiz Felipe Scolari.
[Sowetan]

A credibilidade da fonte fica ao vosso juízo...

quinta-feira, julho 13, 2006

Zidane, il a frappé



Uma versão muito divertida para uma canção de apoio a Zidane. Nesta versão fala-se sobre o que se passou na final.

Videoclip Lounging

Sonho Americano

Example

This Land Is Your Land

This land is your land This land is my land
From California to the New York island;
From the red wood forest to the Gulf Stream waters
This land was made for you and Me.

As I was walking that ribbon of highway,
I saw above me that endless skyway:
I saw below me that golden valley:
This land was made for you and me.

I've roamed and rambled and I followed my footsteps
To the sparkling sands of her diamond deserts;
And all around me a voice was sounding:
This land was made for you and me.

When the sun came shining, and I was strolling,
And the wheat fields waving and the dust clouds rolling,
As the fog was lifting a voice was chanting:
This land was made for you and me.

As I went walking I saw a sign there
And on the sign it said "No Trespassing."
But on the other side it didn't say nothing,
That side was made for you and me.

In the shadow of the steeple I saw my people,
By the relief office I seen my people;
As they stood there hungry, I stood there asking
Is this land made for you and me?

Nobody living can ever stop me,
As I go walking that freedom highway;
Nobody living can ever make me turn back
This land was made for you and me.

Woody Guthrie (1956).

quarta-feira, julho 12, 2006

Syd Barrett

Example
1946-2006.
Dele se pode dizer que pelo psicadelismo viveu, pelo psicadelismo morreu.
Na verdade, este visionário da música pop (classificação estreita e que está longe de encerrar toda a criatividade e heterodoxia de Barrett) já estava morto há muito tempo.

Emily tries but misunderstands, ah ooh
She often inclined to borrow somebody's dreams till tomorrow
There is no other day
Let's try it another way
You'll lose your mind and play
Free games for may
See Emily play

(See Emily play).

Alone in the clouds all blue
Lying on an eiderdown.
Yippee! You can't see me
But I can you.
Lazing in the foggy dew
Sitting on a unicorn.
No fair, you can't hear me
But I can you.
(Flaming).

terça-feira, julho 11, 2006

Videoclip Lounging

Da avassaladora fúria legislativa virá a Salvação

Ou a Servidão.

Recomendo vivamente a leitura completa do texto "Interfering Holyrood is assembling a totalitarian jigsaw", publicado no Scotsman de domingo passado:

[THE Scottish Parliament] triumphs have included the tokenist abolition of feudalism, the ban on hunting and on fur farming (non-existent in Scotland - they might as well have banned bull-fighting), the oppressive and confiscatory land "reform" laws and the smoking ban. This last measure signalled the Scottish Executive's determination to intrude ever further into people's lifestyles. The depth of the Executive's fanaticism was demonstrated by its refusal to allow smoking even on stage.(...)

Where is the benefit in privatising industries if people are nationalised? The link between an obese drinker huddled over a cigarette outside a Glasgow pub and the high-minded writings of such defenders of liberty as Friedrich von Hayek, Frederic Bastiat and Erik von Kuehnelt-Leddihn might appear tenuous. In fact it is very close.

Não sei porquê, mas depois de ler o texto, fiquei com a sensação de algo de semelhante se estar a passar por cá.

Já colocado no Insurgente.

Visto

Example

Um elenco de luxo, com uma performance a condizer e uma muito justa nomeação para Theron.
Da realização, nada a enaltecer. Pelo contrário; não percebi a mais valia da antecipação, com alguns flashbacks, das cenas do tribunal, uma vez que tudo nos é explicado no decorrer normal da acção, na sequência temporal correcta.
Aparte este preciosismo, retenho a confirmação de Charlize Theron como uma excelente actriz, capaz de ombrear com a presença de Frances McDormand em mais um grande desempenho e mais uma nomeação para o Óscar.

segunda-feira, julho 10, 2006

O regresso do Theronismo

Example
Esta noite vou vê-la.
Amanhã conto como foi.

Modernas Censuras

Ontem à noite, no Jornal da SIC Notícias, o comentador desportivo Rui Santos interrogava-se sobre a imagem deixada por Portugal neste Mundial, fazendo timidamente alusão aos “factos” que tem sido glosados (maliciosamente) por alguma imprensa internacional. Refiro-me às já famosas quedas protagonizadas pelos jogadores portugueses, enfim, às faltas simuladas ou às perdas de tempo, para prejuízo do espectáculo. Evidentemente que o jornalista, ou melhor dizendo, o serviçal, não lho permitiu, pois havia que preservar a operação de propaganda montada em toda a linha pela estação de Carnaxide. Bastou o recurso à célebre fórmula de que “o nosso tempo está a chegar ao fim”, o uso do tom imperativo para calar o incauto analista destas coisas do futebol, que não percebeu que o “Desporto-Rei” tomado pela retórica nacionalista acaba em território proibido.
A informação que se dane pois, que o tempo era de ardor patriótico, do aplauso fácil em lugar da impertinência da livre crítica.

Está de volta!

A Lucy Pepper regressa à blogocoisa depois de fechar as portas do Vitriolica Webb’s Ite.
Ai está o Blogzira.
Pelos primeiros posts, dá para ver que está em grande forma. E para mais, teve a simpatia de voltar a incluir o Office no seu blogroll.

Direito de resposta - II

Na Dia D de hoje são publicadas duas cartas de leitores que comentam em sentido bastante crítico o texto "O que é seu, é nosso", a minha coluna de opinião de há duas semanas.
Uma das cartas já tinha sido colocada no blog do autor e disso já dei conta.
A outra é agora tornada pública pela revista e começa nos seguintes moldes (António Marques, Loures):

O artigo de opinião de Luís Silva na Dia D n.º 41, intitulado "O que é seu, é nosso", é de uma desonestidade intelectual repugnante.

O resto da parte publicada pode ser lido na revista.

Lamento apenas que só a ingerência na gestão dos estabelecimentos comerciais de propriedade privada tenha suscitado tal reacção. Lamento-o porque o segundo exemplo usado por mim no dito texto tem tanta ou mais relevância no contexto do desrespeito pelos direitos de posse promovido pelos legisladores: a criação de um "direito de compra" no âmbito da lei do arrendamento.

sexta-feira, julho 07, 2006

Videoclip Lounging

Há dias assim

Parece que se arrastam há semanas.
Mas não. Foi só um. Mais os outros anteriores. Iguais a este.
Nem há tempo para ter a alma vaga.
E eu começo a precisar de ter vagar para a alma.
Começa a contagem para as férias.
Estão quase aí.
Dias de alma vaga.

quinta-feira, julho 06, 2006

Direito de resposta

No "Maldito Tabaco", Rui Gouveia comenta o meu texto "O que é seu, é nosso" e que foi publicado na revista Dia D da passada semana.

quarta-feira, julho 05, 2006

Esclarecimento e apelo ao descontrolo

Como representante da administração do Office Lounging, gostaria de desautorizar o borrabotas que escreveu aquela merda ali abaixo e afirmar aos leitores deste espaço que o apelo à calma não surte (assim, sem mais nada - o verdadeiro cromo sabe que em futebolês o "efeito" não faz ali falta).
Vai à bardamerda com a calma! 'Tá aqui um gajo com as tripas às voltas, que nem se aguenta e este gajo pede calma, que é só mais um jogo. Vai t'a lixar!
Nunca mais escreves aqui, ó remelgado dum raio!

Tudo a gritar, que daqui a Munique é um pulo e com o vento a favor, ouve-se bem alto. Nada de paneleirices de que o coração não aguenta!
Toca a gritar!

Força, rapazes!

Calma, muita calma

A todos os portugueses que nas últimas semanas se tornaram verdadeiros "cromos da bola", daqueles bem díficeis de sair, um conselho: tenham calma.
É só um jogo de futebol.
A sério.
Não acreditam? É verdade! Garanto-vos que durante o ano há muitos cartões amarelos, o Petit despacha não sei quantas canelas e o Cristiano inventa fintas tais que as leis da física são desafiadas a cada fim de semana (e a meio também, que em Inglaterra não há meninos e os jogadores jogam muitas mais partidas que os cansados jogadores da Liga portuguesa).
Ah, e mais não sei quê, é Portugal, é diferente. Mas aqueles moços lá na Germânia não são exactamente o Portugal futebolístico que interessa conhecer e apoiar.
Portugal costuma jogar todos os fins de semana, durante o ano todo. À chuva e ao vento, ao sol e ao calor. Todos os domingos há milhares de 'tugas que vivem a festa que é um jogo de futebol ao vivo. Ao vivo, lá na bancada do estádio. A gritar que nem malucos, a desfazer a reputação da mãezinha do Sôr árbitro.
Experimentem ir assistir a uns quantos jogos na época que agora começa. Posso garantir-vos que assistirão com mais calma ao próximo campeonato internacional (o europeu de 2008).

segunda-feira, julho 03, 2006

Ryuichi Sakamoto - World Citizen (Live 2005)


Neste dia 3 de Julho...

Videoclip Lounging

Ricardo, Coração de Leão


Enquanto se concentrava, cantarolava para si os versos originais d'A Portuguesa:
"... contra os Bretões, defender, defender, defender!"

Parabéns, compadres!

Os também insurgentes António (parabéns, vizinho!) e Adolfo merecem os cumprimentos por manterem a classe e boa pinta geral do A Arte da Fuga há dois anos.
Palmadas nas costas e um bacalhau bem apertado a cada um, numa clara exibição de compadrio, sim senhor.

A ler

Leitura recomendada, o texto do André Abrantes Amaral hoje publicado na Dia D: "A força do poder local está na democracia".

Assino por baixo.