quarta-feira, novembro 30, 2005

Antonio Negri

Antonio Negri é um pensador prolífico e estimulante, escapa a todas as categorizações.
Na entrevista dada ao Actual (último Expresso), descreve com elegância as mutações urbanas do nosso tempo, uma civilização marcada pelo declínio do trabalho, a propósito dos acontecimentos de Paris :

Eu considero esses movimentos como uma expressão dos novos movimentos da multidão, da passagem da cidade do trabalho assalariado para os territórios urbanos marcados pela flexibilidade, pela mobilidade e mestiçagem das culturas. São movimentos que não têm relação com o partido nem com a ideologia. Se há algo que aí se está a reconstruir é o sentido do comum.

E o conceito de multidão é extremamente operativo, Negri abandona a noção de proletariado :

Não é multidão enquanto conjunto popular ou proletário, mas no sentido de uma rede cooperativa de singularidades. E também não é a massa, porque esta implica uma coesão que faz perder a singularidade. A multidão refere-se a todos aqueles que enriquecem a rede entre os homens, que constroem o comum. A produção, hoje, é isso, não é apenas aquilo que resulta de uma antiga noção de trabalho.

Na crítica ao trabalho, percebemos a filiação no Maio de 68, a mesma luta dos situacionistas :

Venho da tradição “operaista”, como se diz em italiano, uma tradição da recusa do trabalho. O que é que significa recusar o trabalho? Sabotagem, luta de massas contra o trabalho, contra o tempo do trabalho. Foi o que fizemos e fomos parar à prisão. Mas, ao contrário do que parece, isso estava cheio de um sentimento positivo. È que o trabalho estava ligado a essa forma de escravidão que era o fordismo. A par da recusa do trabalho havia a autovalorização das singularidades. E o capital compreendeu perfeitamente isso. Ele próprio destruiu as fábricas e abriu a produção da informática.
Passou-se à produção imaterial e deu-se uma reconstrução social do trabalho.

Antonio Negri, um libertário, um resistente voltado para o futuro.

Pessoa (versão Álvaro de Campos)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Visto

A peça "O Nome da Rosa", pelo grupo Fatias de Cá, tem como cenário o Convento de Cristo em Tomar percorrendo todo o edíficio, fazendo com que os espectadores sigam os actores pelas diversas divisões conforme o enredo se desenvolve. Pelo meio, há espaço para várias refeições integradas na história que está a ser contada (das entradas às sobremesas e ao "rescaldo").
Uma ideia interessante, que serve também de exemplo para a utilização dos monumentos nacionais.

terça-feira, novembro 29, 2005

Iraque, os amerianos como os europeus

Example

Example

Através do excelente Klepsýdra, fui dar com este inquérito de opinião à forma com os americanos avaliam a guerra em curso no Iraque.
É interessante observar a desagregação dos resultados por grupos da população, onde verificamos haver uma divisão entre os militares e ser a rejeição profunda entre os especialistas, com ênfase para os cientistas e os engenheiros.
Cresce a desesperança lá para o outro lado do Atlântico. Só a entourage do senhor Bush e cia permanece entrincheirada no erro.

Bons momentos

Depois de ter sido tão mal tratado gastronomicamente, nada como um fim de semana em que a arte culinária me foi apresentada de forma tão extraordinária.
Se sobre o "Chico Elias", dada a verdadeira instituição nacional que é, nada me atreverei a escrever (fica-vos a ementa degustada: feijoada de caracóis, bacalhau com broa, pato com migas de broa e couve, fatias de Tomar e leite creme - sim, duas sobremesas...), já sobre "A Lúria" (ou Chico da Beca) resolvo-me a escrevinhar umas linhas.
Certamente por culpa minha, indesculpável aliás, não conhecia este restaurante da aldeia da Portela. Encontrar, por mero acaso confesso, um restaurante em que a mestre culinária se dedica a preparar as suas receitas com imaginação e recorrendo aos ingredientes regionais, conseguindo apresentar pratos tão saborosos, foi uma sorte considerável: petingas no forno com broa, cebola e azeite, um magusto de carnes acompanhado de açorda de cilercas e salada saloia terminando com um arroz doce em leite creme (sim, um no outro...).
Para juntar a todas as outras razões, ficam mais estas para visitar Tomar.

E depois do adeus (ao BdE)...

... eis que surgem o "A Invenção de Morel" e o "Aspirina B".
Já estão ali na coluna da direita.

Logo agora...

Chegou-me esta missiva por e-mail:
From: comunicado@receitafederal.gov.br
To: luis.rsilva@gmail.com
Subject: Problemas com o Senhor(a)

Informamos que seu titulo eleitoral foi CANCELADO apartir de hoje, dia 28/11/2005.
O motivo do cancelamento foi uma irregularidade no seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) a qual motivou o cancelamento do mesmo, e também do seu titulo eleitoral.

Para saber mais detalhes sobre esta irregularidade, e quais providências tomar, abra o regulamento no link a seguir. (seguiam-se link e instruções para o seu "baixamento")
Ora bolas!
Logo agora que estava pensando em votar Lula nas próximas presidenciais e assim contribuir para o avanço da revolução proletária da nova/velha esquerda sul-americana...

segunda-feira, novembro 28, 2005

Violência nas escolas

Ouvi na TSF as declarações da ministra da educação sobe a violência nas escolas. E algumas declarações fizeram-me pensar, e lembrei-me de partilhar essa reflexões com vocês.
Diz a ministra que comparando o n.º de escolas, de professores e de alunos, chega-se à conclusão que não é uma situação grave. Do ponto de vista estatistico a ministra poderá ter a sua razão, mas do ponto de vista de realidade no terreno, não será tanto assim.
Porque, podendo ser uma minoria, existem escolas onde a violência é uma realidade constante entre alunos, alunos e professores, alunos e auxiliares de educação e até agentes externos à escola e alunos.
Porque existem escolas onde os alunos entram na sala de aula com armas brancas e não se inibem em mostrá-las.
E se a ministra diz que não são necessárias medidas a nivel geral, então essas escolas deverão e terão de ser alvo de medidas extraordinárias, para poderem tornar-se escolas normais, e já nem falo das escolas modelo que a ministra tanto apregoa.
Não ver isso, demonstra uma falta de conhecimento do que se passa no terreno, o que é grave quando o cargo nos obriga a implementar medidas

sexta-feira, novembro 25, 2005

Dia Cinzento

Por aqui está um dia cinzento. É o 25 de Novembro.

Mises e o Liberalismo

O exercício do contraditório no Office passa, muitas vezes, pela troca de argumentos entre mim e o Luís Marvão, com a mais recente ajuda do JCCA. Da amizade e consideração pessoal que tenho pelo Marvão não resulta nenhuma forma de condescência mútua nos argumentos que apresentamos quando discutimos uma ideia ou assunto, quando discordamos na maneira como encaramos o mundo que nos rodeia . Penso que essa construtiva falta de consideração tem contribuído para o prazer que é ter o Marvão a bordo do Office Lounging, casa que também é dele e do JCCA.
A ler, a citação de Ludwig von Mises, colocada no Insurgente pelo Hélder:

"(...)It [liberalism] demands toleration for doctrines and opinions that it deems detrimental and ruinous to society and even for movements that it indefatigably combats. For what impels liberalism to demand and accord toleration is not consideration for the content of the doctrine to be tolerated, but the knowledge that only tolerance can create and preserve the condition of social peace without which humanity must relapse into the barbarism and penury of centuries long past.(...)"

Lounging

O Rodrigo Adão da Fonseca está de volta às escritas blogosféricas. Assinalo o bom gosto na escolha do nome do seu novo espaço: Blue Lounge.

Sê bem regressado, Rodrigo!

"Abortófilos" e "Liberais"

Faz-se aqui eco de uma condenação, aparentemente por delito de opinião, de que teria sido vítima o Padre Nuno Serras Pereira. Seria esta condenação produto de um pensamento politicamente correcto cada vez mais presente na vida colectiva do nosso país.
Não conheço os contornos deste caso. Creio que o debate de ideias, mesmo que abastardado, não deve ser canalizado para a barra dos tribunais. A ser verdade o que é descrito no comunicado da associação Juntos pela Vida, tratou-se de um caso de limitação do discurso. E o tribunal prestou o mau serviço à causa da liberdade de expressão.
Mas é preciso também dizer que “liberais” como este são um verdadeiro case study.
O substrato é católico, e a forma de viver esse catolicismo nada tem de liberal, visto que confundem o domínio da moral com o da lei penal. É o caso em apreço da interrupção voluntária da gravidez, em que estes nossos liberais defendem a intromissão do Estado na esfera íntima/privada, em nome de uma moral religiosa que estabelece a equivalência entre o feto e a mulher, não constituída em sujeito autónomo.
Enquanto liberais, podemos certamente condenar a interrupção voluntária da gravidez, mas, numa questão destas, nunca converteríamos o nosso juízo moral na lei penal, obrigando todos os que não comungam da mesma visão moral a conformar o seu comportamento.
Ao agirmos assim, estamos a obedecer a crenças religiosas ou a convicções morais profundas, mas que não derivam do ideário liberal.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Os velhos métodos

Example
Vemos que a política externa dos EUA não mudou assim tanto, continua fiel aos velhos métodos da guerra fria, a prática da tortura em solo estrangeiro, o recurso aos esquadrões da morte para suprimir a revolta dos povos, ontem na Guatemala e em El Salvador, hoje em Bagdade.
A edição do Público relata que sete iraquianos foram assassinados por desconhecidos que envergavam uniformes da guarda nacional; o método é reconhecível, estas mortes têm o selo da CIA, dos grupos treinados pela agência norte americana para eliminar opositores políticos, para silenciar vozes incómodas, como nos anos de chumbo da América latina.
Da retórica do mundo livre ao nation-building, o mesmo substrato , a mesma visão instrumental da Democracia, com a inevitável espiral de violência, assassinato e morte.
É o arquipélago de sangue de que falava Chomsky.

Um bom regresso

O Portugal Contemporâneo é o novo blog do Rui (que depois do Catalaxia, participou no Blasfémias) e vai já para a coluna ali à direita.

Agora só falta o Rodrigo Adão da Fonseca regressar à blogosfera.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Demagogia Rasteira

Mas que dizer de um governo que, para impor as suas medidas, não hesita em denegrir classes profissionais, fazendo uso de estatísticas erróneas, de que é exemplo o estudo sobre o alegado absentismo dos docentes, que considerou na contabilidade das faltas, entre outras coisas, o atraso na colocação dos professores nas escolas, como é sabido, da responsabilidade do Ministério da Educação e dos seus famigerados concursos.

O Público Otário

Hoje, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, contou com a prestimosa colaboração do jornal Público para promover essa grande causa nacional, o nosso novo aeroporto que nos vai permitir ombrear com a Espanha.
Atente-se nestes excertos que nem sequer levam aspas :
Se o modelo só agora vai ser definido, na sessão de apresentação Lisboa 2017 : Um Aeroporto com Futuro já sobraram as teorias económicas as demonstrações económicas e financeiras de que a construção do novo aeroporto será vantajosa para aos privados que nele queiram investir.
Com a participação do banco Efisa, que actualizou as suas previsões da altura em que integrava o consórcio financeiro Novolis, contratado pela NAER, e também com um estudo do BPI- a quem o Governo encomendou uma análise há apenas dois meses- , a banca demonstrou que a construção de um novo aeroporto, assente numa concessão de um contrato de construção e exploração a 30 anos, gera receitas suficientemente atractivas para os privados. E o sector público ganhará um novo aeroporto, passados 30 anos, quase a custo zero para os cofres do Estado.
No primeiro parágrafo parece faltar algo, mas eu limitei-me a reproduzir o que lá está.
Depois, há uma secção “didáctica” de perguntas e respostas sob o título Quando e Porquê , em que nos revelam as vantagens da construção da OTA, tais como os emblemáticos 48 milhões de passageiros por ano ou os 28.000 postos de trabalho directos no aeroporto, mais os 28.000 postos de trabalhos criados na envolvente, bem como a racionalidade do investimento na Portela, não obstante esta vir a ser desmantelada no futuro próximo.
Tudo é cristalino na secção de perguntas e respostas do Público, e mais elucidados ficamos quando percebemos que fonte deste trabalho (está lá em minúsculas letra) foi a NAER, empresa do Estado responsável pelo projecto de construção do aeroporto da OTA.
É, tristemente, um exemplo de mau jornalismo; as fontes são parte interessada no projecto e o outro lado desta conturbada história (estou-me a referir aos argumento contrários, que sabemos são muitos) não nos é revelado.

Ik zal daar zijn

Amesterdão

Parece que vou ter muito frio nos próximos dias...

Opções certificadas

A ICAR não é uma instituição de filiação obrigatória. Parece que até pedem que os membros tenham fé nos seus ensinamentos e aceitem um conjunto de dogmas; tudo material pouco sujeito ao escrutínio da ciência e da razão. A adesão é voluntária e após um período de ensinamento dos valores e regras que regem a ICAR.
Posto isto, verdadeiramente não consigo perceber qual o problema de esta organização (de origem divina, embora gerida por homens) definir as regras de selecção e recutamento para os corpos de gestão (perdoai-me a comparação empresarial).
Os que se sentem excluídos podem sempre organizar-se autonomamente ou reconhecer que os seus valores se identificam mais com algumas organizações menos latinas e mais nórdicas. Creio que não há barreiras admnistrativas que protejam monopólios e é permitida a livre associação(perdoem-me mais uma vez o recurso a comparações laicas, desta vez com definições de livre concorrência).
Só uma questão me desvia da indiferença com que normalmente ouviria a notícia da TSF: como irá a ICAR descobrir "aqueles que pratiquem a homossexualidade, apresentem tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiem a chamada cultura gay"?
Vão perguntar e esperar que respondam a verdade porque mentir é pecado e vão parar ao Inferno?

Trampolinada (Nº sei-lá-quantos)

Via RR:

"(...)vejo-me obrigado a repor a verdade dos factos: a primeira vez que falei com Manuel Alegre sobre as candidaturas presidenciais foi para lhe comunicar a minha decisão de apoio ao Dr. Mário Soares (...) Portanto, a tese geral, segundo a qual Manuel Alegre foi desconsiderado pelo PS só tem um problema: não condiz com a verdade dos factos"(...)

Alegre desmente Sócrates e mantém a sua versão dos acontecimentos: "Sou um homem de palavra e mantenho a versão. Aquilo que eu disse é verdade, não tenho nada a repor nem a retirar", disse. O candidato presidencial gostava de saber "como é que [Sócrates] convive com esse desmentido. Eu desminto o líder"

Muito bonito. Edificante mesmo.
Noutras eras, noutros endereços, com outros protagonistas, no que não daria isto.
O que pensarão, os muitos militantes socialistas que apoiam Alegre, desta discussão sobre quem consegue passar o teste do polígrafo? Já agora, como actuará Sócrates se Alegre passar à segunda volta?
Talvez por isso se empenhe em apoiar Soares: pensará ele que aumenta a hipótese de Cavaco ganhar à primeira e de não ter de passar pelas agruras de apoiar quem ele chama de mentiroso e quem chama mentiroso a ele.

Texto já colocado no Insurgente.

terça-feira, novembro 22, 2005

Monica Bellucci

Example
Esta é definitivamente anti-Hayek !

A Escola Austríaca

Via Insurgente:

Example

Lançamento do livro "Escola Austríaca: Mercado e criatividade empresarial"

Terça-feira, 22 de Novembro às 18h00 - Sala "Henrique o Navegador" - Edifício João Paulo II - Universidade Católica Portuguesa.

A sessão será presidida pelo Professor João Carlos Espada e contará com a presença do autor, Professor Jesús Huerta de Soto, ficando a apresentação a cargo do Professor José Manuel Moreira. Estarão ainda presentes o Dr. Luis Aguiar Santos, Presidente da Causa Liberal, e a Drª Sara Marques em representação da Editora O Espírito das Leis.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Olhóóó Office fresquinhooooo!!!!

Lá está o Office Lounging no cabaz dos Frescos.
Obrigado pela atenção.

Visto

Example

Spike Lee propõe-nos um filme que, quanto a mim, não está ao mesmo nível do anterior "A Última Hora".
Critica-se a América corporativa, "profit driven", em prejuízo do trabalhador honesto (para mais, negro), julgando-a e condenando-a ao mesmo tempo que se afrontam os tabus sexuais da sociedade. Há duas histórias a serem contadas, em que uma dá azo a que a personagem principal participe na outra - a "inseminação" de lésbicas. Mas este é um filme de Spike Lee; nada como provocar o espectador.
É um filme divertido, em que se poderá encontrar algumas habituais fantasias masculinas...

Uma nota à parte para chamar a atenção para a banda sonora da autoria do trompetista Terence Blanchard, um colaborador habitual de Lee.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Telegenia e outras preferências jornalísticas


Via Insurgente, na Marktest:
De 22 de Agosto a 13 de Novembro de 2005, Jerónimo de Sousa foi protagonista de 227 notícias que tiveram uma duração total superior a oito horas. Francisco Louçã foi o segundo mais referido nas notícias destes canais, com 189 peças que estiveram próximas das sete horas de duração total. Cavaco Silva, pelo contrário, protagonizou o menor número de notícias, com 85 peças de cerca de 3 horas e 45 minutos de duração.

E não será antes integração?

Para o sociólogo Ulrich Beck, os motins urbanos em França não são expressão de um défice de integração, mas sim do sucesso ou da plenitude desta.
O que há, entre os jovens em rebelião, é uma outra coisa, a saber, a contradição entre o processo de assimilação cultural e o contexto de exclusão social a que estão sujeitos.

En Allemagne, mais aussi dans de nombreux autres pays, on croit obsessionnellement que les causes de la violence des jeunes issus de l'immigration sont à chercher dans leurs cultures d'origine. Les études empiriques de la sociologie la plus élaborée attestent du contraire : ce n'est pas un défaut d'intégration, mais sa réussite même, qui fait paradoxalement le lit de la haine et de la violence. C'est – plus exactement – la contradiction entre le degré d'assimilation culturelle et l'exclusion sociale de cette jeunesse. Ces adolescents assimilés, dont les parents sont venus s'installer dans nos pays, ne sont guère différents, par leurs aspirations et leurs idées, du reste des adolescents de leur classe d'âge : au contraire, ils sont particulièrement proches d'eux. C'est à l'aune de cette similitude que le racisme d'exclusion ressenti par ces groupes hétérogènes d'adolescents est une expérience si amère, et si scandaleuse pour tous les autres. En conséquence, les acteurs des révoltes de banlieue décrivent leur situation en recourant aux termes de dignité, de droits de l'homme et d'exclusion. Et, de manière significative, bien qu'ils soient chômeurs, ce n'est même pas au travail qu'ils font allusion.

Les élites économiques et politiques ne veulent pas renoncer au concept du «travail pour tous», ce qui les rend étrangement myopes devant l'ampleur de la désespérance qui gagne toutes les cités ghettos où vivent les citoyens «superflus», privés d'une existence normale reposant sur le salariat. Les partis de gauche comme ceux de droite, les nouveaux sociaux-démocrates comme les anciens, les néolibéraux comme les nostalgiques de l'Etat social ne peuvent pas admettre que, depuis déjà bien longtemps, dans un contexte de chômage de masse, c'est le travail qui, de grand instrument d'intégration, est devenu un mécanisme d'exclusion.

Mais c'est l'inverse qui se produit : le racisme ingénu des faux concepts va tellement de soi que plus personne ne le remarque. On parle ainsi, par exemple, d'«immigrés», en passant sous silence le fait qu'il s'agit de Français. On incrimine l'islam, quitte à méconnaître la mécréance de nombreux émeutiers. Nous sommes donc bien face à une insurrection profondément française des citoyens «superflus» contre leur dignité blessée. Des citoyens qui réclament le droit, d'être à la fois égaux et différents. Le degré minimal de reconnaissance devrait justement consister à ne pas interpréter de façon triviale l'incendie de haine qui menace de s'étendre sur toute la planète. Mais même cela, c'est sans doute encore trop exiger.

Faltas e aposentações - IV

O assunto das aposentações foi discutido em reunião camarária (via Setúbal na Rede):
O presidente da autarquia setubalense, Carlos de Sousa, lamentou o facto do município só merecer a atenção dos meios de comunicação social nacionais “quando há desgraças” e afirmou que só tomou conhecimento do objectivo do inquérito do IGAT depois deste “ter sido revelado através da comunicação social”.
Aranha Figueredo, vereador eleito pela CDU, crítica a forma como o processo de investigação está a ser conduzido e afirma que é importante perceber “o porquê de trabalhadores com mais de 35 anos de casa tomarem esta atitude”. Para o autarca, “os trabalhadores estão a ser compelidos a optar por esta situação” devido à actuação do governo, nomeadamente no que diz respeito ao “aumento da idade da reforma”.
Presumo que o vereador comunista acha que este aumento de processos disciplinares se deve à justa manifestação do "direito à indignação" que estes funcionários públicos exerceram por conta da revisão dos chamados direitos adquiridos dos funcionários públicos.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Serviço público

O Adolfo Mesquita Nunes, na Arte da Fuga, contribui para a divulgação da grande música:
O Nosso Amor É Verde, por Natália de Andrade
Depois deste serviço público, perguntemo-nos para quê ouvir a Antena 2...

Foi uma boa noite

Seguindo à risca as recomendações do Prof. António Borges, tentei aumentar a minha produtividade. Ou seja, aumentei o número de horas dedicadas a trabalhar, aumentando também com isso as receitas fiscais (há que ajudar no combate ao deficit) e diminuindo o tempo disponível para escrever algo sobre as "Noites à Direita" de ontem.
Não quero, mesmo assim, deixar de cumprimentar o Paulo Pinto de Mascarenhas e os demais promotores (entre eles o também insurgente Luciano Amaral) por mais uma interessante noite.
Se dos convidados não ouvi nada surpreendente (o que foi bom, confirmando as minhas expectativas sobre cada um), acho que houve uma questão que, no fim, ficou no ar. Se do lado mais liberal, ficaram muitas ideias sobre as mudanças necessárias (e a oposição a alguns mitos), fica por enunciar claramente o passo seguinte: como levá-las à prática. Se como disse o Prof. António Borges, os partidos são máquinas que buscam o poder, não promovendo o debate ideológico, há que ver nessas aparentes fraquezas, oportunidades a conquistar. Se o debate de ideias já arrancou (é certo: numa pequena/imensa minoria ), é cada vez mais altura de confrontar os partidos com elas, entrando na sua lógica de poder - sem ela e só com boas intenções, o debate é desperdiçado.
Texto já colocado no Insurgente.

Identidades II

Para relativizar a importância das pertenças primárias (cor da pele, língua, religião, nacionalidade, classe social, etc.) na estruturação da identidade dos indivíduos :

“Acontece por vezes que um acidente, feliz ou infeliz, ou mesmo um encontro fortuito, tenham maior peso no nosso sentimento de identidade do que a pertença a uma herança milenar. Imaginemos o caso de um sérvio e de uma muçulmana que se tivessem conhecido há vinte anos atrás, num café de Sarajevo, que se tivessem apaixonado e casado. Nunca poderiam ter tido da sua identidade a mesma percepção que um casal inteiramente sérvio ou inteiramente muçulmano; a sua visão da fé, tal como da pátria, não seria mesma. Cada um deles teria em si as pertenças que os pais lhes legaram à nascença , mas já não as entenderia do mesmo modo, não lhes daria o mesmo lugar.”
“A identidade não é algo que nos seja entregue na sua forma inteira e definitiva; ela constrói-se e transforma-se ao longo da nossa existência."

“Cada um de nós deve desbravar uma caminho entre as vias para onde nos empurram e aquelas que nos proíbem ou cujo terreno minam sob os nossos pés; nenhum de nós é à partida um ser único; não nos contentamos o em tomar consciência da nossa identidade, tornamo-nos o que somos; adquirimos essa consciência passo a passo.”

Amin Maalouf

Existem condições de partida, que se vão certamente repercutir na trajectória dos indivíduos, mas não determinismos. Há sempre um espaço, embora por vezes estreito, para a escolha individual, para a recriação dos legados culturais. E não há lei que diga que temos de ficar encerrados na comunidade de origem.

A Constança e o Cavaco

A entrevista do prof. Cavaco e Silva na TVI tem feito correr rios de tinta na blogosfera, contrastando com o silêncio incómodo nos medias institucionais.
Na verdade, o homem da divina providência esfumou-se em face da olímpica arrogância da entrevistadora Constança Cunha e Sá. Não resistiu à combinação bem doseada de tédio e desprezo com que a jornalista habitualmente vota os políticos.
Foi um prazer ver um Cavaco hesitante e timorato perante tão terrena Constança.
Afinal, parece que o rei vai nu, qual D. Sebastião.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Identidades

Nestes tempos de pulsões identitárias, recorro a Amin Maalouf, à clareza deste excerto da obra As Identidade Assassinas :

“O mundo está coberto de comunidades feridas, que sofrem ainda hoje perseguições ou que ainda guardam a lembrança de sofrimentos antigos; e que sonham conseguir vingança. Não podemos ficar insensíveis ao seu calvário; temos de defender o seu desejo de falar livremente a sua língua, de praticar sem temor a sua religião ou de preservar as suas tradições. Mas da compaixão desliza-se por vezes para a sua complacência. Aos que sofreram na pela a arrogância colonial, o racismo e a xenofobia, perdoamo-lhes os excessos da sua própria arrogância nacionalista, do seu próprio racismo e xenofobia, desinteressando-nos por isso da sorte das suas vítimas, a menos que o sangue tenha jorrado a rodos.
É que nunca se sabe onde acaba a legítima afirmação de identidade e começa o espezinhamento dos direitos dos outros!... o deslizar de um sentido a outro é imperceptível, parece natural e todos nos deixamos alguma vez cair na armadilha. Denunciamos uma injustiça, defendemos os direitos de uma população que sofre e descobrimo-nos, na manhã seguinte, cúmplices de uma matança.”

Seriam inúmeros os exemplos aos quais este texto se poderia aplicar.
Eu digo apenas que devemos combater todo o sentimento de complacência para com os amotinados da pátria das luzes e o olhar redutor sobre os conflitos étnicos, ao contrário do fizemos por exemplo no Kosovo, em que irreflectidamente elegemos lobos e cordeiros.
Acima de tudo, importa não cair numa concepção “tribal” de identidade.

Pela descontinuidade política

A taxa de desemprego sobe.
Estes 7,7 por cento têm um significado ainda mais grave, na medida em que o sector produtivo é o mais afectado. É a demonstração das consequências desastrosas da política seguida.
O dirigente da CGTP tem toda a razão.
As políticas seguidas devem ser claramente responsabilizadas pelo estado actual do país. São responsáveis pelo sentimento de irresponsabilidade individual e pelo conformismo apoiado pelo estado social. São responsáveis pelo estado deter uma imensa cadeia de centros de emprego não funcionais. São responsáveis pelas limitações que as empresas têm ao seu crescimento e pelo sentimento de repulsa pelo lucro resultante da visão socialista de quem legisla. São responsáveis pelo fortalecimento de clientelismos e favorecimentos corporativos, consubstanciados em barreiras admnistrativas à entrada no mercado de trabalho e ao livre estabelecimento empresarial. São responsáveis pelo favorecimento do proteccionismo patrioteiro, prejudicando principalmente os que têm maiores restrições orçamentais. São responsáveis por terem tornado o aparelho estatal num colosso sobredimensionado, que tudo regulamenta. São responsáveis pelo nível de impostos necessários a suprir as necessidades do colosso e das suas políticas sociais.
A consequência a tirar é que as políticas seguidas devem ser descontinuadas, abandonadas. Haja coragem e visão para reconhecer que são necessárias propostas novas, sem raízes na continuidade, para mudar de rumo.
Texto já colocado no Insurgente.

Faltas e aposentações - III

Também o DN, na semana passada, se referiu às investigações sobre a actuação da CMS. Para além da IGAT, há mais entidades que irão verificar da bondade destes processos:

(...)a Procuradoria-Geral da República confirmou que será aberto um inquérito para averiguar a legalidade dos processos de aposentação que, nos últimos três anos, envolveram dezenas de funcionários autárquicos com mais de 30 anos de serviço ou 65 anos de idade.
A inspecção da IGAT foi determinada por um despacho do secretário de Estado Adjunto e da Administração Local, Eduardo Cabrita, que também deu conhecimento da informação dos serviços jurídicos ao secretário de Estado Adjunto e do Orçamento.

Faltas e aposentações - II

No seguimento disto e depois disto, surge agora esta notícia na TSF sobre as investigações que estarão a decorrer na Câmara Municipal de Setúbal:

O presidente da Câmara Municipal de Setúbal poderá vir a perder o seu mandato caso a Inspecção-geral da Administração do Território confirme irregularidades graves nas reformas compulsivas que foram acordadas com funcionários da autarquia.
Em causa está uma manobra para emagrecer o quadro de pessoal da autarquia previsto num contrato assinado com a então ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite.
Carlos Sousa terá mantido um alegado esquema de reformas combinadas com vários funcionários da câmara, algo que o autarca, através do assessor, nega categoricamente.
O presidente da Câmara de Setúbal aproveitou ainda para negar que tenha aposentado da mesma forma dezenas de funcionários nos últimos meses com mais de 30 anos de serviço ou 65 anos de idade.
Os 16 processos de reforma que foram à reunião pública da câmara no final do mês acabaram por não ser votados uma vez que o presidente, que aguarda o parecer da Direcção-geral da Administração Local, quer eliminar qualquer dúvida sobre este assunto.
A informação interna da Secretaria de Estado da Administração Local, que desencadeou a investigação do IGAT a que o jornal «Público» teve acesso, indica que estes factos a serem verdade implicam fraude.
Por isso, poderão ser a originar uma infracção disciplinar e criminal, bem como a perda de mandatos e dissolução do órgão autárquico. Já os funcionários acusados poderão vir a ser acusados de violação do dever de isenção, zelo e lealdade.
A mesma informação não exclui também que a confirmarem estes factos se possa estar na presença de condutas criminais, designadamente de corrupção, assim de como de um crime de prevaricação.

terça-feira, novembro 15, 2005

Coisas que podem mudar a minha intenção de voto

Mário Soares desvenda mistério:
Fui eu que, enquanto Presidente da República, inventei as "Presidências Abertas".
E a roda?
Quem foi?
Hein!?
Ah, pois... Sobre as questões que me afligem, ninguém se pronuncia.

Texto já colocado no Insurgente.

Pezinhos abençoados

Hoje, um amigo fez-me o favor de enviar isto.

Perguntava-me ele se eu gostava de bola.
Devia ser uma pergunta retórica.

Educação Sentimental

Calma...
Não vai aparecer por aqui nenhuma rubrica periódica sobre tal coisa nem vou oferecer o meu sábio conselho sobre o assunto. Aliás, se ele valesse de alguma coisa, estaria disposto a negociar um preço, mas jamais o ofereceria.
Não.
O assunto é outro.
Trata-se de um programa/parceria entre a C.M.Setúbal e a escola secundária D.JoãoII que "pretende aprofundar a relação Autarquia-Escola-Comunidade, apoiar projectos educativos escolares, promover o livro e a leitura e contribuir para o desenvolvimento psicossexual e emocional harmonioso das crianças e jovens", "preencher uma lacuna na ligação da educação sexual com a expressão de sentimentos, emoções e afectos".
As crianças e os jovens de agora nem sabem a sorte que têm. No meu tempo, há alguns obscuros e medievos séculos atrás, não havia nada disto. Se queríamos favorecer o nosso "desenvolvimento psicossexual" tínhamos de fazer pela vida. Para mais, nesses idos de antanho, as nossas amigas não colaboravam na nossa pretensão de vencer as lacunas na "educação sexual". Nem as professoras, algumas delas naturalmente dotadas para a tarefa, queriam participar em actividades que nos ajudassem a exprimir os "sentimentos, emoções e afectos" daqueles adolescentes altamente testosteronizados. Pior ainda: tinham o péssimo hábito de sequestrar todas as publicações científicas da especialidade que tínhamos de consultar, pouco incentivando a leitura.
Enfim...
Outros tempos.
Ah! E agora também têm o I-Pod.

Festival de chocolate


Na passada sexta-feira fui ao Festival de Chocolate de Óbidos. É algo a não perder, se não foram este ano não percam no próximo ano.
Para além de todo o tipo de chocolate à venda, hummm, as esculturas são espectaculares.
Fica aqui uma amostra das esculturas, esta a mais votada pelo público com motivos do Senhor dos Aneis. Este ano o tema era cinema.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Sussan Deyhim

Example
No Ribeirinha, Festival de Mulheres, tive o privilégio de assistir a um deslumbrante concerto da iraniana Sussan Deyhim.
Sussan tem uma voz do tamanho do mundo, escutá-la é como viajar por diferentes geografias ou territórios emocionais. É um assombro.
No seu canto confluem tradição e modernidade, as múltiplas referências culturais de que se alimenta são constantemente impelidas para além das suas fronteiras, Ocidente e Oriente deixam de ter existência separada.
Quando Sussan nos oferece poesia persa do século XI (Rumi), está também a abraçar a torch song inscrita na tradição ocidental. Acima de tudo são canções de uma beleza arrepiante, que tocam o fundo da alma.
Sussan nasceu no seio de uma família aristocrática de Teerão, a mais nova de onze filhos, num ambiente de abertura ao mundo, rodeada das mais variadas músicas, das tradições persas às vanguardas ocidentais.
Valeu a pena ter ido à Guarda no fim-de-semana, o Festival de Mulheres é sem dúvida uma mais valia no panorama nacional e merece devido destaque na imprensa nacional. É inadmissível que uma publicação como Y (Público) não tenha sequer um artigo ou uma entrevista com Sussam Deyhim, na primeira vez que esta se deslocou ao nosso país. Desleixo ou ignorância?

Dois anos

Há dois anos que o meu amigo e insurgente companheiro André Abrantes Amaral faz d'O Observador um sítio de passagem obrigatória.
Muitos parabéns ao André e também aos novos "observadores"!

Visto no fim de um fim de semana refastelado

Perto DemaisExample

A herança do teatro sente-se nos textos, nos cenários e na maneira como o realizador filma as conversas entre os quatro seres humanos às voltas com o amor e a paixão. No fim, ficam-nos muitas dúvidas, muitos porquês sobre quem eram aquelas pessoas, que passado as tinha colocado ali, daquela maneira.
Grandes interpretações de Clive Owen e de Natalie Portman.
Bónus: a banda sonora inclui, entre temas de Bebel Gilberto e Prodigy, o "How Soon Is Now?" dos The Smiths (em fundo, durante a fantástica cena do private entre Larry e Alice).

Crónica do fim de um fim de semana refastelado

Já passou. Já começou outra.
Ainda faltará muito para o Verão?

Crónica de um fim de semana refastelado

Ele é que a sabia toda...
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

quinta-feira, novembro 10, 2005

Aniversário blogosférico

O Abnegado, do vitoriano Luís Sequeira, completou o seu primeiro aniversário.
Parabéns Luís!

O Som no Office

Ballads(Deluxe Edition) - John Coltrane

Como é que se pode discutir se Coltrane devia ou não ter baladado este disco? Como!?
Estão malucos ou quê!?
Para mais, com Tyner a acompanhar em grande nível.
Enfim...

quarta-feira, novembro 09, 2005

New blog on the block

A cantora Jandira Silva aderiu à blogosfera com o "Aprendendo a viver com a música". Espero que nos vá dando conta regular do que vai vendo e ouvindo, sobretudo sobre jazz. Vou estar atento.
Boa sorte!

O título do post foi roubadíssimo...

terça-feira, novembro 08, 2005

A Esquerda e a Revolta Urbana

O alastrar da violência urbana em França exige uma espécie de ruptura epistemológica à esquerda.
É necessário romper com uma concepção romântica que sente todas revoltas como intrinsecamente boas, porque contra uma ordem social injusta.
O elogio da revolta tem raízes profundas à esquerda, mas convém ter os pés bem assentes na terra e lembrarmo-nos de que até o velho Marx distinguia o proletariado do lumpenproletariat.
No nosso discurso sobre a espiral de cega destruição em curso há muitas vezes um subtexto de absolvição dos actos dos “insurrectos” do banlieue, pelo recurso ao contexto social, uma vez mais a pobreza, os guetos, o racismo de que seriam vítimas os imigrantes e os filhos destes já nascidos em França. Importa afirmar que pobreza não significa necessariamente marginalidade ou violência social.
Bem intencionados, acabamos assim nas malhas do maniqueísmo, o nosso discurso tem dois actores, apenas dois actores: o Estado, rosto da injustiça social, e os jovens em rebelião. Ficam esquecidos os cidadãos que levam uma vida modesta nas cités e são privados dos poucos haveres, um carro incendiado, uma pequena loja pilhada ou fim de um emprego precário por força da destruição de um armazém ou de uma fábrica. Com isso, tornamos a direita na fiel depositária das políticas de segurança.
Ora, urge à esquerda desenvolver uma política de segurança, ganhar neste domínio credibilidade, sem esquecer a necessidade desenvolver políticas sociais e educacionais de combate à exclusão. É na articulação destas duas dimensões que poderemos voltar a ser credíveis aos olhos dos cidadãos desta Europa, cada vez mais multiétnica e assolada por novas bolsas de exclusão.
Combater a delinquência e o crime violento exige não apenas políticas sociais, mas também um enfoque na segurança, o que não significa necessariamente deriva securitária.
Os banlieues estão cada vez mais transformados em espaços de violência, misoginia e fascismo larvar. Impera uma espécie de darwinismo social imposto por gangs juvenis e traficantes. É preciso por isso não esquecer os cidadãos que são vítimas dessa violência endémica, assumir a responsabilidade pela segurança das pessoas e bens, que não pode ficar a cargo nem de máfias nem de religiosos.
Nas cités, o Estado não deve significar só prestações sociais, mas também e acima tudo segurança, combate aos que praticam a violência. Devemos, à esquerda, assumi-lo sem complexos. É a prazo a nossa liberdade que é posta em causa se continuamos a pactuar com as formas de violência e barbárie.
Uma política de esquerda não tem de ser sinónimo de polícia de intervenção no subúrbio nem de oratória inflamada à la Sakorzy, de resultados pífios, como se tem visto. Deve antes assentar numa polícia de proximidade, que ganhe a confiança das pessoas e não signifique apenas o bastão.

Dinheiro a rodos

Água não vai ser a única coisa a chover em Setúbal. Ao que parece o Estado vai despejar sobre a cidade um dilúvio de fundos.
A ministra da cultura, respondendo ao BE, considerou "rídiculas" as verbas até agora destinadas à recuperação do Convento de Jesus. Vai daí que irá disponibilizar as verbas para iniciar as obras de restauro em 2006. Sobre o tema do Convento, e para não me repetir, convido-vos a ler o que por aquiescrevi.
Outra chuvada financeira vai ajudar a que o Polis tenha as obras terminadas em 2007. Deixando para trás considerações sobre o magnífico anfiteatro ao ar livre (só utilizável em metade do ano) e sobre como será gerida e paga a sua programação, pergunto-me se alguma vez foi considerada a hipótese de não nacionalizar ainda mais o espaço ribeirinho, libertando-o antes para que a iniciativa privada o pudesse gerir? Há pelo menos um exemplo recente que demonstra a apetência dos setubalenses para usufruir de espaços de lazer e diversão junto do rio e que pode ser também exemplo do aproveitamento privado desse espaço.

"Ball park figures" de uma estratégia de coacção

O estado francês não conseguiu durante estes 12 dias proteger os seus contribuintes (e as suas propriedades) da coacção de um grupo de cidadãos que se colocaram à margem da sociedade onde vivem.
Até ontem, segundo a BBC, os carros incendiados pelos "émeutiers" franceses eram 5.873. Se, por exemplo, atribuirmos a cada um desses carros o valor de 20.000 euros, vemos que se destruiram bens no valor de 117.460.000 euros (cento e dezassete milhões quatrocentos e sessenta mil euros). A este valor podem juntar o custo de bens imóveis também destruídos (deixo-vos a tarefa de estimá-lo).
Assim, por alto, já serão alguns os milhões de euros de bens (públicos e privados) destruídos. Last but not the least, some-se os danos físicos (incluindo um morto).

Como resposta, a habitual receita de gastar muito mais em políticas sociais. O que prova que a chantagem que os "émeutiers" exercem sobre seus cidadãos franceses poderá resultar.

Texto já colocado no Insurgente.

Allez enfants de la patrie

Un policier montre une balle tirée par des émeutiers à Grigny.
Os filhos da pátria disparam contra a polícia enquanto destroem propriedade alheia.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Presidenciais

Não sei se tenho andado distraído, ou não, mas a verdade é que vi hoje pela primeira vez cartazes de candidatos às eleiçõs presidenciais. Bom, não foi bem assim, foi mais cartazes de candidato. Refiro-me aos cartazes de Mário Soares, com a sua fotografias e frases emblemáticas.
Uma delas, e perdoem-me se não fôr transcrita à letra, mas a ideia está por certo correcta, dizia "Ele sabe unir os portugueses". Quem? Aquele que não conseguiu unir um só partido em torno da sua candidatura? Aquele que destruiu essa imagem de supra-partidário ao aceitar uma candidatura das mais partidárias destas eleições? Dr. Soares não me faça rir.

Pixies

Example

São 28 músicas e mais 15 de bónus, a fazer recordar o grande, grande concerto de 1991 no Coliseu.
Não sei se os vizinhos vão achar muita piada.

Révolution, mon cul !

Na página do "Mouvement des Maghrébins Laïques de France", encontrei este texto escrito por Véronique de Sá Rosas:

Certains camarades de gauche et d’extrême gauche n’hésitent pas, quant à eux, à rêver de la révolution qu’ils n’ont jamais eu le courage de faire, si ce n’est dans leurs rêves. Et les voilà qui s’embrasent à leur tour. Le nouveau prolétaire, à leurs yeux, est le « djeune » de banlieue. Celui-là même qui se la joue en Nike et en Sergio Tacchini et dont le seul rêve est de rouler en Merco.
Ca c’est du prolétaire ma bonne dame !
Non pas celui bûche pour réussir à l’école, pas celui qui veut sortir de l’image pourrie des banlieues, non, le nouveau prolétaire des camarades est l’émeutier. Le roi de la casse d’abri-bus et de feu de local à poubelles.(...)
Le camarade émeutier, en effet, n’en a rien à cirer de la lutte des classes. D’ailleurs, la plupart du temps, il ignore tout simplement que cela a existé et existe encore. Son ennemi, c’est l’autre, celui qui ne lui ressemble pas ou ne veut pas lui ressembler. Il se fout de la gueule du bobo du coin qui vient lui causer révolution prolétarienne, il rêve de consommer. Il écoute parfois d’une oreille distraite si le bobo vient lui chanter lutte avec le camarade-martyr palestinien victime du complot planétaire américano-sioniste.(...)

Quoi qu’il en soit, on attend bientôt le soutien de Fidel Castro à la lutte prolétarienne des camarades émeutiers de banlieue, voire celle de Maradona, nouveau leader de la lutte argentine.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Integração

"e assim nós vemos que o acto dum estrangeiro viver toda a sua vida debaixo doutro governo, e de gozar os seus privilégios e protecção, não obstante estar ele obrigado, mesmo em consciência, a submeter-se à sua administração, tanto quanto o está qualquer estrangeiro naturalizado, não o constitui súbdito ou membro dessa república. Nada, senão uma convenção positiva, pacto, ou promessa expressa, pode fazer o homem um membro ou súbdito de uma republica."
In "Segundo Tratado sobre o Governo", John Locke, Cap. VIII, ponto 122.

Ao que parece, os jovens envolvido nos motins em França são descendentes de imigrantes. Os seus antepassados sairam dos seus países em busca de vida melhor (como todos os emigrantes, como tantos milhões de portugueses). As comunidades em que se foram instalando mantiveram-se fechadas à vida da sociedade que os acolheu, excluindo a mistura cultural, política, religiosa ou de outra qualquer índole com a restante sociedade. As políticas de preservação da multiculturalidade também contribuiram para acentuar essa separação.
Perante este quadro, é fácil verificar que estes cidadãos, segundas e terceiras gerações de descendentes de imigrantes, não se sintam devedores de respeito perante as leis que governam os países onde vivem e os laços que unem esse país como uma sociedade. No entanto, é ao governo da sociedade que repudiam, ao contributo dos impostos dos cidadãos dos quais se mantêm afastados, que demandam responsabilidades e recompensas, enquanto pelas suas práticas geram a destruição das suas propriedades e atacam as suas vidas. Onde está a sua demonstração clara de quererem pertencer a essa "república"? Sem esta, que deveres têm os restantes cidadãos para com eles, que reivindicações podem ser feitas ao governo e que autoridade pode ele ter para impôr as leis?
Texto já colocado no Insurgente.

É impressão minha, ou o mundo está a precisar de umas férias?

A França e os motins urbanos

É desoladora a forma como uma parte da blogosfera olha para os motins urbanos na região parisiense. Eles, os da direita liberal, parecem exultar com a espiral de destruição em curso, imagem da falência do modelo social francês (europeu). Fosse uma revolta urbana algures numa metrópole das terras do tio Sam e o discurso seria certamente outro; bem como a proliferação de imagens.
Eu bem poderia enveredar pelo maniqueísmo deles e dizer que tais fenómenos até são mais comuns lá do que cá. Mas não vou por aí.
Importa ir à raiz das coisas, que evidentemente não se esgotam na estéril discussão sobre se devemos ter mais ou menos estado.
Em primeiro lugar, grassa nas nossas sociedades uma cultura de tolerância para com o pequeno delito e para com toda a sorte de incivilidades quotidianas. Temos, em suma, um estado de violência latente que por vezes atinge o paroxismo. E em contextos urbanos marcados por clivagens étnicas, em que determinados grupos ou populações construíram uma representação social baseada na exclusão, basta um pequeno incidente para atear o rastilho da pólvora. Julgo que isto é válido tanto para a Europa como para os Estados Unidos.
Em segundo lugar, a proliferação de áreas urbanas e suburbanas à margem do Direito favorece a cultura de violência, o aviltamento da dignidade dos indivíduos. Regressando ao caso francês, o Estado e as elites políticas abdicaram de impor a lei nas cités, deixando terreno livre aos imãs ou a grupos de jovens delinquentes. É o caminho da barbárie.
Terceiro, o discurso politicamente correcto tolhe a consciência dos actores políticos e dos mídia. Opera uma torção sobre os factos : um delinquente não é mais um delinquente, mas sim um jovem vítima de discriminação e oriundo de um “bairro problemático”; o comportamento individual fica então diluído numa categoria social, passando a ser estigmatizada uma população inteira (os jovens ou os moradores de um determinado bairro). Também em França (mas não é caso único) vimos o efeito desse discurso na práticas políticas, com a presença de um responsável autárquico no funeral dos jovens que morreram eletrocutados, e cujos pais foram até recebidos pelo primeiro-ministro, ao mesmo tempo que era esquecida a morte de um homem vítima de linchamento, ocorrida nessa mesma noite. Esta duplicidade não convém a ninguém, a não ser talvez à extrema-direita.
Quarto, o urbanismo não é a panaceia para todos os males da vida social. A respeito das cités, lembro que significaram a melhoria das condições de vida de muitas famílias, da classe operária francesa aos emigrantes portugueses, italianos, espanhóis, etc. Foi uma intervenção bem sucedida até às décadas da crise (segunda metade dos anos setenta e anos oitenta). Não vamos agora culpar a arquitectura funcionalista pela irrupção de comportamentos anómicos em larga escala. Isto conduz-nos inevitavelmente à forma irresponsável como os sucessivos governos trataram a imigração, o que não é um exclusivo francês.
Por fim, que este post já vai longo, o contexto de exclusão em que se encontram os jovens saídos da imigração, a segunda e nalguns casos terceira geração, com particular relevância para os do Magreb ou da África Subsariana, exige algo mais do que meras prestações sociais e programas de inserção na vida activa (atenção, não estou a favor da sua redução, penso apenas que isso por si só não é suficiente). É necessário todo um trabalho cívico que reforce o sentimento de identificação com os valores do país onde nasceram e vivem.
São desafios com que as sociedades ocidentais estão confrontadas. Se alguns são especificamente europeus (caso do fenómeno da imigração pós-colonial e da integração das novas populações), outros dizem respeito quer aos EUA quer à Europa.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Adriana

Adriana Lima
O segredo de Victoria.

Os desenhos animados no Irão

No Irão os desenhos animados infantis têm uma componente formativa que é bastante eloquente acerca do que o regime iraniano pretende que seja a participação activa dos futuros mártires da causa terrorista. Leia-se o script (em inglês) deste filme (no MEMRI, via Die Welt) que passou na TV às 8 da manhã do passado dia 28 de Outubro.
Já leram?
Agora, imaginem os jogos que estas crianças, sujeitas a esta doutrinação, irão brincar. Imaginem como se procurarão integrar enquanto adolescentes. Imaginem como agirão como adultos. Imaginem o que todos eles pensarão de Israel e do Ocidente.
Imaginem como os palestinianos saem prejudicados por esta atitude do regime do Irão.

Violência Urbana

Pela sétima noite, persiste o clima insurreccional na periferia de Paris.
Inicialmente confinado a Clichy-sous-Bois, alastrou a outras circunscrições municipais da região parisiense.
A França à beira da fractura social e étnica?
No Le Figaro, um retrato negro de uma sociedade onde a violência se vai banalizando ou, se quisermos, a doença do urbanismo contemporâneo, o subúrbio, les banlieues :

Les émeutes de Clichy-sous-Bois, depuis le 27 octobre, bientôt étendues à d'autres villes du département mettent en lumière quatre traits accusés de notre société. Dans leur exaspération mutuelle, ils nous incitent à nous interroger sur l'état présent du modèle français qui dérive allègrement vers la barbarie, c'est-à-dire la régression intellectuelle et sociale. Sa spécificité tient à la conjonction de la banalisation de la violence, de la trahison de la langue, du renoncement de l'Etat et de la démission des élites responsables.
1. La banalisation de la violence : incivilités quotidiennes, violences sur les personnes et les biens, agressions physiques et sonores, trafics de stupéfiants, cocktails Molotov sur les forces de l'ordre, cailloutages des policiers et des pompiers, incendies volontaires, règlements de comptes et assassinats crapuleux : la litanie de la violence s'amplifie à un point tel, dans certains quartiers réputés «difficiles», que l'on ne doit plus parler de guérilla, mais bien de barbarie urbaine. Personne n'ose réfuter les statistiques officielles dont nul n'ignore qu'elles sont sous-évaluées. D'après l'Institut des Hautes études de la sécurité, 31% des violences physiques seulement font l'objet de dépôts de plaintes. Quant aux violences sur les biens, leur étiage est toujours aussi élevé, même si la police se félicite du fait que, dans l'agglomération lyonnaise, 800 voitures seulement ont été incendiées de janvier à septembre, ce qui représente une baisse de 8% par rapport à la même période de l'année précédente. Dans la Seine-Saint-Denis, de 20 à 40 véhicules sont incendiés chaque nuit, et l'on nous annonce que 9 000 voitures de police ont été caillassées depuis le début de l'année.
2. La trahison de la langue : quand on n'ose plus regarder les choses en face, on prend la parole pour mieux les occulter. Appliquons les modifications du sens habituel des mots aux violences que nous connaissons dans les banlieues urbanisées et en d'autres lieux. On ne parlera plus en France d'«émeutes», mais d'«actions de harcèlement» ; de «délinquants», mais de «jeunes» ; de «policiers», mais de «provocateurs» ; de «trafic de stupéfiants», mais d'«économie parallèle» ; d'«acte de piraterie», mais de «détournement de navire» ou de «récupération de bien national» ; de «zones de non-droit», mais de «quartiers sensibles» ; d'«atteinte au droit du travail», mais de «mouvement de revendication légitime», etc.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Visto

ExampleExample

Who's the fairest of them all?
Mylady, you are.

Manuel Alegre

Manuel Alegre ainda não apresentou a sua candidatura à Presidência da República, apenas disse que era candidato, ”que a democracia não podia ficar refém dos partidos”, esses espaços kafkianos por excelência.
Surge, com a aura dos puros, a vituperar a partidocracia vigente, em particular o directório socialista que tão insidiosamente preparou a candidatura de Soares: temos então o idealista, vítima das malhas que a burocracia partidária tece.
Há aqui muito de esquizofrenia, mas de uma esquizofrenia que traz dividendos políticos: Alegre é a um tempo o militante de longa data do partido socialista e o político anti-sistema em deriva populista.
Não se percebe o sentido desta candidatura anunciada, até agora nem uma ideia para o país que não a velha retórica republicana e antifascista. Fora isso, há um imenso vácuo.
Terá sido o despeito a mover Alegre?
É uma pena o rumo tomado por Manuel Alegre, personalidade que aprendi a admirar e na qual esperava rever-me, no que toca às eleições presidenciais. Mas face a esta arrogância moral eivada de populismo, sou obgrigado a inflectir caminho.

Faltas e aposentações

A C.M.Setúbal desmente favorecer aposentações compulsivas, resultantes de faltas injustificadas incentivadas pelas chefias:
A Câmara Municipal de Setúbal, consciente do ilícito deste acto, não o praticaria, por mais justos que pudessem ser considerados os resultados efectivos dessa intervenção.
O Diário de Notícias afirma ainda que “a Câmara Municipal de Setúbal aposentou compulsivamente, nos últimos meses, dezenas de funcionários com mais de 30 anos de serviço ou 65 anos de idade”, quando, na realidade, em 2005, foram apenas instaurados nove processos por faltas injustificadas, dos quais cinco desde Setembro.
O presidente, Carlos Sousa, reagiu à notícia do DN que aqui comentei (via SNR):
Questões totalmente refutadas por Carlos de Sousa que classifica a notícia como “descabida” e assegura que os dados apresentados são “falsos”. O presidente reconhece que há um número anormal de trabalhadores a faltarem injustificadamente. Carlos de Sousa diz constatar o facto mas não sabe qual é a origem. Além disso, “a única forma processual de tratar as faltas injustificadas é a “Aposentação Compulsiva””.
Estas declarações em nada modificam as que o autarca já tinha prestado ao DN (incluídas na notícia original) e onde este nega que haja um processo concertado. Apenas fico a saber que Carlos Sousa (ainda) desconhece a razão porque aumentaram de tal maneira as faltas. Para já ficam adiadas 16 aposentações compulsivas (cuja decisão seria tomada hoje).

O Som no Office

Example

Belly of the Sun - Cassandra Wilson

Visita recomendada

ExamplePara quem aprecia a gastronomia alentejana, fica esta recomendação de visita à vila de Arraiolos, onde decorre a "8.ª Mostra Gastronómica/Feira do Tapete de Arraiolos".
Como o nome indica, de uma assentada promovem-se os tapetes e a gastronomia local. Confesso, no entanto, que foi esta última que me levou até lá. Escolhido o restaurante antecipadamente (convém marcar mesa), não tivemos de passar pelo díficil processo de escolha entre os vários lá representados. A ementa do "Alpendre" apresenta carne de porco, borrego ou de vaca cozinhada de várias maneiras e servidas com vários tipos de migas. As de espargos, que acompanharam a minha grelhada mista de porco eram verdadeiramente excelentes. Para melhor acomodar o repasto, o tinto da região é indispensável (a escolha foi Monte do Pintor 2001). A escolha das sobremesas foi tarefa impossível. Felizmente, foi-nos sugerido que perante tais dificuldades, experimentássemos um "pijaminha", um prato com um pouco de cada um dos doces. Excelentes todos, com especial nota para o Pastel de Toucinho e o Doce do Monte.
Antes de sairem para desmoer o repasto com um passeio pela vila (vão até ao castelo e apreciem a paisagem a perder de vista), passem pela zona de exposições, onde poderão admirar (e comprar) os tapetes, os queijos, enchidos e doces da zona.