quinta-feira, dezembro 29, 2005

Ser ou não ser

Uma das coisas que me tem intrigado nesta campanha eleitoral, é o frequente uso da palavra "crispado" para classificar Cavaco Silva. Basta, aliás, fazer uma busca no Google com as palvras "crispado cavaco" para encontrar 579 referências.
Mas afinal, sendo "crispado", o que é, melhor, como é Cavaco?
Recorro outra vez à internet. No Priberam surge:
sing. part. pass. de crispar; do Lat. crispare; v. tr.; enrugar; franzir; encrespar; enclavinhar; v. refl.; contrair-se, enrugar-se.
Então e se fôr "crispação" (aponta-se, por vezes, o risco de Cavaco vir a criar muita)? Encontrei 859 referências no Google. E o que é?
derivação fem. sing. de crispar; acto ou efeito de crispar; contracção involuntária de certos músculos; enrugamento causado pelo frio ou pelo vento.
Bom, após esta pequena investigação, inclino-me para a possibilidade de os seus adversários estarem preocupados com algumas rugas que apresente e com a possibilidade de essa sua condição contagiar quem o rodeia - o país inteiro, aparentemente.
Curioso. É que me parece que a preocupação com o encarquilhar político do país, com o risco de franzir os anos que se avizinham, era melhor dirigida para as candidaturas de esquerda, baseadas em ideias que poderão significar um futuro ainda mais contraído para Portugal.
Já se acusassem Cavaco de ser capaz de encrespar alguém, creio que se refeririam aos que tanto se irritam por não o conseguirem crispar.
Texto já colocado no Insurgente.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Sienna

Sienna Miller
Sempre achei o Jude um pouco parvo...

Che Messenger

Já repararam na semelhança entre o ícone revolucionário comunista e este outro que aparece no Sapo Messenger?

Sapo Guevara

Já colocado no Insurgente.

Forças de bloqueio

O setubalense Mário Nogueira não conseguiu receber as certidões que as juntas de freguesia passam para certificar as assinaturas necessárias à candidatura. Isto, apesar de garantir ter recebido 8.000 assinaturas.
Mario Nogueira aponta como razões as greves nas autarquias e o atraso na entrega de correspondência. Adianta ainda (via RSO):
«A lei parece não ser igual para todos», reclamou a dada altura, quando o TC lhe terá explicado que «as assinaturas dos movimentos independentes vão ser totalmente analisadas, enquanto se pressupõe que as dos partidos estão todas correctas».
Para não variar, também acusa os meios de comunicação social de não lhe prestar atenção. Tal como parece que aconteceu com os seus concidadãos.
Já agora: porquê e para quê necessita o estado saber que um cidadão apoia a candidatura de outro(s)?

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Triste

Via Insurgente.

Mário Soares comenta as declarações de Ribeiro e Castro, presidente do PP/CDS:
Jornalista: Ficou chocado com aquilo que disse o líder do PP?

Mário Soares: Não, não foi o lider do PP que disse isso. E aquela coisa que me referi, do terrorismo, foi o líder do CDS que disse isso, dr. Ribeiro e Castro, que é uma coisa inaceitável e impossível. Ele diz aquilo... ele é, ainda por cima, deputado do Partido Socialista... um dos grandes grupos do Partido Socialista é o Partido Socialista... o Partido Socialista Europeu... Imagine lá como é que ele vai entender-se com os colegas do parlamento a dizer dessas coisas aqui no plano interno... E é feio, não é bonito e... é uma pena que seja um dos mais entusiásticos, senão o mais entusiástico, apoiante do dr. Cavaco nesta eleição.
Mais que tudo, mais até que qualquer consideração política, estas, digamos, declarações, são tristes.
Cada vez me parece mais provável que Sócrates tivesse algum objectivo mais sórdido quando deu o seu apoio a Soares.
Lamentável. Evitável, também.

O vídeo (da SIC) está disponível aqui.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Feliz Natal

Example

Feliz Natal!

Example
Esta é minha forma de desejar um Feliz Natal aos habitantes da blogosfera.
Em tempo de férias não se posta, sou fiel a esta máxima.
Regresso em 2006, se Deus ou o acaso permitirem.

Ayaan Hirsi Ali

Example
Ayaan Hirsi Ali é um exemplo de rara coragem e humanismo, de uma vida dedicada ao ideal dos direitos humanos, da recusa das tradições que aviltam a dignidade dos indivíduos e cerceiam a universal aspiração à liberdade.
Desenvolve uma luta solitária pela defesa dos direitos das mulheres muçulmanas na Holanda, denunciando práticas como a mutilação genital, os crimes de honra ou os casamentos forçados.
Nascida na Somália, em 1969, Hirsi foi também submetida à mutilação genital quando tinha então cinco anos de idade. Provém de uma família vítima das perseguições políticas no tempo do regime de Siad Barre. O seu pai esteve sete anos preso e depois conheceu o exílio na Arábia Saudita, Marrocos e por fim no Quénia, onde Hirsi fez a escola secundária num colégio para raparigas muçulmanas.
Aos 22 anos, estava destinada ao casamento forçado com um membro do seu clã emigrado no Canadá. Mas Hirsi Ali recusou o destino imposto pela tradição e buscou asilo político na Holanda, onde conseguiu uma autorização de permanência. Aí fez a aprendizagem da língua holandesa, sobreviveu nos empregos mal pagos da imigração (foi por exemplo empregada de limpeza) e ainda arranjou tempo para uma licenciatura em Ciência Política.
Cedo percebeu a intolerância que se insinuava no modelo multiculturalista das tulipas, fundado separação das comunidades, na visão (culturalista) de que os comportamentos, as atitudes e crenças são determinados pela cultura de uma dada comunidade. Os indivíduos encerrados na comunidade de origem, numa espécie de apartheid, ficavam submetidos a tradições monolíticas, fora da cidadania (já em tempos escrevi sobre o mesmo assunto).
Foi contra isso que se rebelou Hirsi Ali, alertando a sociedade holandesa para os abusos de que eram vítimas as mulheres muçulmanas, privadas do direito de escolha. Da escolhas simples, como sair com amigos ou vestir determinada roupa, até à liberdade de completar os estudos ou escolher o parceiro para a vida.
Deparou com a indiferença de uns (quando denunciava casos de violência familiar a polícia respondia-lhe que nada podia fazer) e o ódio de outros, os fundamentalistas e as associações dos direitos das minorias reféns dos dogmas multiculturalistas.
Deputada pelo partido liberal (antes passou pelo partido trabalhista, mas aí não lhe permitiram desenvolver o trabalho ao qual consagrou a sua vida), foi responsável por medidas legislativas de combate à violência doméstica, no seio das quais os polícias recebem formação para lidar com os chamados “crimes de honra”; alargou a rede de refúgio para as mulheres , bem como a segurança; lutou por uma escola multiétnica e contra o ensino da segregação e da intolerância religiosa (dificultou o acesso de tais escolas aos apoios estatais).
Pela sua acção política pagou preço elevado, a limitação da sua própria liberdade por força das ameaças de morte a que tem estado sujeita por parte dos islamistas. À semelhança de Salman Rushie. Mas fê-lo em nome daquilo que de mais nobre há no homem : a liberdade.
Termino com uns versos de Rudyard Kipling que resumem bem o que está em causa :
'Oh, East is East and West is West
and never the twain shall meet,
till Earth and Sky stand presently
at God's great Judgment's seat.'

'But there is neither East nor West
Border nor breed nor birth
when two strong men stand face to face,
tho' they come from the end of the earth'
Também Edward. Said, na sua obra “ O Orientalismo”, nos dizia que Oriente e Ocidente são meras construções.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

O Som no Office

Boat to Bolivia - Martin Stephenson & the DainteesaaaBolivia - Gato Barbieri

Uma especial dedicatória ao meu amigo Marvão.

Bolívia

Em resposta ao post do Luís, deixo algumas impressões sobre a Bolívia, ele socorreu-se de Llosa, eu fui ao baú do Diplomatique.
Se por liberalismo se entende um corpo ideológico puro ao qual a realidade concreta terá de se conformar ou moldar, então não há liberalismo na Bolívia nem em parte nenhuma do planeta Terra (e se assim for, melhor fariam os liberais em organizar expedições a Marte de seres ideologicamente puros para aí criarem o mercado da concorrência perfeita, a salvo das distorções terrestes).
Tais discussões são comuns em outros territórios ideológicos, o mecanismo de resposta às contrariedades é idêntico; perante o revés político, o discurso recorrente da não observância dos princípios da Ideologia ou da sua errada aplicação.
A Bolívia ilustra o que disse atrás : as políticas liberais foram implementadas desde a década de oitenta e legaram apenas mais pobreza e a rebelião dos povos indígenas, que buscaram novas formas de organização política :

Depuis 1985, de droite ou prétendument de gauche, tous les gouvernements ont dogmatiquement suivi les lignes de la « nouvelle politique économique », mise en œuvre par le décret 21060 : privatisation des mines, des télécommunications, des transports aérien et ferroviaire, de l’eau, de l’électricité, des secteurs pétrolier et gazier.
La mise à pied de 25 000 mineurs, lors du passage au privé des mines d’étain, frappe de plein fouet la Centrale ouvrière bolivienne (COB), dont ils constituaient le cœur, la chair, le sang. Contre-pouvoir depuis la révolution d’avril 1952, c’est elle, la COB, qui a livré bataille aux militaires durant toute la période de dictature, jusqu’en 1982. La fermeture d’usines plus le choc idéologique provoqué, en 1989, par la chute du mur de Berlin achèvent de disloquer ce mouvement imprégné de marxisme. Le champ des luttes se vide. En apparence, du moins. Car, souligne le sociologue Alvaro García Linera, « la société crée alors d’autres mécanismes de représentation et d’action politique : les mouvements sociaux, articulés sur des réseaux territoriaux ».

Vejo por isso com simpatia a chegada de um indígena à presidência da Bolívia, admiro as lutas passadas e da barricada liberal vejo apenas processos de intenções, epítetos de narcotraficantes que procuram tão-só retirar legitimidade a uma causa política justa, esquecendo que a cultura da coca é uma realidade complexa :

Les premiers, organisés en communautés agraires (syndicats), les cocaleros relèvent la tête, dans la région du Chapare. Producteurs de coca, ils ont, à travers cette culture, résolu le problème vital – survivre ! – auquel ils étaient confrontés. Washington ne dissimule pas son courroux. Dans sa croisade contre le narcotrafic, la Maison blanche n’a qu’une obsession : faire disparaître coca et cocaleros, mis dans le même sac que la cocaïne, par des politiques coercitives, l’éradication forcée et la répression. Faisant face, un dirigeant apparaît, un lutteur, un indien aymara, qui s’appelle Evo Morales.
En 2000, Cochabamba se mobilise à son tour pour expulser la multinationale Bechtel, ô combien bénéficiaire de la privatisation de l’eau potable. Le pays bouge, le pays tangue, le pays secoue l’ère glaciaire du néolibéralisme. Président du syndicat des cocaleros, M. Morales s’est ouvert un espace national, à travers la création, en 1999, du Mouvement vers le socialisme (MAS), une confédération d’organisations sociales plus qu’un parti. Député de Cochabamba depuis 1997, battu d’un souffle lors de l’élection présidentielle de juin 2002, il place alors 36 députés (dont lui-même) et sénateurs au Congrès (depuis les élections municipales de 2004, le MAS est devenu la première force politique du pays).


P.S. O Vargas Llosa é um bom escritor e os messianismos da moda são os da seita Hayek.

O representante das massas - II

Via Forbes:
Since Morales rose to prominence as leader of one of the six coca federations in the Chapare, he is a forceful advocate of removing legal restraints on coca cultivation. Under Morales, the forcible eradication of coca is likely to end. However, Morales has said that he wants to find alternative uses for coca and does not favor drug trafficking.
No fundo, ele é um liberal: defende uma agricultura atenta ao mercado, resultando num comércio livre sem interferências dos estados que mundo fora colocam barreiras à importação. Também ele já percebeu que assim favorece os rendimentos dos seus eleitores, sem precisar de os subsidiar.

O desespero de Soares

Tivemos ontem o previlégio de ver o debate entre duas figuras marcantes da politica portuguesa das últimas décadas.
Será que o debate correspondeu às expectativas? Na minha prespectiva sim. Talvez não pela apresentação das idéias, mas porque marcou a forma como ambos os candidatos se apresentam nestas eleições.
Sobre o debates, Cavaco no final resumiu bem, disse que foi entrevistado por três entrevistadores. Também penso que foi nesse papel que Soares se apresentou, mas tinha de o fazer. Tinha de colocar em causa todos os aspectos do adversário, tentar que ele se desorientasse e que cometesse erros. O problema é que não conseguiu. Penso mesmo que Cavaco deu uma lição de como se pode estar num debate destas características, sendo constantemente interrogado e, ao responder, ir apresentando as suas idéias.
Quanto a Soares, a idéia com que fiquei é que foi perdendo o controle ao longo do debate. Os ataques de ordem ideológica, da postura que deve ter um chefe de estado, do passado de Cavaco, que são aceitáveis, compreensivéis e podem mesmo considerar-se uma obrigação por parte de Soares, passaram a ataques pessoais, que apenas mancharam o democrata que Soares é. Dizer que Cavaco não sabe conversar nada para além da economia, que pessoas que ele conhece vieram falar-lhe das prestações de Cavaco nos Concelhos Europeus, não abona em favor de Soares. Principalmente este ultimo argumento que, quando pediram para Soares explicitar o que queria dizer, argumentou que não seria elegante. Mas ele não foi elegante durante todo o debate, e falta de elegância é lançar boatos para o ar sem explicar. Mais, é cobardia. E sinceramente ninguém considera Soares cobarde, portanto estes ataques apenas se explicam pelo desnorte do candidato.
O desespero, o desnorte e a falta de controle de Soares, ficou visivel e atingiu o ponto máximo, quando a um quarto de hora do final do debate, interpelado por Cavaco Silva sobre se iria expor as suas idéias, disse: hie-de dizê-las. Mas o debate já tinha passado, mal de nós se as idéias do presidente para o país se expoem em 10min. Mas mesmo assim, depois disso, alguém percebeu as idéias de Soares?
Como disse Júdice nos seus comentários, de Soares fica o velho leão a lutar até ao fim. Dá gosto ver a força com que Soares se apresenta. Desesperado, desnorteado, mas lutador. Apenas se pede que faça esta última campanha com luta, mas com dignidade.

terça-feira, dezembro 20, 2005

O representante das massas

O Luís Marvão apresenta, abaixo, o novo presidente da Bolívia como um (um dos) messias que irá libertar a América Latina do "despotismo liberal".
Presumo que para o Marvão tenha sido esse despotismo que levou a região ao estado em que hoje se encontra. Proponho-lhe a leitura deste artigo de Alvaro Vargas Llosa (já sei - é um perigoso liberal...):
One only needs to look at Morales' own life story to realize his own deprivation, like that of so many other Aymara Indians, was the result of nationalism, populism, and socialism, and not, as he maintains, of globalization. Why did he become a coca grower in the 1980s? He was born in Isallavi, in the tin-mining region of Oruro, at a time when tin mines lay in ruins. The reason for their decline was the 1952 revolution, which "nationalized" them and created a bureaucratic mining entity known by its acronym COMIBOL. The revolution raised miners' salaries by 50 percent but failed to keep up investments, so production collapsed. Eventually, thousands of families, among them the Morales family, had to move elsewhere.(...)
He went to the Yungas, near La Paz, to try agriculture. What did he find? In 1953, the revolutionary government had undertaken land reform, expropriating those estates it deemed unproductive and handing them to some peasant associations. Restrictions on property rights were so abundant and legal frameworks so dodgy that a few years later Bolivia had to import food because its unproductive minifundia were useless.(...)
Where did young Evo go after Yungas? To the rainforests of Chapare, this offered the only opportunity available to him. That opportunity was coca -- coca not exactly geared towards the production of shampoo, toothpaste, and medicines. In Chapare, the new coca grower rose through the ranks of unionism, until he emerged in 2000 as a voice against foreign capital and the insufficient free-market reforms of the 1990s, which he blamed for social ills that were the result of five decades of nationalism and socialism's ill-fated attempt to correct the oligarchic legacy of the colonial era.

Evo Morales

Example
A expressiva vitória de Evo Morales representa a esperança das massas de deserdados, dos campesinos indígenas secularmente oprimidos.
Oxalá Morales consiga pôr as riquezas do país ao serviço dessa imensa maioria de excluídos e contribuir para que a bela Bolívia seja também mais justa.
Destas eleições saiu derrotado o despotismo liberal, que as elites teimavam em impor ao país.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

A Coluna do Arq José António Sariava

Foi-se a Política à Portuguesa do arq. José António Saraiva, pessoa assaz dotada nas artes da predição (posso dizer que a História confirmou grande parte do que aqui se escreveu e previu) e capaz de transformar as coisas complexas em simples; o obscuro em cristalino.
Políticos de todos os quadrantes liam religiosamente, aos Sábados, a crónica de Saraiva, certamente em busca de um porto seguro nestes conturbados tempos; presidentes e ministros procuravam conselhos sábios para a difícil arte de governar.
Saraiva, o Patriota, alertou-nos para os perigos que vinham de Espanha (neste espaço se previu há muitos anos a ‘invasão espanhola’, com um texto premonitório que foi estudado nas universidades de Espanha”), lembrando que dos nossos vizinhos nem bom vento nem bom casamento.
Saraiva desafiava os “ares do tempo”, esses males modernos, como o aborto, o suicídio ou a eutanásia, e fornecia-nos uma nova luz sobre a vida, ânimo redobrado para resistir às muitas tentações com que a modernidade armadilha o nosso caminho.
Os nossos Sábados não mais vão ser o que eram, privados da doutrina do Grande Arquitecto, espera-nos o vazio. Ou pior ainda : um mundo povoado pelos Gentlemen, os Sirs e os Fellows do João Carlos Espada.

domingo, dezembro 18, 2005

É preciso ter calma

sexta-feira, dezembro 16, 2005

As Maldades de Louçã

Tudo serve para atacar Louçã, nele há sempre um sentido oculto, tese propalada ad nauseum por Pacheco Pereira, que em artigo no jornal Público alerta os indígenas para a sinistra ideologia envolta no discurso das “causas fracturantes”, espécie de canto da sereia pós-moderno. O antigo maoista anda muito preocupado...
Sim, eu sei que o Louçã suscita muitos ódios, à esquerda e à direita, que é figura incómoda na cinzenta paisagem do país político.
Recordar os exemplos de Lino de Carvalho e de João Amaral é certamente sinal de hipocrisia política, que apenas o PCP, fiel depositário da memória daqueles antigos deputados, está autorizado a homenagear.
Indignou-se a direita com mais esta diatribe do Louçã e veio em socorro de Jerónimo, sem dúvida bem mais simpático do que o pérfido líder bloquista.

O Rei vai nú

Hoje de manhã, Luís Osório comentava na RCP o debate entre Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã, dizendo que este último é brilhante, um sobredotado mesmo, mas que por vezes estraga essa imagem com o que diz. Como exemplo citou o debate com Paulo Portas (o tal sobre quem tinha gerado vidas ou não) e a intervenção final de ontem. Nesta, Louçã referiu os nomes de João Amaral e Lino de Carvalho, para de alguma forma atacar o candidato do PCP.
Luís Osório classificou esta atitude como um golpe baixo, um acto cobarde. No entanto, estamos a falar do mesmo homem que nos olha, olhos nos olhos.

Texto já colocado no Insurgente.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Choque tecno-social

[Via Blasfémias]
Carlos Zorrinho é o novo coordenador do Plano Tecnológico, depois de Sócrates retirar a Manuel Pinho a responsabilidade sobre o dito.Pode-se dizer que se trata de um mega-coordenador, já que também coordena a implementação da Estratégia de Lisboa. Ficam as suas palavras aquando da posse, em Julho:
[O país e a Europa] têm de ser capazes de competir no espaço global através de inovação e não através do desmantelamento do Estado social.
Pareciam premonitórias de que ainda iria coordenar as duas áreas. Agora que a tecnologia vai estar ao serviço do estado social, não há quem pare Portugal. Ou a Europa.

Texto já colocado no Insurgente.

Alegre/Soares

Houve um período em que os candidatos Manuel Alegre e Mário Soares se perderam demasiado em Cavaco, contribuindo de forma involuntária para o reforço da aura presidencial deste. Foi a parte mais penosa do debate.
Ao contrário do que esperava, Alegre soube defender-se das investidas de Soares, que não foi capaz de expor as fragilidades que noutras ocasiões o “candidato independente” deu mostras. As temíveis interpelações de Soares, em jeito de saborosa subversão das regras do debate, não funcionaram nesta ocasião.
E gostei da clareza de Alegre, que afirmou ir até dissolução da Assembleia para preservar o sector das águas na esfera do Estado. Aí Soares tergiversou.
Notei também diferenças em relação aos dois grandes desígnios nacionais, a OTA e o TGV, com Alegre a ver com bons olhos a ligação de alta velocidade a Espanha e a rejeitar liminarmente o troço Lisboa-Porto (eu comungo da mesma posição) e Soares a refugiar-se na ambiguidade, mas deixando entrever o seu apoio ao novo aeroporto de Lisboa.
Sobre a política externa, Soares foi mais incisivo, dizendo-se contrário à presença da NATO no Afeganistão (lembrou a vocação defensiva desta aliança, para incómodo de muitos) e sublinhando a ineficácia de intervenções militares como a do Iraque no combate ao terrorismo. Aqui, esteve em coerência com a sua intervenção cívica dos últimas anos.
Em suma, tivemos um debate vivo e com focos de interessante. Não arrisco vencedor, mas vejo algum mal-estar algures na blogosfera.

Recado

Na apresentação do livro "Com os portugueses", de Jorge Sampaio", disse Marcelo Rebelo de Sousa:
Num tempo de populismos assumidos e disfarçados, de culto de mitos vivos, de feira de vaidades pessoais, de clientelismos de toda a sorte, a humildade no entrar, no cumprir e no sair é o timbre de um verdadeiro republicano e de um verdadeiro patriota.
Se Sampaio é o exemplo a seguir, então quem não apresenta "a humildade no entrar, no cumprir e no sair"? Estaria o Prof. Marcelo a referir-se a alguns dos actuais candidatos a PR?

Texto já colocado no Insurgente.

Presidenciais

Ontem fiquei muito admirado ao ver o debate entre os três candidatos presidenciais, o Dr. Mário Soares, Manuel Alegre e Professor Cavaco Silva. E fiquei admirado pelo silêncio do Professor Cavaco Silva perante os ataques insistentes do Dr. Mário Soares. Nada, reacção nenhuma.
Ainda por cima os argumentos eram fracos, fantasmas que O Dr. Mário Soares lança para o ar e vai repetindo vezes sem conta, à espera que o povo acredite. E o professor Cavaco Silva nada.
Espera lá, mas aquele debate não era só entre Mário Soares e Manuel Alegre? Ahh!!!! Por isso o outro não se defendeu

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Silent Partner

A propósito da abertura do processo de infracção por parte da UE contra Portugal, por causa da "golden share" na PT, disse o ministro das finanças, Teixeira dos Santos (via RR):

"Se a orientação, a nível europeu, for a de que não faz sentido manter «golden shares», eu creio que o Estado português terá que reconsiderar os termos em que mantém a sua posição e a sua presença nalgumas empresas. Se o Estado entender que subsistem as razões que justificaram a existência de «golden shares», terá que arranjar outras formas de continuar a participar na vida societária dessas empresas de forma a acautelar os seus interesses. "

Não passa é pela cabeça de ninguém, que o estado deixe de estar presente no mercado, condicionando a gestão de algumas empresas e o funcionamento de certos mercados/sectores. É uma ideia prevalecente em Portugal, que colherá apoio em todos os candidatos a P.R., como se tem constatado. Vão ter, os defensores do intervencionismo económico, de puxar pela imaginação para encontrar maneira de serem um "silent partner" nas tais empresas/sectores estratégicos para o futuro do país (quiçá do Universo). Os quais, neste momento passam pela CP (a tal empresa hiper-falida) e deveriam passar também pelas Pousadas de Portugal (na opinião do Dr. Soares).
Será que depois de introduzir a figura dos Controladores em cada ministério, o Sr. ministro se prepara para introduzir a figura do Testa de Ferro Público, nas participações estatais?

Boas Recordações

Nestes tempos de presidenciais, quedo-me pela música e recordo os melhores concertos do ano :

Example
Sussan Deyhim no Ribeirinha-Festival de Mulheres, Guarda.

Example
Animal Collective no aniversário da ZDB, em Cacilhas.

Example
Nina Nastasia na ZDB, Lisboa.

Example
Smog no Clube Lua, Lisboa.

Example
Hermeto Pascoal no Músicas do Mundo, Sines.


Foram para mim os cinco concertos do ano. E muito me custa deixar de fora os American Music Club e o grande Mark Eitzel. Mas não há nada a fazer. É a vida.

terça-feira, dezembro 13, 2005

O Som no Office

Example

The Bass-ic Collection - Stanley Clarke

Efeitos da guerra preventiva

Example

Ou as consequências inesperadas das nossas acções :

a) A Coreia do Norte entrou no clube das nações que possuem a bomba nuclear.
b) Eclipse do campo reformista no Irão.
c) O anti-semita Mahmoud Ahmadinejad ascende à presidência da República Islâmica do Irão e reforça a aposta no nuclear; esta está contida em b).
d) No Iraque, os soldados americanos não foram recebidos com flores, florescem sim as bombas da Al-Qaeda.
e) A credibilidade dos EUA, no Médio Oriente e em todo o mundo muçulmano, anda pelas ruas da amargura.

Vivemos tempos interessantes...

Só um, soube a pouco

Pastéis de Belém
Ontem.
No Bonfim.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Fala quem sabe

Vale sempre a pena passar pelo "A Forma do Jazz".
Agora há mais uma razão: o Nuno resolveu começar uma série de posts com o nome "Discos Essenciais".
Para começar, não está nada mal - Ornette Coleman: "The Shape Of Jazz to Come"

O Som no Office

Example
8:30 - Weather Report

Joe Zawinul, Wayne Shorter, Jaco Pastorius e Peter Erskine num grande disco. Ouça-se, por exemplo, o excelente "Birdland".

Pouca vergonha - II

Os processos disciplinares na C.M. Setúbal (sob suspeita de terem o objectivo de levar à reforma antecipada dos faltosos, num processo que teria o assentimento das chefias, antecipando a nova lei das reformas), culminaram, como era de esperar, em reformas compulsivas. Via RSO:
A Câmara de Setúbal decidiu levar os processos a votação por considerar que a resposta dada pela Direcção-Geral das Autarquias Locais ao parecer solicitado confirma que o procedimento adoptado no caso das reformas compulsivas foi correcto.
(...) Convicto da legalidade de todo este caso, Carlos de Sousa disse ainda que a necessidade de cumprir os prazos legais fez com que tomasse esta decisão. «Tenho a certeza de que todos os formalismos legais foram cumpridos», reafirmou o autarca da CDU.
Leia-se, então, o esclarecimento feito pela DGAL sobre este processo, para avaliar da prudência da decisão de concluir os processos disciplinares da maneira como Carlos de Sousa e a vereação comunista o fizeram:
Aposentações compulsivas na Câmara Municipal de Setúbal
Na sequência de notícias vindas a público hoje, em vários órgãos de comunicação social, em que é citada uma «fonte da presidência da Câmara Municipal de Setúbal», que invoca «um parecer da Direcção-Geral das Autarquias Locais (DGAL)», e que considera ter havido um «procedimento correcto» por parte do município, na instauração de dezenas de processos disciplinares com vista à aposentação compulsiva de trabalhadores faltosos, cumpre ao gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Administração Local esclarecer o seguinte:

1. A DGAL não emitiu, a este respeito, qualquer parecer.
2. A DGAL limitou-se a enviar à Câmara Municipal de Setúbal um ofício de resposta a uma solicitação camarária, em que remete a autarquia para a legislação do Estatuto Disciplinar dos Funcionários Públicos.
3. É, pois, absolutamente falsa a interpretação da “fonte” referida.
4. Resta acrescentar que por despacho do Secretário de Estado Adjunto e da Administração Local, e na sequência de notícias vindas a público através de um jornal diário, foi determinada a abertura de um processo de inquérito por parte da Inspecção-Geral da Administração do Território, que está a ainda a decorrer, com vista a apurar, com total rigor, as circunstâncias para o número inusitado de processos disciplinares na Câmara Municipal de Setúbal.
5. Pelo mesmo despacho foi ainda decidido remeter os elementos disponíveis à Procuradoria-Geral da República, para apuramento de eventuais ilícitos criminais, e ao Gabinete do Senhor Ministro de Estado e das Finanças.
Para além das questões legais, ficam as minhas dúvidas sobre a transparência e a velocidade com que estes processos foram despachados, contrariando o bom senso que ditaria que se aguardasse pelo fim dos inquéritos. O problema seria que, até lá, a nova lei estaria em vigor.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

O Theronismo avança

Senhores (e senhoras interessadas), eis a próxima Bond Girl em "Casino Royale".

Quando o socialismo era uma festa

Example

Os The Style Council fizeram da luta contra Lady Margaret Thatcher, inspiração para escreverem algumas das mais bonitas canções pop dos anos 80.
Ontem, ao fim de muito procurar, lá o encontrei: TSC em DVD. E as melhores canções do grupo estão lá todas, incluindo a versão "Have you ever had it blue?" (do original "With Everything to Lose") para o filme "Absolute Beginners" de Julien Temple (já agora: com músicas de Gil Evans, Charles Mingus, Bowie, Working Week e Sade).
Imprescíndivel.

There is a light that never goes out

Example

Este mês, na Uncut:

The Smiths
Imagine Arctic Monkeys, Franz Ferdinand and Babyshambles rolled into one - that's how important The Smiths were in the '80s. And 1986 was their peak year, the year they released their third album, The Queen Is Dead. In this Uncut exclusive, Johnny Marr, Andy Rourke and Mike Joyce talk to Smiths biographer and Uncut contributor Simon Goddard about the protracted sessions for the album that began exactly 20 years ago, in December 1985, and how they overcame problems with drink, drugs, depression and legal wrangles to create their masterpiece.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Crucifixos

Crucifixos abalam as boas consciências católicas.
É a escola pública que está em causa, apenas porque, timidamente, o Ministério da Educação entendeu cumprir o princípio da laicidade inscrito na Constituição da República, o dever da neutralidade do Estado perante as confissões.
Ora, a existência de símbolos religiosos na escola pública viola a neutralidade a que o Estado está obrigado; choca com a vocação universalista da escola republicana.
Não percebo a celeuma, trata-se tão-só de pôr cobro a uma prática instituída por Salazar, que mandou colocar crucifixos nas escolas em vésperas da concordata.
Dizem tratar-se de um atentado à liberdade religiosa. Não vejo como : a escola do Estado não esgota a esfera pública e os católicos, à semelhança aliás de todos os crentes, podem nesta ostentar simbologia religiosa. Não são perseguidos por isso nem ninguém está a relegar a religião para a esfera do privada.
Será desejo secreto de ter presença ostensiva na esfera pública, como fazem os fiéis do Islão militante. Se é isso, então os tempos não vão de feição para os católicos.

Autoeuropa - II

Para ajudar a perceber porque é que as respostas mais óbvias (resultantes de uma formatação socialista, ofuscante de outras análises) nem sempre são as mais correctas, deixo-vos duas referências bibliográficas (coisa que raramente me encontrarão a fazer), basilares para perceber o mundo para além das acções e consequências imediatas que delas resultam.
Se não se perceber quais os efeitos não imediatos, aquilo que não é vísivel mas que mesmo assim resulta da maneira como se age e decide, vamos andar sempre a procurar corrigir e alterar políticas económicas.
De Frédéric Bastiat, um economista francês que há duzentos anos respondeu a muitas das questões que ainda hoje perturbam quem se interessa por política económica (em inglês, mas também há em francês), "What is Seen and What is Not Seen". Também se aconselha, até a título de quase-humor, "Petition of candlestickmakers".
De Henry Hazlitt, "Economics in One Lesson", um livro perfeitamente acessível aos que não têm formação em economia. Como disse o próprio:
The art of economics consists of looking not merely at the immediate but at the longer effects of any act or policy; it consists in tracing the consequences of that policy not merely for one group but for all groups.

Autoeuropa

Na RR:

Os funcionários entregaram uma moção aprovada por unanimidade, onde rejeitam o aumento proposto de 2,5% e a redução do pagamento suplementar em 100%.(...)
Ouvido pela RR, Manuel Pinho não confirma nem desmente que o Executivo está a negociar com a VW a vinda de novos modelos para Palmela, apenas refere que oferecer incentivos neste tipos de negociações é um procedimento normal.

Deve ou não o Estado português subsidiar (directamente ou através de benefícios fiscais) a presença continuada da Volkswagen em Portugal?

Novo blog à esquerda

A seguir com atenção o novo blog de Miguel Madeira, o Vento Sueste.

terça-feira, dezembro 06, 2005

O debate e coisa mais importantes

Example
Não vi o debate até ao fim. Estava a ser monótono, com os dois candidatos na defensiva, um Cavaco hirto e um Manuel Alegre politicamente cristalizado. Foram abordados temas (a economia, a necessidade de qualificação da mão-de-obra, etc.) que não se inscrevem na esfera do presidente, mas sim na do governo. Em coerência, deveriam ter defendido um reforço dos poderes presidenciais, mas para isso era preciso audácia
Assim, decidi ir ao cinema ver Grizzly Man, retrato de um amador da natureza que teve uma morte trágica às mãos de um urso pardo do arquipélago Kodiak.
Timothy Treadweel viveu treze verões entre os ursos pardos, de 1990 a 2003, recolheu mais cem horas de filme, material que constituiu a matéria-prima para este espantoso documentário de Werner Herzog.
Assume a forma de uma biografia confessional em que perpassa todo o desajustamento de Treadwell em relação à sociedade (um passado de drogas, álcool e marginalidade), uma insubmissão infantil e um desejo profundo de ordem e harmonia que pensa descobrir na natureza. Mas a natureza não é harmonia, é ao contrário um mundo brutal e implacável, é, nas palavras de Herzog, o caos.
Treadwell é inocência, êxtase humano num mundo habitado por animais selvagens, desejo de pertença à natureza. E Isso para mim foi o melhor do filme. Sabemos que é um logro e que acabará vítima dessa mesa natureza que tanto amava e queria proteger, mas o significado de uma vida perdura.

Houve um debate?

Example

Parece que ontem à noite, dois candidatos à Presidência da República Portuguesa foram entrevistados por dois jornalistas da SIC. Aparentemente por falta de espaço, as entrevistas decorreram no mesmo estúdio e em simultâneo.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Visto

Example aaaKelly Reilly

Excelente filme, obrigatório para quem viu a "A Residência Espanhola".
Se a vida de estudante era tramada, chegar aos trinta é ainda mais tramado.
Nota especial para Kelly Reilly, uma actriz a seguir nos próximos tempos. Por muitas e boas razões.

Blaaarrggghhhh!

A mim também não me apanham a comer tal mixórdia!
Mas para quem acha a margarina um avanço civilizacional e alimentar, talvez seja boa ideia ler este texto no Diário de Lisboa (no Brasil...).

Problemas antigos

A perspectiva de problemas com a manutenção da fábrica Autoeuropa, da Volkswagen, em Palmela, recorda-me o processo de encerramento da Renault em Setúbal.
Nessa altura o Estado ficou com o encargo de socorrer os desempregados e encontrar alguém que reactivasse as instalações fabris.
Espero, como é óbvio, que seja possível um acordo entre as partes para que a fábrica se mantenha competitiva dentro do gupo e possa vir a aceder a outros projectos que lhe aumentem a longevidade. O que me parece que por vezes se esquece, é que a indústria automóvel cria e fecha fábricas em vários países, em intervalos de vários anos, dependendo da existência de projectos que as justifiquem. Infelizmente para Portugal, nada foi feito para o preparar, para o tornar mais atraente aos investidores nacionais e internacionais. Nada que servisse de compensação à provável perda deste contributo para o PIB (incluindo todas as empresas ligadas ao projecto da Volkswagen). Mantiveram-se as mesmas políticas de intervencionismo e sobre-regulamentação estatal. Manteve-se a predesposição a subsidiar ou taxar tudo o que se mexia.
É mais que o futuro dos trabalhadores, da região de Setúbal, aquilo que está em causa. O efeito no resto do país pode ser significativo - também via o peso acrescido para o estado providência que tantos milhares de desempregados significam. Pouco tempo resta para alterar o estado a que isto chegou. Espero que os neo-socialistas no governo (e na oposição...) percebam isto.
Texto já colocado no Insurgente.

Ana Beatriz

Dedicado a alguns mais distraídos.

Uma equipa fantástica...

... é aquela que mora lá no Bonfim.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Marissa Nadler

Example

Foi a minha descoberta deste ano, Marissa Nadler, compositora folk firmemente ancorada na tradição das baladas.
São canções belas, mas assombradas, que nos falam de abismo, morte e amores amaldiçoados, em que a atmosfera é impregnada por um negro romantismo.
É a um tempo melancólico e sublime este álbum, The Saga of Mayflower May.
Arrisco-me a dizer que estamos perante um talento digno de uma Joni Mitchell ou de um Leonard Cohen.

Mais 16 "jobs" para entes pouco laicos

Eis que avançam os Controladores (um em cada ministério), essa figura que assegurará que os outros nomeados políticos irão respeitar o OE.
No fundo, será alguém bastante íntegro e zeloso cumpridor das suas responsabilidades de vigilância. Será aquilo que todos os ministros, secretários de estado, sub-secretários, directores-gerais... que até hoje foram responsáveis pela gestão cuidadosa e responsável do dinheiro que os contribuintes entregam ao Estado, nunca conseguiram ser.No fundo, reconhece-se que os gestores da coisa pública (políticos eleitos ou gestores de carreira na Admnistração Pública), sujeitam as suas decisões a considerações outras que não a da melhor razoabilidade dentro do estimado pelo OE. Reconhece-se a tendência para satisfazer clientelas políticas ou de outra índole, para colocar interesses sectoriais à frente das limitações do financiamento fiscal.
Como solução recorre-se à figura do Controlador Financeiro (comum na maior parte das empresas com maior dimensão ou nas multinacionais). Só que esta função, nos moldes em que se espera que funcione no Estado, só pode vir a ser cumprida por quem tenha uma omnisciência comprovada (como analisar atempadamente a informação financeira de cada ministério, instituto, directoria-geral?) e uma omnipotência demonstrável (como intervir com autoridade para assegurar alterações efectivas de comportamentos ou de decisões?).
Creio bem que o processo de recrutamento e selecção deste "ser" servirá de prova aos que procuram demonstrar que em Portugal não há um estado laico...
Texto já colocado no Insurgente.

A tortura segundo Gonzalez

“Apenas os actos que afectam irremediavelmente a integridade física do prisioneiro”

Esta estreita definição de tortura foi obra de Alberto Gonzalez, jurista de estirpe neoconservadora e ministro da Justiça dos EUA.
Percebemos então porque são “variadas e inovadoras” as técnicas de interrogatório empregues pelos americanos, na expressão de um agente da CIA.
E percebemos também porque tivemos Abhu Graib.

Aeon Flux

Charlize Theron

Ou o porquê do avanço do Theronismo.