sexta-feira, abril 25, 2008

Imagens e cartoons de Abril





Em relação aos cartoons, o que ostenta a máxima "Mais vale tarde do que nunca" foi publicado in Os Ridículos, 11-05-1984.
O outro no República, cuja legenda me parece que diz "A desratização no Estado Velho", viu a luz do dia em 10-05-1974. Os seus autores são anónimos.
Foram ambos retirados do sítio do Centro de Documentação do 25 de Abril.

terça-feira, abril 22, 2008

O que está em jogo

«...No fundo, trata-se de escolher entre um PSD "à Bloco de Esquerda ou à PPD"
Marco António da Costa, in Público».

Francisco Martins Rodrigues
























(1927-2008).

Morreu Francisco Martins Rodrigues.
O meu (modesto) reconhecimento ao resistente antifascista. Ao grande combatente. Até ao fim.

Três Tempos



























Três tempos, diferem os contextos, mas o amor em comum.
O cineasta Hou Hsiao Hsien divide a narrativa em três partes, do tempo de amar, no coração da década de sessenta, ao tempo de liberdade, no dealbar do século, em 1911, até aos dos nossos dias, o tempo de juventude.
Diferem os contextos, sociais, culturais ou históricos, o que quiserem, mas a solidão causada pelos males de amor é universal. O cenário pode ser a sala de bilhar de tempo de amar, onde um homem se apaixona por uma mulher e depois tem de partir. Ou o requinte de um salão do início do século, onde assistimos à cumplicidade entre um homem generoso (intelectual ou político) e uma cortesã, sob o pano de fundo da cultura das concubinas e duma China obrigada a mudar, e cada vez mais sujeita a um Japão hegemónico. Aqui, em tempo de liberdade, Hou Hsien glosa o filme mudo (deliciosamente). E ainda o nosso tempo acelerado, o tempo de juventude, em que a intimidade se expressa cada vez mais via mensagens de telemóvel e e-mail, onde vemos duas mulheres jovens, que são namoradas, mas entre elas vai interpor-se um homem. Mas não chega a ser triângulo amoroso, é tão-só fragmento. Inacabado.
Um filme feito de permanências. Tocante.

segunda-feira, abril 21, 2008

Da actual vaga criminal em Setúbal

Não pode ser só impressão minha. Ou melhor: não pode ser que esteja sózinho nas minhas preocupações.
Durante os últimos seis meses a cidade de Setúbal tem sofrido uma sequência de assaltos à mão armada que me deixam verdadeiramente preocupado.
Não só preocupado com a minha segurança, com a dos meus amigos e familiares, mas também com a segurança dos bens de cada um de nós.
Sempre houve problemas de segurança em Setúbal, sempre houve bairros de onde se esperava ouvir as histórias de violência e incivilidade mais banais.
Creio no entanto que nos últimos meses há algo de novo.
A impunidade é completa. Completa.

Há uns meses atrás, quando as histórias de assaltos e violência se começaram a multiplicar, os comunistas que são maioria na CMS vieram acusar a oposição de saudosismo autoritário quando esta chamou a atenção para os sinais que a todos eram evidentes. Se tais palavras não fossem uma ofensa na boca dos comunistas aos que ainda têm memória e conhecem a história do comunismo, seria apenas mais uma das patetas tiradas dos saudosistas do totalitarismo vermelho, daquelas repetidas com veemência e espuminha raivosa no canto da boca.

Mas são uma ofensa.
Pelo menos a quem tem de trabalhar ou arrisca a investir para gerar riqueza suficiente para pagar os impostos que sustentam os subsídios dados aos programas sociais (essa "palavra doninha", adjectivo que tudo justifica), as organizações e interesses partidários que distribuem as benesses de acordo com a clientela a agradar.

Mas não estão sózinhos: o desrespeito pela vida e propriedade privada é uma virose que ataca todos os partidos. Todos têm medo que lhes apontem o dedo se levantarem a voz em defesa destes valores e contra os que se colocam em guerra com outros seres humanos que mais não querem que viver e ganhar a sua vida honestamente.

Não tenho ilusões; as coisas vão piorar e o que virá a seguir poderá não ser o que alguém como eu, que preza a liberdade e os direitos individuais acima de tudo, que se opõe ao aumento da intromissão do Estado e dos seus serviçais na vida de cada cidadão, possa considerar uma boa solução.

Espero apenas que uma tragédia não ocorra em breve na nossa cidade. Espero que todos os que me são queridos, os seus bens e interesses, não venham a ser vítimas do desleixo com que a corja trata do "core business" do Estado: a Justiça.

quarta-feira, abril 16, 2008

Leituras sobre Carris



Friedrich August von Hayek: "The Fatal Conceit: The Errors of Socialism"

terça-feira, abril 15, 2008

Festival Jazz Setúbal - II



No seguimento do anúncio do RENDEZVOUS | Festival Jazz Setúbal, a organização teve a amabilidade de me enviar o programa:
O Festival, a acontecer nos dias 10, 11 e 12 de Julho, conta com três modalidades de bilhetes: Passe de Três dias (35€), Passe Diário-Plateia (15€) e Passe Diário-Tribuna (10€), e todos os bilhetes terão acesso aos After-hours, de forma gratuita, sendo que o cartaz destes ainda não se encontra fechado, devendo haver conclusões nestes nas próximas semanas.

Na edição deste ano, estarão presentes, desde já, João Paulo (piano), que actuará em trio juntamente com Ricardo Dias (acordeão) e Peter Epstein (saxofone alto), Bernardo Sassetti (piano), a solo, e Júlio Resende 4teto (Júlio Resende – piano, Zé Pedro Coelho – saxofones, João Custódio – contrabaixo, João Rijo – bateria), que actuarão, respectivamente, nos dias 10, 11 e 12 de Julho, no Fórum Luísa Todi. Os concertos terão início por volta das 21:30 horas.

segunda-feira, abril 14, 2008

O acordo























“Um passo atrás para dar dois à frente.”
Vladimir Ilitch Ulianov (Lenine).

Sinto que, na matéria política da avaliação dos professores, o pensamento de Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação, está impregnado da lógica leninista. Do Lenine ao tempo da Nova Política Económica. E alguns comentadores socialistas, anónimos da blogosfera, também.
Estamos perante um recuo que não é o fim da história.
Do lado dos professores, parece que nem todos estão satisfeitos com o acordo assinado, prova de que o processo de luta esteve longe de ser apenas coisa de sindicados. Foi, ao invés, muito mais do que isso, um formidável movimento cívico, envolvendo muitos professores não filiados (a lembrar multidão de que falava Antonio Negri). E não é inédito ver os sindicatos serem ultrapassados pela espiral reivindicativa. Em Portugal e na Europa.

quinta-feira, abril 10, 2008

A nossa televisão

Esta televisão que é a nossa mais parece um buraco sem fundo. Agora é o filão da violência escolar via You Tube. Qualquer aluno, que inocentemente ponha aí o seu vídeo, corre o risco de o ver passar vezes sem conta nos nossos telejornais.

É o estado a que chegou o nosso jornalismo televisivo, por inteiro submetido às lógicas do espectáculo e da maximização das audiências.
É, em suma, uma televisão incapaz de reflectir sobre os seus próprios actos, incapaz de um julgamento crítico, em que parece não haver vida para além da capacidade de mimetização da indigência.
E lamentavelmente, a RTP deste nosso serviço público pouco se distingue das privadas.

quarta-feira, abril 09, 2008

O Ocidente, o Tibete e a China

Sabemos que este nosso Ocidente, dos publicistas aos estudantes universitários, gosta de dar lições de moral aos outros.
Costuma a África ser a vítima, mas desta vez o alvo foi o poderoso, e cada vez mais capitalista, império do Meio. Tibete é aqui a palavra-chave, com os Jogos Olímpicos de Pequim em pano de fundo.
O Tibete é uma causa popular no Ocidente. O Tibete passado, antes da chegada da China, é representado à imagem, quase diríamos, do paraíso perdido. Um doce lugar idílico no tecto do mundo, governado pela milenar sabedoria dos monges. E no nosso mundo progressivamente descristianizado e descrente das grandes causas seculares, o budismo conserva de há muito um forte poder de atracção entre os jovens mais instruídos, as gentes ligadas à cultura (e esta cultura é por norma de esquerda) e até à ciência. O problema é que, não raro, esta busca de sentido na filosofia budista desemboca em maniqueísmo (vem ao de cima o nosso lastro ocidental). A China é a fonte de todos os males, e a realidade assim é uma coisa simples, ainda para mais se a nossa é feita de desorientação materialista; de consumo e mais consumo.
Mesmo se sou sensível à causa tibetana, no que esta tem de defesa da identidade cultural de um povo, acho esta maneira de pensar e agir, que ficou patente em Londres e Paris, muito pouco consequente. E não estou certo de que ela aproveite ao Tibete, onde uma jovem geração de líderes parece cada vez mais pugnar por métodos bem mais clássicos de luta, afastando-se da política de não-violência do Dalai Lama. É verdade, aí está uma nova fornada de líderes tibetanos, que cresceu sob ocupação chinesa, que poderíamos dizer são filhos da China. Seria assaz difícil concebê-los num Tibete teocrático e imutável.
E agora a China, por este dias a encarnação do mal (receio que a coisa dure até ao fim dos jogos olímpicos). De pouco importa verem-lhe os progressos, mesmo noutras matérias, que não as da riqueza material. Há um abismo entre a China de hoje e a de 1989, mas muitos não vêem isso. Vêem só o Tibete.

No Le Fígaro, um outro olhar:

Nos exhortations sur les droits de l'homme, à la veille des Jeux olympiques, sont-elles vaines ?
J.-L. D. Je suis scandalisé par la niaiserie démagogique de certains commentateurs français sur la question. Un pays comme la Chine ne passe pas du totalitarisme à la démocratie en un tour de main. Il est un fait que la presse en Chine est très contrôlée et que 30 journalistes chinois sont en prison, souvent pour des raisons non politiques d'ailleurs, mais il faut aussi rappeler qu'il y a en Chine 550 000 journalistes. Idem pour les 80 à 100 internautes poursuivis sur les 210 millions d'internautes que compte ce pays !

terça-feira, abril 08, 2008

Festival Jazz Setúbal

Via O Setubalense:
Durante os dia 10, 11 e 12 de Julho, a cidade vai ser palco do RendezVous| Festival Jazz Setúbal, que vai trazer grandes nomes do Jazz a nível nacional e internacional.

O festival terá lugar no Fórum Municipal Luísa Todi, onde vão actuar, nos dia 10, 11 e 12 de Julho, artistas como Bernardo Sassetti, João Paulo e Júlio Resende, três músicos portugueses bastante destacados na cena Jazz nacional e internacional.

segunda-feira, abril 07, 2008

Negativland


Time Zones, do álbum Escape from Noise, dos americanos Negativland.

Ainda havia União soviética. Hoje, é a Federação Russa. Também imensa e também multiétnica; e com muitos fusos horárias. Talvez não tantos como os ostentados pela defunta União Soviética.

sexta-feira, abril 04, 2008

Ainda a educação

Duas ou três coisas sobre educação, eu que não sou professor, nem pai; nem tão-pouco especialista em ciências de educação ou burocrata dispondo de um confortável gabinete na 5 de Outubro. Dito assim, até parece que me estou a pôr à margem dos pecadores, visto que não me encaixo em nenhuma daquelas categorias e ter já há algum tempo deixado, penso, a adolescência. E enquanto adolescente não recordo muitas crueldades minhas, era um miúdo ensimesmado na escola e em casa, onde no escuro aconchego do quarto ouvia vezes sem conta o Foxtrot e o Selling England by The Pound, e outras coisas mais do rock progressivo, músicas fora do tempo, que ao tempo dos Joy Division e dos Young Marble Giants só tardiamente aderi.
Fico-me portanto pelo registo impressionista, ou talvez pelas afinidades electivas, no que toca à educação que é a nossa.
Começando pelo último Prós e Contras, programa que até nem costumo ver por aí além, porque não lhe aprecio nem o tempo nem o ritmo, nem tão-pouco a inclinação da moderadora pelos porta-vozes do establishment ou do governo, para empregar uma linguagem crua. Dedicado à autoridade nas escolas, o debate abriu e fechou com o psiquiatra Pio de Abreu, que discorreu abundantemente sobre o telemóvel, esse hodierno artefacto que até serviu para fazer abortar o golpe estalinista na então União Soviética, logo, contra tal maravilha da criação nada podemos, a não ser contemplar-lhe as democráticas virtudes. Do telemóvel para as ruas de São Paulo, o distinto psiquiatra tirou da cartola um taxista brasileiro que não gostava de polícias que tinham o atrevimento de se manifestar nas ruas, assim perdendo o respeito de todos os paulistas, óbvia, e deselegante, alusão à grande manifestação dos professores. Estava então o nosso psiquiatra ao abrigo do contraditório, porque a noite ia longa e já não havia tempo para mais.
A barricada dos especialistas contava também com o sociólogo João Sebastião, responsável do Observatório de Segurança nas Escolas (acho que é assim que se chama), digno representante de uma ciência (pobre sociologia!) cristalizada em estatísticas. Ele garantiu-nos não haver razão para alarme, o fenómeno é modesto entre nós, longe de se assemelhar aos states. Ao ouvi-lo fiquei com a impressão de que o nosso investigador padece do feiticismo da estatística. Não me parece que o observatório em causa seja um modelo de fiabililidade. Ou de isenção.
Os professores presentes disseram coisas interessantes, como por exemplo, quando lembraram que a alfabetização da Finlândia remonta ao século XIX, porque, digo eu, Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Foi patente, durante todo o debate, a clivagem (diria mesmo desconfiança; é ver tb o que se escreve nalguns blogs animados por professores) entre os profissionais do terreno e os teóricos da escola. Penso que isso não é bom para a educação, mas acaba por ser resultado do peso que estes últimos vêm assumindo nos corredores do ministério, e que se traduz num mar de portarias e regulamentos que transformam a vida dos professores num inferno burocrático. As teorias que emanam das ciências de educação podem até ser úteis à escola, desde que respeitem o tempo desta. Não podem é,à medida que surgem no universo da universidade ou da comunidade científica, serem logo vertidas burocraticamente. É uma questão de bom senso.
Não me queria alongar no Prós e Contras, mas não posso deixar de aludir à Joana Amaral Dias. Penso que ela não saiu da trincheira ideológica, o que foi pena. E acabou a defender mal a escola pública (a intervenção do blogger Carlos Abreu Amorim, que denunciou o discurso eduquês materializado nos especialistas presentes no debate, foi alvo da ira da Joana, que injustamente colou o Carlos a um passado salazarento).
Parte terminar, e à margem debate, a intervenção do procurador da república talvez fosse intempestiva num outro contexto, mas não neste, em que o discurso do Ministério raramente alude aos casos de indisciplina e violência nas escolas e quando o faz é para desvalorizar tais acontecimentos num universo estatístico virtual. Ora, é óbvio que isso fragiliza ainda mais os professores.

quarta-feira, abril 02, 2008

Singelos contributos para o debate sobre a suspeitosa subida de preços

O assunto está na ordem do dia. Até o Fórum TSF de hoje foi dedicado ao tema que tanto tem preocupado a direcção do CDS: como é possível que haja produtos cujos preços sobem acima da inflação?

Como contributo para a discussão, sugiro aos dirigentes dos CDS que ponderem também porque é que há produtos que sobem abaixo da inflação, porque é que há produtos que não sobem de preço e porque é que há produtos que baixam de preço (este parece-me o caso mais preocupante, tendo em conta que podemos até estar perante casos de dumping, por vezes da estirpe mais letal - o dumping social).Se sobrar algum tempo no período dedicado a estas reflexões sugiro, como tema extra, o porquê do desaparecimento de muitos produtos (e respectivos preços, claro) dantes colocados, em abundância, à disposição dos consumidores.

Em preparação para a discussão, no apoio à sua fundamentação argumentativa, sugiro alguma literatura que pode vir a ser útil na revisão de alguns conceitos base da economia socialista e marxista.

Já colocado no Insurgente.

terça-feira, abril 01, 2008

Visto


Se ainda não viu, do que está à espera?
Que o seu irmão lhe vá comprar os bilhetes?

Por falar em irmão...


Funplex - B-52's
Do novo disco, com saída este mês de Abril.
Vá, podem começar aos saltos.

Da vivência escolar e das regras de disciplina

Artigo 9.º
[...]
As regras de disciplina da escola, para além dos seus
efeitos próprios, devem proporcionar a assunção, por
todos os que integram a vida da escola, de regras de
convivência que assegurem o cumprimento dos objectivos
do projecto educativo, a harmonia de relações e
a integração social, o pleno desenvolvimento físico,
intelectual e cívico dos alunos e a preservação da segurança destes e ainda a realização profissional e pessoal dos docentes e não docentes.

E dos deveres do aluno (Artigo 15.º).

o) Conhecer e cumprir o estatuto do aluno, as normas
de funcionamento dos serviços da escola e o regulamento
interno da mesma;

in Estatuto do Aluno

Sobre o Estatuto do Aluno

De que tanto se fala, e ainda com o vídeo em pano de fundo, pois repetido ad nauseam pela televisão que é a nossa, a que dizem que fazemos por merecer, lá fui ao sítio do Ministério da Educação ler mais esta peça de fino recorte; e cuja retórica discursiva mais parece saída das páginas do 1984, pois é de novilíngua de que se trata.
Confesso que só a custo cheguei ao fim do documento legislativo que consagra os direitos e deveres do aluno, em subtexto de assimetria, evidentemente.
Nele confluem os formalismos de que padece o nosso sistema judicial (há até recurso hierárquico e autos para os alunos), bem como o rosário de boas intenções que, lamentavelmente, parece dominar o pensamento dos teóricos das ciências da educação… Tudo feito por gente que vive apartada da escola pública; do tempo desta.
Por tudo isso, só me resta reproduzir o que o António Barreto escreveu, no PÚBLICO de ontem:

O ESTATUTO cria um regime disciplinar em tudo semelhante ao que vigora, por exemplo, para a Administração Pública ou para as relações entre Administração e cidadãos. Pior ainda, é criado um regime disciplinar e sancionatório decalcado sobre os sistemas e os processos judiciais. Os autores deste estatuto revelam uma total e absoluta ignorância do que se passa nas escolas, do que são as escolas. Oscilando entre a burocracia, a teoria integradora das ciências de educação, a ideia de que existe uma democracia na sala de aula e a convicção de que a disciplina é um mal, os legisladores do ministério da educação (deste ministério e dos anteriores) produziram uma monstruosidade: senil na concepção burocrática, administrativa e judicial; adolescente na ideologia; infantil na ambição.

(...)

O processo educativo, essencialmente humano e pessoal, é transformado num processo “científico”, “técnico”, desumanizado, burocrático e administrativo que dissolve a autoridade e esbate as responsabilidades. Se for lido com atenção, este estatuto revela que a sua principal inspiração é a desconfiança dos professores. Quem fez este estatuto tinha uma única ideia na cabeça: é preciso defender os alunos dos professores que os podem agredir e oprimir. Mesmo que nada resolva, a sua revogação é um gesto de saúde mental pública.

António Barreto, in PÚBLICO, 30 de Março de 07.