Dois concertos memoráveis em Sines, no Músicas do Mundo. Em tudo distintos um do outro, mas ambos mágicos, capazes de nos transportarem para outras paragens, tenhamos nós a mente aberta ao desconhecido e ao mundo.
O guitarrista indiano
Debashish Bhattacharya ofereceu-nos uma música rica em nuances, feita de melodias e padrões rítmicos que se repetiam e, depois, eram admiravelmente desconstruídos, criando uma atmosfera de rara beleza. Os delicados sons e melodias saídos da “slide guitar”de Debashish encontravam o contraponto perfeito nos ritmos das tablas e percussões indianas. Foi um convite à meditação. E a nos deixarmos ir…
O percussionista
Cyro Baptista submergiu-nos numa orgia de ritmos plurais. De tonalidades várias e de loucura muita. Cada música era uma viagem de destino incerto, mas sempre cheia de adrenalina e emoção. Entrávamos em ritmos brasileiros não raro virados do avesso (quer fosse o samba ou o forró, etc) e, como por artes mágicas, desembocávamos num show de sapateado ou numa deliciosa incursão pelas terras do death-metal. Tivemos jazz, funk e até rock progressivo (um versão dos King Crimson), enfim, uma torrente de ritmos e linguagens musicais, num hino à universalidade da música. E muita comunhão e dança!
Cyro Baptista, acompanhado de quatro (excelentes) percussionistas/instrumentistas, trouxe-nos um espectáculo sugestivamente intitulado de Beat the Donkey.
Momentos inesquecíveis em Sines. Mais uma vez, o Músicas do Mundo de parabéns, pelo arrojo e sentido de risco na escolha das apostas musicais (e aqui também poderíamos falar do bluesman
James blood Ulmer,sozinho em palco e cujo concerto foi filmado para o canal Mezzo, ou dos polacos da
Warsaw Vilage Band).
Sines é, sem sombra de dúvida, o grande festival de música do nosso país.