terça-feira, julho 28, 2009

A campanha do partido que acha que os euros dos impostos vêm de Marte

Ficção (não)científica assegurada nos próximos tempos pelo site da candidatura do Bloco de Esquerda às autárquicas em Setúbal:
Um Novo Dia
Este é um ponto de intersecção de ideias, pensamentos, reflexões, conhecimentos e apetites de futuro. É chão que se pisa para intervir, agir e dizer!
Impressionante como estes alucinados tipos continuam a vender a banha da cobra. Como dizia uma amiga há uns tempos, "o contigente de malucos em Portugal é exagerado".

Sim, eu sei...
Não uso verdadeiros argumentos racionais. Mas qual a racionalidade do argumentário bloquista?

segunda-feira, julho 27, 2009

Sines - A Magia do Músicas do Mundo




Dois concertos memoráveis em Sines, no Músicas do Mundo. Em tudo distintos um do outro, mas ambos mágicos, capazes de nos transportarem para outras paragens, tenhamos nós a mente aberta ao desconhecido e ao mundo.

O guitarrista indiano Debashish Bhattacharya ofereceu-nos uma música rica em nuances, feita de melodias e padrões rítmicos que se repetiam e, depois, eram admiravelmente desconstruídos, criando uma atmosfera de rara beleza. Os delicados sons e melodias saídos da “slide guitar”de Debashish encontravam o contraponto perfeito nos ritmos das tablas e percussões indianas. Foi um convite à meditação. E a nos deixarmos ir…

O percussionista Cyro Baptista submergiu-nos numa orgia de ritmos plurais. De tonalidades várias e de loucura muita. Cada música era uma viagem de destino incerto, mas sempre cheia de adrenalina e emoção. Entrávamos em ritmos brasileiros não raro virados do avesso (quer fosse o samba ou o forró, etc) e, como por artes mágicas, desembocávamos num show de sapateado ou numa deliciosa incursão pelas terras do death-metal. Tivemos jazz, funk e até rock progressivo (um versão dos King Crimson), enfim, uma torrente de ritmos e linguagens musicais, num hino à universalidade da música. E muita comunhão e dança!

Cyro Baptista, acompanhado de quatro (excelentes) percussionistas/instrumentistas, trouxe-nos um espectáculo sugestivamente intitulado de Beat the Donkey.

Momentos inesquecíveis em Sines. Mais uma vez, o Músicas do Mundo de parabéns, pelo arrojo e sentido de risco na escolha das apostas musicais (e aqui também poderíamos falar do bluesman James blood Ulmer,sozinho em palco e cujo concerto foi filmado para o canal Mezzo, ou dos polacos da Warsaw Vilage Band).


Sines é, sem sombra de dúvida, o grande festival de música do nosso país.

Temos candidato!

Jornal de Setúbal (sem link disponível, edição de 27-07-09):
CDU avança com Ricardo Oliveira à Assembleia Municipal
Ricardo Fialho Oliveira é o cabeça de lista da CDU à Assembleia Municipal.
Membro da Assembleia Municipal desde 2005, Ricardo Oliveira é setubalense, natural da Freguesia de São Sebastião, tem 38 anos e é funcionário do PCP, sendo membro do Comité Central, integrando a Comissão para os Assuntos Económicos.


A notícia é acompanhada da fotografia do candidato a qual me recuso a publicar uma vez que ficou com uma expressão facial demasiado séria e engravatada, quiçá já antevendo o peso das suas novas responsabilidades (por enquanto como candidato...).

Ricardo, camarada, pessoalmente sabes que te desejo a melhor sorte. Politicamente, cá estarei para te ir contrariando como sempre temos feito aqui no Office. Sei que o Marvão também te saúda e estará atento, não deixando certamente de contribuir com os seus comentários.

Infelizmente não antevejo grandes dificuldades para o PCP nestas eleições dado o calibre da oposição. Pobre cidade...

quinta-feira, julho 23, 2009

E o contribuintes agradecidos irão erigir-Lhe colossais estátuas douradas

SIC: “Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu”

Os últimos 35 anos de regabofe despesista dos governos socialistas (todos…) foram suportados pelos impostos de quem trabalha, poupa e investe. E foram-no de forma crescente. Um executivo que se gaba dos resultados atingidos com o aumento da receita em vez da dimuição do desperdício na despesa é o culminar de um percurso de décadas em que se promoveu a falta de vergonha pública e estatal.

Não tenho grandes esperanças na alteração de rumo para o país nos próximos anos. Uma das razões é a diferença que existe entre quem são os eleitores (ou de outra forma, os que estão incritos como tal) e quem são os que pagam todo o regabofe. Só quando os partidos e em particular os seus dirigentes tiverem respeito pelo dinheiro dos contribuintes e tal evidenciarem nas suas propostas eleitorais, poderemos esperar uma mudança que nos tire do caminho para a subserviência do Indíviduo ao estado e aos seus líderes do momento.

No entretanto e como contribuinte agradecido, sugiro a criação de uma taxa sobre os raios solares (calculada em função do número de horas de exposição ao Sol de cada contribuinte) para financiar a necessária homenagem dos Lusitanos ao seu insubstituível Primeiro Ministro e Secretário Geral do Partido Socialista.
Já colocado no Insurgente.

quarta-feira, julho 22, 2009

Francesca Woodman


















Boulder, Colorado (1976).

terça-feira, julho 21, 2009

Tale of Tales


Yuri Norstein (1979)

segunda-feira, julho 20, 2009

Imagens -Tale of Tales


Filme de animação realizado por Yuri Norstein (1979).

Ecosocialismo

Sinto que é por aqui que passam as alternativas, o que é indissociável da crítica dos modelos de crescimento, nas suas variantes capitalista e socialista (pelo menos como foi imposto no passado):

The present economical and ecological crisis are part of a more general historical conjoncture : we are confronted with a crisis of the present model of civilization, the Western modern capitalist/industrial civilization, based on unlimited expansion and accumulation of capital, on the "commodification of everything" (Immanuel Wallerstein), on the ruthless exploitation of labour and nature, on brutal individualism and competition, and on the massive destruction of the environment. The increasing threat of the breakdown of the ecological balance points towards a catastrophic scenario - global warming - that puts in danger the survival itself of the human species. We are facing a crisis of civilization that demands radical change.

Ecosocialism is an attempt to provide a radical civilizational alternative, rooted on the basic arguments of the ecological movement, and of the Marxist critique of political economy. It opposes to the capitalist destructive progress (Marx) an economic policy founded on non-monetary and extra-economic criteria : the social needs and the ecological equilibrium. This dialectical synthesis, attempted by a broad spectrum of authors, from James O'Connor to Joel Kovel and John Bellamy Foster, and from André Gorz (in his early writings) to Elmar Altvater, is at the same time a critique of "market ecology", which does not challenge the capitalist system, and of "productivist socialism", which ignores the issue of natural limits.

Michael Lowy, in Znet

P.S. O artigo completo pode ser lido aqui

segunda-feira, julho 13, 2009

Leituras sobre Carris



Uma Conspiração de Estúpidos - John Kennedy Toole

Há muitos anos, enquanto procurava um livro para oferecer a um amigo pelo seu aniversário, encontrei este livro. Não conhecia; li o resumo e a biografia que a editora colocara no livro. Soube logo que o meu amigo iria gostar, o que se confirmou quando lhe o ofereci (na altura, era fácil descobrir os presentes ideais para os amigos que ainda não tinham desaparecido por entre a selva da paternidade). Ele conhecia o livro mas ainda não o lera.
Tantos anos depois, a Sábado colocou o livro pelo meio de uma das suas "bibliotecas". A nota mental que há muito tinha ficado esquecida ("tens de ler isto") foi finalmente satisfeita.
Muito bom.
Ignatius J. Reilly é uma enorme personagem.

domingo, julho 05, 2009

Leituras mui recomendáveis

Excelente notícia esta da publicação em português de mais alguns livros de Evelyn Waugh, um dos meus autores favoritos.

Relógio D’Água Editores:
A Relógio D’Água vai publicar as Obras Escolhidas de Evelyn Waugh. Além do já saído Reviver o Passado em Brideshead, serão editados Declínio e Queda, Corpos Vis, Malícia Negra, Enviado Especial e a trilogia Homens em Armas, Oficiais e Cavalheiros e Rendição Incondicional.
Em Portugal estão publicados na Cotovia outros livros do autor, como Ente Querido e Um Punhado de Pó.


Evelyn Waugh (por Henry Lamb)

Leituras sobre Carris



Os Nomes - Don DeLillo

sexta-feira, julho 03, 2009

Virginia

Sempre com o olho no dinheiro alheio

Para os espaciais candidatos do Bloco de Esquerda, os Marcianos estão sempre dispostos a pagar-lhes os custos.
Não há ninguém que explique a estes esquerdistas que são os impostos (em grande parte do proletariado a quem prometem que  tudo pode ser gratuito) de todos os já exauridos contribuintes que no fim têm de suportar as suas... à falta de melhor palavra... ideias?
Talvez seja por muitos deles serem funcionários estatais, sem suportar uma efectiva taxa de imposto sobre os seus rendimentos, por isso lhes seja fácil sugerir tantas maneiras de usar o resultado do trabalho, poupança e investimento alheio.

"O candidato à presidência da Câmara de Setúbal pelo Bloco de Esquerda (BE), Albérico Afonso, convidou Heitor de Sousa, economista especialista em transportes públicos, para responder aos problemas apresentados.
(...)
“Os transportes públicos deveriam ser gratuitos” e os poderes públicos deveriam assumir a diferença entre custo e preço defendeu Heitor de Sousa.
(...)
Quanto a uma autoridade que regule a mobilidade e que promova investimentos, o deputado municipal na Assembleia de Lisboa esclareceu que existe uma “figura de lei desde 1990 mas que nunca saiu do papel porque nunca foram criados organismos de financiamento. A entidade está formalmente criada mas na prática não se sabe onde ir buscar o dinheiro”."



quinta-feira, julho 02, 2009

O peso da realidade

Para os que insistem nas (caducas) grelhas de leitura económica, a retoma estava ao virar da esquina. E o arranque da economia americana iria fazer-nos regressar ao tempo da prosperidade. Tudo não passaria de um pesadelo.
Só que mais uma vez a realidade teima em desmentir as preces dos analistas financeiros do costume, os tais que continuam enxamear as páginas dos jornais e nos entram casa adentro via televisões.
Os números do desemprego nos Estados Unidos aí estão para demonstrá-lo:

The U.S. economy lost 467,000 jobs in June as the national unemployment rate rose to 9.5 percent, the government announced on Thursday morning. While that's only one-tenth of a percentage point from May, the current rate is the highest rate in 26 years.

Heidi Shierholz, an economist with the Economic Policy Institute, said that the loss of 6.5 million jobs since the start of the recession combined with the growth of the workforce means that the gains of the previous business cycle have been completely blown away.

"This is the only recession since the Great Depression to wipe out all jobs growth from the previous business cycle, a devastating benchmark for the workers of this country and a testament to both the enormity of the current crisis and to the extreme weakness of jobs growth from 2000-2007," said Shierholz in a statement.

quarta-feira, julho 01, 2009

Venceremos!


O cartoonista Allan McDonald, detido pelo regime oligárquico restaurado pelo golpe militar, foi agora libertado graças à pressão internacional. Noutros tempos teria simplesmente desaparecido, como era prática entre os militares e oligarcas daquelas latitudes.
O golpe que embargou a democracia nas Honduras vem lembrar-nos que os militares continuam a ser a espada de Dâmocles que paira sobre as políticas democráticas e progressistas. Sem uma refundação do exército braço armado das oligarquias, qualquer política de esquerda está a prazo (Chávez bem o sentiu na pele).

O Investimento Público que eu gostaria de ter

Os investimentos públicos nosso país rimam com o novo aeroporto ou com o TGV. Ou, na modesta versão, com mais umas quantas auto-estradas que irão levar o tão almejado progresso ao nosso deprimido interior.
A discussão sobre como afectar os escassos recursos nacionais fica dividida em dois campos irredutíveis, ou seja, entre os amigos do investimento público e os inimigos deste.
Pela minha parte, sinto que sou avesso às dicotomias, gosto de me ver como o estranho, parafraseando o ensaísta Zygmunt Bauman, que não está fora nem dentro. O estranho é o elemento que vem perturbar o mundo ordenado e classificado em categorias diametralmente opostas.
Céptico daqueles dois grande investimentos, sou porém crente nas vantagens da modernização das linhas ferroviárias nacionais (desde a infância que amo os comboios, sentimento que nunca mais me abandonou). Mas não foram os comboios que me fizeram sair da modorra e descer (ou subir) até ao blog. Foram antes duas ou três coisas sobre as políticas para as cidade. E que têm a ver com o investimento público.
Gostaria de ver um plano nacional para a recuperação dos centros históricos cada vez mais deprimidos das nossas cidades (salvo raras excepções). O investimento público assim canalizado poderia gerar novas encomendas e emprego para a miríada de empresas de construção que operam à escala local e que hoje se debatem com muitas dificuldades. Teria a enorme vantagem de (re)orientar a actividade destas empresas para o sector da reabilitação. E centros históricos reabilitados atrairiam novos moradores, massa crítica para as cidades! E, com estes moradores, novas oportunidades de negócio (por exemplo, nas áreas da restauração) surgiriam! Enfim, acredito que haveria aqui um efeito multiplicador. Além disso, um plano desta natureza ajudaria a fazer recuar o paradigma do crescimento hoje dominante nas políticas autárquicas. Falo daquele crescimento imobiliário que tem desfigurado as nossa cidades, transformando-as em coisas descaracterizadas ou espaços suburbanos sem alma. Falo daquele crescimento que vê na paisagem natural um inimigo a abater e que vai comprometendo a nossa qualidade de vida. Teríamos mais desenvolvimento!
Sim, acredito nestas coisas. E sei, também, que por causa deste registo em tons impressionista serei apelidado de "socialista” pelo meu amigo aqui do blog.