DORY PREVIN - The Altruist &The Needy Case (1971)

O Partido de Vanguarda e a NATO

O partido de vanguarda julga-se o dono da rua. Faz parte do seu imaginário sentir-se o depositário da contestação.
No espaço simbólico da rua feita voz não admite a disputa ou a diferença, pelo que qualquer grupúsculo que não seja emanação do colectivo é fonte perturbação. Impureza cujo lugar é a quarentena.
Assim, na manifestação lisboeta contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte, hoje mais afeita a geografias muito pouco atlânticas, bastaram uns quantos anarquistas para perturbar a ordem da rua.
Porém essa aparição de desordem foi sol de pouca dura, pois logo os profissionais da vanguarda revolucionária e os agentes da segurança do Estado uniram forças para isolar do cortejo as incómodas formiguinhas anarquistas. E a ordem das coisas lá retomou o seu velho curso. E tudo acabou em bem.
É assim o partido de vanguarda: um pé na rua, outro na segurança do Estado.

100 Anos

Vitória Futebol Clube

À atenção das camaradas

Através do Rui Carmo, chego a este texto no Avante!. Um artigo de opinião assinado por Correia da Fonseca a propósito da libertação da Prémio Sakharov (1990) e Prémio Nobel da Paz (1991), a birmanesa Aung San Suu Kyi (meu destaque):

"Mas acontece que Suu Kyi é mulher e que para mais tem aquele arzinho fisicamente frágil que nos dá cuidados quando a imaginamos presa. É certo que na sua própria residência, que é capaz de ser mais confortável que a minha. Mas imagino que deve ser terrível para uma mulher, para mais senhora de boa disponibilidade financeira, não poder sair de casa para ir às compras no hipermercado mais próximo."

O resto do texto é tão desprezível como este parágrafo.

No Parking - II

N'O Setubalense de hoje:
"A Câmara Municipal de Setúbal aprovou por unanimidade, uma moção, apresentada anteontem em sessão pública, pelos vereadores do PS, no sentido de questionar a Refer sobre o adiamento da entrada em funcionamento do parque de estacionamento da remodelada estação de comboios da Praça do Brasil."

Ainda bem que todos nos preocupamos e concordamos que há funcionários estatais que não estão a desenvolver a sua actividade com a devida celeridade.
Curiosamente, foi o PS a apresentar a moção.
Não é este o partido que teve nos últimos 5 anos a responsabilidade de nomear estes funcionários estatais?
Podiam aproveitar um qualquer encontro ou comício ou lá o que chamam aos ajuntamentos de camaradas e companheiros para os questionarem.

No Parking

Na Pç. Do Brasil, como parte das obras da estação de comboios, foi criado no passeio da Av. da Portela uma zona para que os autocarros pudessem parar para tomar e deixar passageiros. Acontece que mesmo estando a zona devidamente sinalizada (caberiam pelo menos 3 autocarros atrás uns dos outros), os automobilistas aproveitam para estacionar aí as suas viaturas e os autocarros ficam parados numa das faixas da avenida. A polícia, obviamente, tem mais que fazer que se preocupar com isto.
Incompreensivelmente, o novo parque de estacionamento da estação ainda não está a funcionar.
Permitam-me que adivinhe: o funcionário estatal que na REFER tem o pelouro de carimbar a regulamentação para aberturas de parques de estacionamento ainda não foi a despacho com o funcionário estatal responsável por assinar a autorização que deve ser enviada ao funcionário estatal nomeado pelo governo para gastar o orçamento de obras. Este ainda não se coordenou com o funcionário estatal responsável por despachar estes assuntos com o funcionário estatal que é secretário de estado dos parques de estacionamentos estatais e porque os dias agora estão tristonhos é melhor deixar a cerimónia de inauguração lá para a Primavera.
No entretanto os que pagam (também) os salários destes funcionários estatais têm de deixar a viatura onde podem, numa zona tão carenciada de estacionamento.
País triste onde os funcionários estatais são tão fracamente competentes e ainda assim tão exigentes e gastadores.

Leituras sobre Carris

Black Mischief - Evelyn Waugh