segunda-feira, agosto 27, 2007

Recordando o que pensam os socialistas sobre o direito de propriedade e os OGM

Há cerca de dois anos atrás, a Câmara Municipal de Odemira (onde o PS é maioria), declarou o concelho como "Território Livre de Organismos Geneticamente Modificados (OGM)":
a reconhecida pureza do território odemirense não deve ser manchada por este tipo de atitudes, onde é mais importante o lucro desenfreado e imediato do que o uso racional do solo e a utilização de sementes naturais
O presidente, socialista, da CMO declarava então ao Diário do Alentejo:
Tal como os proprietários de terrenos podem optar por declarar as suas propriedades como zonas de não caça, também os municípios deveriam poder optar por declarar o seu território como Zona Livre de Transgénicos, proibindo este tipo de culturas.
Ou seja, as câmaras municipais deveriam poder autogar-se direitos de propriedade semelhantes aos legítimos donos (aqueles que pagam os impostos sobre as suas propriedades).

Alguns dias depois destas declarações, o presidente da Cooperativa Agrícola de Monte Alto (de Odemira, na zona de A de Mateus, perto do Almograve), dava conta dos bons resultados que os associados estavam a obter com a plantação de milho transgénico, numa experiência que se estendia por 150 hectares.
Ao Correio da Manhã, um cooperante dizia:
“Tenho 33 hectares de milho transgénico e convencional. No transgénico não tenho perdas, poupo bastante dinheiro em pesticidas e muita da minha saúde. É para continuar.”
Depois dos labregos, que destruiram um hectare de milharal, terem sido defendidos pelo deputado europeu eleito pelo BE, coube ao governo do partido (o socialista) que advoga a ingerência estatal na condução da actividade agrícola e na propriedade privada, vir a público oferecer os recursos do estado para que o agricultor pudesse levar a tribunal os ditos labregos.
Todos tivémos oportunidade de ver o ministro da agricultura a exibir uma maçaroca, aparentemente satisfeito com a qualidade que observava. Não sei se no PS, haveria concordância generalizada com esta defesa pública de uma plantação de OGM's em propriedade privada.

sexta-feira, agosto 17, 2007

Férias



Enfim! Vou ausentar-me por uns bons dias. Se tudo correr bem, amanhã ao fim do dia vou estar por estas paragens. Se a greve, culpa de malfadadas privatizações que só servem para degradar o serviço prestado e ir ao bolso do contribuinte, deixar…

quinta-feira, agosto 16, 2007

A Vacation




Agora que as férias estão à porta, lembro Wyatt. Por causa deste disco de impressões, em que Robert wyatt parece querer resgatar o tempo da infância e das férias.
A short break é a invocação desse tempo distante, talvez perdido em nós. Foi algures nos cinquenta, num Portugal passado, que Wyaat, ainda criança, descobriu outro modos de vida. A estranheza que não mais deixou de impregnar a música daquele que foi um dos nomes maiores da “cena Cantuária”.

Oh...yes...in other words take five, a space made vacant between daily tasks, literally, a vacation.

Some forty years ago, I was taken on holiday, to another Atlantic coast, to Portugal and discovered that there are different ways of behaving.

A few disorientating images remain, a few ghosts: the boy in the water, that was me, in the bowler hat, paddling on the shore, circulated on my earlier Rough Trade records, could that have been another me?

"IS EVERY MOMENT FOREVER?"


In a Short Break (1992).

sexta-feira, agosto 10, 2007

Pick Your Candidate

Fiz este teste para ver quem era o meu candidato, se eu pudesse votar nas primárias americanas.
Diz o teste que estou em perfeita sintonia com Dennis Kucinich, um democrata da ala progressista, que foi o mais jovem presidente de câmara (Mayor, como se designa por lá) da história dos Estados Unidos; com trinta e um anos. Em Cleveland, cidade por tradição proletária. O seu mandato durou dois anos, de 1977 a 79, e foi tempestuoso, segundo rezam as crónicas: Kucinich resistiu à privatização da central de energia e colheu a ira da máfia local.
Depois de Kucinich, vêm Mike Gravel, Hillary Clinton e Barack Obama, este último, confesso, é o meu preferido na contenda eleitoral que avizinha.

P.S. No fim da lista, no desacordo profundo, Romney, Tancredo e
Hunter.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Leituras sobre Carris



Declínio e Queda - Evelyn Waugh

Para quem, como eu, sempre se agradou com as sátiras socias inglesas, com o choque causado pelos recontros inter-classes que aparecem, por exemplo, nos livros de Tom Sharpe, foi um prazer descobrir este livro de Waugh.
Um excelente livro, esta primeira escritura do autor, bem antes de ele "reviver um certo passado".

domingo, agosto 05, 2007

You Are My Sunshine

You Are My Sunshine
My only sunshine.
You make me happy
When skies are grey.
You'll never know, dear,
How much I love you.
Please don't take my sunshine away

The other nite, dear,
As I lay sleeping
I dreamed I held you in my arms.
When I awoke, dear,
I was mistaken
And I hung my head and cried.

You are my sunshine,
My only sunshine.
You make me happy
When skys are grey.
You'll never know, dear,
How much I love you.
Please don't take my sunshine away.
Please don't take my sunshine away.

I'll always love you
And make you happy
If you will only say the same
But if you leave me
To love another
You'll regret it all some day;

You are my sunshine,
My only sunshine.
You make me happy
When skies are grey.
You'll never know, dear,
How much I love you.
Please don't take my sunshine away.

You told me once, dear
You really loved me
And no one else could come between
But now you've left me
And love another
You have shattered all my dreams;

You are my sunshine,
My only sunshine.
You make me happy
When skies are grey.
You'll never know, dear,
How much I love you.
Please don't take my sunshine away.

Louisiana my Louisiana
the place where I was borne.
White fields of cotton
-- green fields clover,
the best fishing
and long tall corn;

You are my sunshine,
My only sunshine.
You make me happy
When skies are grey.
You'll never know, dear,
How much I love you.
Please don't take my sunshine away.
Crawfish gumbo and jambalaya
the biggest shrimp and sugar cane,
the finest oysters
and sweet strawberries
from Toledo Bend to New Orleans;

You are my sunshine,
My only sunshine.
You make me happy
When skies are grey.
You'll never know, dear,
How much I love you.
Please don't take my sunshine away.

Written by former Louisiana State Governor Jimmie Davis and Charles Mitchell

Famílias Felizes

As famílias felizes parecem-se todas; as infelizes são-no cada uma à sua maneira.
Leão Tolstoi, in Ana Karenine.

quinta-feira, agosto 02, 2007

O acordo

O acordo firmado entre António Costa, actual presidente da edilidade lisboeta, e José Sá Fernandes, vereador independente eleito na lista do Bloco de Esquerda, é uma boa notícia para a cidade de Lisboa.
Porque consagra a reabilitação do edificado como prioridade e elege pela primeira vez a ecologia como dimensão central do planeamento urbanístico (“O Plano Verde será vertido no PDM, já no âmbito do processo de revisão em curso, assegurando a sua natureza vinculativa”).
Mas o que perturbou a quietude estival foi a notícia da consagração de uma antiga proposta de Sá Fernandes em medida de governo da cidade, visto que mereceu acolhimento favorável por parte de António Costa. Assim, futuramente, os projectos de construção e as grandes operações de reabilitação terão de contemplar uma quota mínima de 25% para a habitação a custos controlados. Trata-se da primeira tentativa séria de regulação de um mercado construção imobiliária que vem progressivamente desfigurando a cidade de Lisboa. E poderá ser uma forma de atrair estratos da classe média jovem para zonas hoje sujeitas a um fenómeno desertificação. É pois de louvar o compromisso assumido por socialistas e bloquistas. Penso que nem os comunistas nem os independentes da lista de Roseta se irão opor a tal medida, pelo que é muito provável que assistamos à sua consagração no PDM de Lisboa.
Evidentemente que os novos evangelistas do mercado e da ordem espontânea saíram a terreiro, logo secundados pelo presidente da Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas, brandindo o espectro do socialismo. Para eles, regulação é sempre sinónimo de socialismo, como outrora o vermelho era cor indissociável do comunismo. Falou-se de Havana, como não podia deixar de ser (ironicamente, Havana e Lisboa não estão assim tão distantes uma da outra, se olharmos ao mau estado do edificado…) Mas consta que medidas similares existem por exemplo em cidades americanos, pelo que é exagerado fazer crer que Sá Fernandes inventou a roda.
A ver vamos o que o futuro nos reserva. Mas há razões para ter esperança numa Lisboa mais humana. Porque Lisboa é um assunto demasiado sério para ser deixado ao mercado.

P.S. É talvez o facto mais marcante do Verão, o BE chegou ao governo da Cidade