sexta-feira, junho 26, 2009
quinta-feira, junho 25, 2009
quarta-feira, junho 17, 2009
terça-feira, junho 16, 2009
Irão em revolta
Imagens da revolta contra a teocracia.
Hossein Mosavi, um filho da revolução, corporizou o desejo de mudança de milhões de iranianos. Será o movimento encabeçado por Mossavi capaz de desencadear uma outra revolução? De sinal contrário àquela que desembocou no governo autocrático dos Mullahs? É difícil dar uma resposta, prisioneiros que estamos do tempo breve. E o tempo breve do acontecimento é propício a todas as ilusões! Mas sinal de que o regime leva a sério este movimento de revolta, foi a decisão de proceder à recontagem dos votos que foram a causa (epidérmica) do descontentamento. Talvez com o fito de esvaziar os protestos, mas não deixa de ser um sinal de recuo por parte do Ayatollah Ali Kamenei, que, num primeiro momento, se apressou a legitimar os resultados das eleições presidenciais que deram a vitória a Ahmadinejad. Quando as pessoas perdem o medo, os regimes tremem. E se este movimento popular vem, também, revelar poderosas fracturas no interior do regime iraniano, nada nos garante que o caminho seja o da recomposição. E não o da revolução.
Tempos interessantes na Pérsia/Irão.
P.S. Escolhi estas imagens, e não outras, porque nos mostram as semelhanças entre os homens. A Ocidente ou a Oriente, a mesma aspiração. Pelo menos no que toca à liberdade
segunda-feira, junho 15, 2009
Bon Iver - Stacks
This my excavation and today is kumran
Everything that happens is from now on
This is pouring rain
This is paralyzed
I keep throwing it down two-hundred at a time
It's hard to find it when you knew it
When your money's gone
And you're drunk as hell
(...)
Stacks - Bon Iver, do álbum For Emma, Forever Ago
segunda-feira, junho 08, 2009
Eleições Europeias - Reino Unido
"There is real damage here to Britain because we have never elected fascists in a national election.
"Fascists in the European Parliament where I sit have long wanted members from Britain to join this transnational group so for those reasons there is deep concern that we have now crossed that threshold.
"There was a long period in which we could have said neo fascists would not be elected in Britain to represent us in an international parliament."
Claude Moraes, in A Unite Against Fascism press conference (Westminster ).
Ironicamente, nos (negros) anos trinta do século XX, o século dos fascismos, os cidadãos britânicos pouco crédito davam aos fascistas indígenas, o grupo de Oswald Mosley pouco mais era do que uma expressão folclórica, sem qualquer peso na sociedade britânica, segundo George Orwell. Enfim, O Reino Unido era o país que julgávamos mais ou menos imune ao crescimento dos fascistas, ao contrário da Europa continental, muito mais permeável a tais ideologias. Por isso, não é normal que no Reino Unidos os (proto) fascistas consigam eleger deputados no Parlamento Europeu, engrossando as fileiras dos extremistas de direita. Tempos difíceis.
Europeias, Setúbal e devaneios
Extrapolando para as autárquicas e em jeito de futurologia (sei que é um exercício um pouco exagerado), arrisco dizer que muito provavelmente assistiremos à eleição de um vereador por parte do Bloco de Esquerda. Lembro ainda que Setúbal passará a ter onze vereadores, em vez dos nove actuais.
Podem ver os resultados aqui.
P.S. No Distrito, a CDU foi a força mais votada.
P.S (2). Outras curiosidades, na Freguesia de São Julião, a minha área de residência, o Bloco ficou à frente da CDU.
Eleições Europeias - impressões
Tiveram estas eleições europeias um forte pendor nacional: os eleitores que hoje (ontem) foram às urnas puniram o partido do governo, que registou um resultado muito fraco, abaixo dos 30%. O PSD venceu, mas a lógica da bipolarização parece estar em franco recuo (à direita, o CDS resiste, contrariando os vaticínios das sondagens).
Acima de tudo, o resultado destas eleições europeias vem alterar o clima político, quanto à inevitabilidade da vitória do Partido Socialista nas legislativas próximas. Ao contrário, tudo está agora em aberto, o que vem trazer maior dramatismo ao próximo acto eleitoral. Em tempo de crise duradoura.
No resto da Europa, a esquerda sofreu derrotas várias. O populismo (veja-se o resultado de Silvio Berlusconi) e a extrema-direita cresceram. Sombras sobre a nossa Europa.
P.S. Como se já não bastasse o falhanço das sondagens publicadas ao longo da campanha, ainda tivemos direito a mais do mesmo, com a publicação de sondagens sobre as legislativas….Enfim, é o mundo às avessas, pois em vez de se comentar factos políticos (neste caso, o resultado das europeias), comentam-se cenários virtuais, ainda para mais com inquéritos de opinião realizados antes deste acto eleitoral! Assim vai o nosso jornalismo.
quinta-feira, junho 04, 2009
Gostei desta formulação
Este Compromisso Eleitoral não pode ser acusado do pecadilho de esquecer as questões europeias/globais, em jogo nestas eleições. E não está eivado do nacionalismo costumeiro.
A candidatura apresentada pelo Bloco de Esquerda recusa quer o regresso ao proteccionismo, quer a "asiatização" das condições de trabalho na Europa para responder à concorrência no comércio internacional. Pelo contrário, sustentamos a urgência de um contrato mundial que, a exemplo do que defendemos para o combate ao aquecimento global, nivele "por cima" os direitos dos trabalhadores. Salários mínimos, horários máximos de laboração, descontos para a segurança social e direito de greve devem ser generalizados em todo o planeta. Em contrapartida, a Europa, os EUA e o Japão devem reconhecer aos países menos desenvolvidos o direito de protegerem as suas produções, e financiar os programas que compensem o custo social da abertura dos mercados.
O combate à pobreza e a defesa do poder de compra dos salários são a chave do relançamento das economias, do mesmo modo que o aquecimento climático é o horizonte que obriga à sua requalificação e mudança nos padrões de consumo. Uns e outro implicam uma nova ordem económica mundial onde os lucros se submetam à prioridade do emprego e da satisfação das necessidades colectivas.
Compromisso eleitoral da candidatura do Bloco às europeias
Tienanmen
Tienanmen foi há vinte anos. Tianamen foi a ponta do icebergue de um poderoso movimento social que afectou várias cidades da República Popular da China, envolvendo milhões de pessoas.
Os estudantes foram o actor primeiro de um movimento que não tinha um rumo político determinado, a não ser o da contestação aos privilégios e às práticas de corrupção da nomenklatura dirigente. A contestação alastrou também a outros grupos sociais, que comungavam das críticas que os estudantes dirigiam à elite política do país.
Foi um tempo em que o regime chinês esteve no fio da navalha. Quando um regime envia os tanques e o exército para suprimir uma revolta civil, é porque sente que o seu fim está próximo. De facto, o regime poderia ter implodido, se os militares não tivessem avançado sobre os estudantes da Praça de Tienanmen (veja-se o ocaso da União Soviética). Estudantes que durante as vigílias naquela praça chegaram a entoar a Internacional.
A história teve um final trágico: os tanques de uma unidade de elite do exército entraram em Tianamen e esmagaram a revolta estudantil, deixando atrás de si um rastro de destruição e morte.
Vinte anos depois, Tienanmen é como se não tivesse existido. O regime chinês sofisticou os métodos repressivos no quadro de uma economia capitalista pura e dura. E a China vive um processo de normalização. Milhões de chineses desfrutam da prosperidade do milagre económico. Pelo menos até à crise que agora assola o nosso mundo (a ver vamos qual o seu impacto no Império do Meio).
A China não é caso único. Ao invés, a história está cheia de exemplos de regimes autoritários que estão para a economia de mercado como peixe na água. Porque na História nada é adquirido. Democracia e autocracia/autoritarismo são pulsões que atravessam as sociedade humanas, em permanente tensão. O Fim da História é uma ilusão.
O Partido protege os interesses da classe média em detrimento da maior massa populacional; há uma “conspiração” de elite para proteger os interesses da classe média face aos mais pobres.
quarta-feira, junho 03, 2009
Império
O livro está dividido em três viagens ou, melhor dizendo, duas, porque na primeira é o Império que vai ao encontro de Kapucinski ainda miúdo, em Pinsk, a sua terra natal, então ocupada pelos soldados do Exército Vermelho. Estávamos no ano de 1939.
Depois, percorremos as repúblicas da Ásia e do Sul do Império, não fosse o interesse primordial do escritor e jornalista a sorte dos povos colonizados. É o segundo período do livro, entre 1958 e 1967, em que Kaupucinski nos revela o que está para lá da ideologia. As culturas e tradições, breve, fragmentos do quotidiano dos povos que habitavam as terras da União soviética.
Por fim, o ocaso do Império, os últimos anos da Perestroika, entre 1989-91. Não são, porém, os meandros da política que ocupam Kapuscinki, mas sim as pessoas comuns. Captar as estórias destas e assim dar-nos um fresco do Império, eis todo o talento de repórter que era marca de Ryxard Kapuscinki. Esta imensa viagem termina onde começou: em Pinski,. Já não na Polónia de Kapucinski, mas na Bielorrússia.
Wanik Santrian leva-me pelos sítios mais recônditos de Jerevan, porque foi precisamente o que lhe pedi: que nos afastássemos dos caminhos muito frequentados. Assim, chegámos ao pátio de Benik Petrusian. O pátio, fechado nos quatro lados pelas paredes das casas circundantes, é o lugar da exposição permanente dos trabalhos de Benik. Benik tem vinte e oito anos, formou-se na Academia de Belas-Artes de Jerevan e é escultor. Pequeno e tímido, vive no seu acanhado estúdio, cuja porta dá, precisamente, para o pátio da exposição. Penduradas nas paredes estão umas magníficas cruzes de pedra, chamadas Khatchkars, que, no seu tempo, os arménios talhavam nas rochas. Os Khatchkars encontram-se ao comprimento e largura da Arménia, porque foram o símbolo da existência daquele povo, marcavam as fronteiras e , por vezes, indicavam o caminho.
(Jerevan – Arménia 1967).
Desde jovem, explica gritando e desatando num pranto, tive que trabalhar num serralharia. Toda a vida trabalhei o ferro.
[…]
Pequena e magra, Anna Andreievna, mulher de cabelo prateado e rosto marcado e pálido, agita, com raiva, diante de mim uns poderosos punhos de aço, dignos de qualquer torneiro que tenha trabalhado o ferro toda a vida.
E, no entanto, mesmo no meio da sua maldita sorte, acaba por encontrar um facho de luz, uma migalha de satisfação humana, pois passado um momento acrescenta:
Puseram-me mãos de homem, fizeram-me estalinista, mas nunca me fizeram comunista!
(Novogorod – Rússia 1990).