segunda-feira, março 30, 2009
O PS propõe-se reconquistar o deserto
sexta-feira, março 27, 2009
Helena, não de Troia mas de Setúbal
"Sou fiel às minhas raízes: amo Setúbal, o rio, a serra..."
Helena Coelho
Sócia do Vitória Futebol Clube.
quarta-feira, março 25, 2009
O Desejo é o Estado Supremo do Capitalismo
Nem mesmo o Fernandes é capaz de defender a justiça de tais bónus auferidos pelos certamente iluminados gestores da seguradora norte-americana, salva da falência pelos contribuintes americanos, muitos dos quais, como é do conhecimento geral, não têm sequer seguro de saúde. Nem esse direito tão fundamental lhes é fornecido pelo estado americano, através da instituição de um sistema de saúde de vocação universal.
Regressando ao capitalismo, José Manuel Fernandes vem lembrar os (outrora) fundamentos morais deste sistema social, citando Burke e a tradição do "pensamento anglo-saxónico”. Opondo, como não poderia deixar de ser, o (benévolo) iluminismo escocês ao (pernicioso) iluminismo francês.
Depreende-se, pois, que a solução para os males da crise resida nesse regresso às origens. Nesse regresso à ética protestante que enformava o capitalismo do norte da Europa e que floresceu na América, em que os ganhos eram sabiamente diferidos.
Ora, lamento dizê-lo que tal não passa de um ilusão. Não é possível resgatar o passado. A chamada ética protestante do capitalismo faz parte de outro tempo histórico. Crer no seu regresso, de modo a “pôr na ordem” os nossos capitalistas, é como pretender impor o sistema de valores de um mundo rural a uma sociedade industrial em franca expansão, algo que Émile Durkheim compreendeu não ser possível.
Hoje o tempo é outro. O tempo das sociedades pós-industriais é moldado pelo consumo presente. Mais do que cidadãos, somos acima de tudo consumidores (talvez crianças grandes). E enquanto consumidores o que conta é o princípio do desejo.
Vivemos as nossas vidas sob o primado do desejo, processo que remonta talvez aos anos sessenta do século passado. Cada vez mais vivemos assim, e o velho mundo da ética protestante ruiu perante a força do hedonismo.
São os próprios economistas que nos dizem que quem comanda a economia (logo, a vida) é a procura. E a procura é esse consumo presente feito de um desejo sem freios. É o que faz o prodigioso crescimento tão incensado pelos economistas. Um crescimento que eles tratam de expurgar devidamente dos custos ambientais.
Enfim, razão ao Arcebispo da Cantuária, que num artigo no jornal Guardian dizia que tínhamos inventado um sistema para satisfazer os desejos das pessoas, sem olhar às consequências (Cito de cor). Mas as consequências estão aí, Porque desejo não raro rima com morte.
domingo, março 22, 2009
Descoberta sonora para retirar peso ao insustentável Domingo
At Swim Two Birds - In Bed With Your Best Friend
sexta-feira, março 20, 2009
Jornalismo de Servidão
Mais do que o reaccionarismo ou do que o sub-texto de autoritarismo larvar, o que mais me choca é a falta de pudor: agora até os anúncios de auto-promoção de uma qualquer rádio viram arma de arremesso contra aqueles que se manifestam nas ruas dos nosso país em defesa das suas causas, no exercício de um direito cívico.
Talvez revelador também do desespero destes que nos governam e de como eles estão dispostos a tudo para conservar a maioria absoluta. Gente perigosa.
Assim se vê a força da JCP
No Setubalense:
"Reparámos que o muro existente no final da rua da Tebaida – na “entrada” para a avenida Portela – está, tanto de um lado como do outro, pintado com meia dúzia de graffitis e com palavras de protesto contra o actual governo. Ambas as pinturas estão devidamente identificadas como sendo da JCP o que nos parece pouco respeitoso, por parte daquele grupo político de jovens, uma vez que foi determinação da Câmara (maioritariamente comunista) a limpeza daqueles muros e a proibição de neles ser deixada qualquer mensagem."
O que aconteceria se algum dos jotazinhos comunistas resolvesse pintalgar as paredes do edíficio da Câmara? Será que a camarada presidente iria ter coragem para dizer aos projectozinhos de proletário urbano que é má ideia abusar da liberdade de expressão?
Uma coisa é certa (falando mais a sério): de gestão política das suas massas percebe o PCP. Por isso, não se percebe que não percebam que esta prática "setentista" de sujar as paredes alheias só lhes dá má imagem.
Guardian versus Barclays Bank
Pecado do Guardian: o de ter revelado um intrincado sistema de fuga ao fisco, que passava pelas Ilhas Caimão, em que estava envolvido aquela prestigiada instituição financeira.
O Barclays, porém, diz que são ganhos de eficiência, em mais um exemplo de novilíngua corrente. E recorreu, com sucesso, à Justiça, que intimou o periódico britânico a retirar do seu sítio na internet todos os conteúdos que aludam às diatribes fiscais do banco.
O Barclays, que obviamente não tolera formas de escrutínio público, arrastou o Guardian para uma batalha judicial que poderá ser financeiramente incomportável para o jornal. E pelos vistos, com prestimosa colaboração da Justiça britânica, não obstante esta ser sustentada pelos contribuintes de Sua Majestade, consegue silenciar um órgão de imprensa que nada mais fez a não ser jornalismo de investigação. Jornalismo de investigação em nome da causa pública.
terça-feira, março 17, 2009
Milk
Narra-nos a história a Harvey Milk, comerciante do Castro, bairro de São Francisco onde se concentrava a comunidade gay, que enveredou pela acção política em condições extremamente desfavoráveis e perante o cepticismo geral dos seus. Três derrotas eleitorais até à consagração em 1977, com a sua eleição para supervisor municipal (cargo mais ou equivalente ao do vereador, entre nós), reflexo do clima de mudança social que então envolvia a metrópole de São Francisco.
Milk compreendeu que a comunidade gay só poderia garantir os seus direitos se saísse do gueto onde se tinha (ou a tinham) encerrado. Se estabelecesse pontes com outros grupos sociais, como os sectores liberais, a working class ou os idosos. Mas, como o filme nos mostra, foi um duro combate. Que exigiu muita coragem, até coragem física, sem esquecer o instinto político que também era atributo de Milk.
Gus Van Sant consegue com mestria focalizar o filme nesse agir político e ao mesmo tempo devolver-nos toda a densidade psicológica da personagem. Pelo seu filme perpassam as dúvidas e hesitações de Milk, a dor causada pelas implicações dessa escolha política. E para isso muito contribuiu a (excelente) interpretação de Sean Penn.
Milk acabou vítima de assassinato às mãos de um seu par vereador, um político conservador, esse sim, guetisado numa São Francisco cada vez mais liberal. Mas não sem antes contribuir para a derrota da (totalitária) Proposition 6, da autoria do senador John Friggs (pretendia excluir os professores homossexuais do ensino público), rejeitada em referendo pelos eleitores do Estado da Califórnia.
Milk, um filme incontornável.
segunda-feira, março 16, 2009
O calendário do alcatrão
domingo, março 15, 2009
Vistos
Changeling - A Troca
Mais um excelente filme de Clint Eastwood, com uma grande interpretação de Angelina Jolie. Destaque para a banda sonora, composta pelo realizador.
Watchmen - Os Guardiões
Mais um filme para os cromos (como eu...) que adoram estas bandas desenhadas e se pelam pela sua passagem ao cinema. Aviso: os "liberals" mencionados de forma pouco abonatória ao longo do filme são a versão americana do termo. Ou seja, os socialistas lá do sítio. Ah... pois... talvez não seja recomendável a jovens urbanos impressionáveis...
segunda-feira, março 09, 2009
Bandalheira
Tudo o que se tem passado nas obras realizadas na Av. Luisa Todi, ao abrigo do Polis, merece este qualificativo.
Os comunistas, auto-consagrados campeões da organização, demonstram que sem competência poucos processos, mesmo os testados em décadas de organização partidária, resistem.
Infelizmente, ou muito me engano ou o PCP e a actual autarca preparam-se para vencer as eleições por falta de comparência da oposição. Pobre cidade.
sexta-feira, março 06, 2009
O Complexo de Baader-Meinhof
Confesso que esperava um filme mais centrado nas figuras que deram nome ao movimento de guerrilha urbana que aterrorizou a então República Federal Alemã, nos idos anos setenta. Esperava, em particular, que a enigmática Ulrike Meinhof ocupasse o centro da narrativa. Que mais tempo fosse destinado ao processo que a levou a passar do jornalismo para a luta armada.
O realizador preferiu uma abordagem mais genérica, centrada no modus operandi e na evolução do grupo, do que a aventurar-se pelos caminhos do psiquismo. Assim, as personagens estão apenas esboçadas, caso de Andreas Baader, ou não escapam a alguma inconsistência, como me parece evidente em Ulrike. A excepção é talvez Gudrun Ensslin, companheira de Andreas Baader e figura cimeira do movimento (de um movimento em que as mulheres estavam em maioria), cuja personagem tem espessura.
O filme é honesto, pois não hesita em mostrar-nos o contexto que fez esses jovens estudantes e a jornalista Ulrike Meinhof desembocarem na violência, enquanto saída para aquilo que viam como o impasse político da sociedade alemã do seu tempo. Depois, a violência policial que o realizador não nos escamoteia, nomeadamente, o assassínio de um estudante, quando das manifestações de repúdio pela visita do Xá Reza Pahlevi, o despótico monarca iraniano. Enfim, havia um sentimento de profunda injustiça. Por causa da guerra do Vietname, das cumplicidades dos governos das democracias ocidentais com regimes inimigos da liberdade. E acima de tudo, a cultura do esquecimento em relação ao passado recente da Alemanha, o nazismo e a Segunda Grande Guerra.
O peso insuportável da injustiça e a marca do idealismo fizeram muitos jovens passar para o outro lado. O lado da violência sem retorno.
O Complexo de Baader-Meinhof termina com o auto-sacrifício dos líderes, então já presos, enquanto lá fora a segunda geração, mais brutal mas ideologicamente menos consistente, se entregava a uma espiral de assassinatos.
Questão que ecoa neste filme é a de como combater o capitalismo, um sistema iníquo que desumaniza o homem ao transformá-lo em peça de uma engrenagem que visa somente o lucro (nisso os membros do Baader-Meinhof tinham razão), sem cair noutras formas de opressão (e muitas vezes piores) ou na violência pela violência.
quinta-feira, março 05, 2009
Para teimoso, teimoso e meio
Eu já percebi que optaste por teimosamente não perceber para que serve o sistema bancário (nem porque se pagam salários a quem nele trabalha e o gere).
Presumo eu que pela mesma razão que optaste pensar que apenas os assalariados públicos justificam o valor do salário quando na realidade é exactamente o contrário.
Assim sendo, e levando ao absurdo o "jogo" que propões, interrogo-me para que raio servem todos os cientistas sociais (e candidatos a tal) que são pagos pelos impostos dos que realmente trabalham (sim: os funcionários públicos não pagam impostos, o que é algo que mais uma vez não irás querer perceber).
Infelizmente, são esses proletários (para ajudar a reconheceres a terminologia) do sector privado que pagam os devaneios teóricos destes "engenheiros sociais" aos quais não reconheço talento para nada - nem para mandar cantar um cego. Basta ver ao que conduziram as suas fantásticas políticas que visavam redesenhar o ser humano, os seus direitos, as suas instituições.
Quanto ao Rui Tavares, não passa de mais um raivososinho, daqueles que espuma pelos cantinhos da boca. Tem o voto garantido dos acéfalos jovensinhos urbanos que vivem dos salários que ganham os seus proletários pais, os quais não têm o luxo de poder dispor do rendimento alheio que os programas sociais prometem a quem nada faz para merecer.
terça-feira, março 03, 2009
Banqueiros, executivos...
Na sua coluna do Público de 02-03-09, Rui Tavares também aborda a questão dos executivos.
Já aqui no Office me tinha entregado a reflexões sobre o absurdo de uma sociedade que parece encontrar o seu arquétipo supremo na profissão do executivo, sinal do vazio ou da cultura da irrelevância que tolhe a nossa vida.
Transcrevo as (sábias) palavras do Rui:
Segue um exemplo simples, com consequências complicadas. Disseram-nos que os altos salários e os incentivos nos executivos da banca serviam para recompensar o “talento. Concentremo-nos na última parte. Que talento é este, para além do feito do trazer o sistema financeiro para a beira do colapso? Se falarmos com alguns dos seus justificadores, dir-nos-ão que os executivos não têm culpa individual do que se passou, mas que a pressão dos accionistas e a acção conjunta dos seus pares não lhes permitiria agir de outra forma. Trata-se, portanto, do talento de fazer tudo como os outros faziam.
Este “talento” dos banqueiros não tem portanto nada a ver como o real talento de um pianista ou de um neurocirurgião, embora fossem mais bem pago. Ao contrário destes, o trabalho do banqueiro é – para dizer francamente – banal. Que talento é necessário para estar sentado numa pilha de dinheiro e, por exemplo, absolver uma dívida de 62 milhões de euros a Manuel Fino?
Mas a coisa vai mais fundo: que interesse temos nós, enquanto sociedade, para compensar tão generosamente este talento?
Etiquetas: Do absurdo deste nosso Ocidente
segunda-feira, março 02, 2009
P.Sócrates
Sócrates pode fazer sua a célebre expressão que a História atribui a Louis XIV, “L'État c'est moi". Basta, por agora, substituir Estado por PS.
Afastado o debate de ideias e desvirtuada a crítica, sobra a imagem do líder que os especialistas de marketing político tão bem sabem projectar sobre todos nós, a ponto de conseguirem anular a ideia da possibilidade de uma alternativa.
Não é pois de admirar que os próximos (três) actos eleitorais se assemelhem a um plebiscito. Será José Sócrates contra a “campanha negra” que lhe têm movido alguns órgãos de comunicação, os poucos que ainda não conseguiu domesticar.
Arons de Carvalho deu o mote, os vilões são o Público e a TVI, mas não é difícil entrever nas suas palavras que outros actores mais poderosos se ocultam nas trevas. Ou não se tratasse de uma “campanha negra”.
Apelou-se à “decência democrática”, conceito que certamente no imaginário da imensa maioria dos militantes socialista andará a milhas de distância das formas de escrutínio mais comuns nas sociedades demo-liberais. Mas não nos esqueçamos que este é o “partido democrático” por excelência. E plural.
Temos o partido a cerrar fileiras em torno do seu líder, para evitar que o vírus da desconfiança se insinue na coesão interna. Por causa de um caso Freeport que ameaça pairar até às eleições. De um caso Freeport que tem demonstrado como estão entrelaçados os meios da política e da magistratura judicial.