segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Já acabou...?

Não?
Mais um dia? Depois prometem que se esquecem da coisa?
Então 'tá bem.
Mas vejam lá se se despacham.

Um dia alguém me há-de conseguir explicar isto.

Transgénicos em Odemira - II

Vai decorrer em Odemira o seminário “Transgénicos fora do prato!” no dia 3 de Março com a participação de um verdadeiro exército de combatentes pela pureza biológica das sementeiras e alguns movimentos que apoiam as mais notórias causas fracturantes da anti globalização. O seminário promovido por uma plataforma com o mesmo nome, parte do conceito que "as culturas geneticamente modificadas não trazem qualquer benefício para a sociedade, para o ambiente ou para a prosperidade económica da agricultura".

Não é esse o entendimento do presidente da Cooperativa Agrícola de Monte Alto:
É nesta zona junto ao litoral que a praga de insectos danifica a cultura do milho, por isso a razão de, em todo o mundo, se estar a utilizar este sistema para controlar estas pragas e só em Portugal fomos os últimos a aderir a esta método.
O milho é mais resistente e a plantação é mais sã, porque não é atacada pelas pragas(...) não podemos conferir os resultados finais, agora em resultados visuais está com um estado de sanidade muito melhor.(...)
Mas, claro, nem o homem deve perceber nada de agricultura pós moderna ou alterglobalista nem os consumidores conseguirão alguma vez ter capacidade de poder escolher a origem dos produtos que consomem. Ainda bem que alguém se preocupa em proibir para evitar que possamos escolher mal.

O Som no Office

Example

...schiuu...
Ouçam...

Um ano de insurgências

O Insurgente comemora o seu primeiro aniversário anunciando várias "contratações" e novidades.
Parabéns a todos os demais insurgentes!

À margem do Carnaval

Example
Pode ser considerado um roteiro à margem do Carnaval, mas é a minha escolha para Segunda à noite, o concerto da texana Jana Hunter na Zé dos Bois.

sábado, fevereiro 25, 2006

Truth In Advertising


Negativland

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Sea Song

Example
Sea Song
You look different every time you come
From the foam-crested brine
Your skin shining softly in the moonlight
Partly fish, partly porpoise, partly baby sperm whale
Am I yours? Are you mine to play with?
Joking apart - when you're drunk you're terrific when you're drunk
I like you mostly late at night you're quite alright
But I can't understand the different you in the morning
When it's time to play at being human for a while please smile!
You'll be different in the spring, I know
You're a seasonal beast like the starfish that drift in with the tide
So until your your blood runs to meet the next full moon
You're madness fits in nicely with my own
Your lunacy fits neatly with my own, my very own
We're not alone


Do álbum Rock Bottom, de Robert Wyatt.

Desordem

Não escondo que as ordens profissionais me causam alguma perplexidade pela naturalidade com que se aceita o seu papel de regulador dos mercados onde os seus membros actuam.
O que se tem passado com a integração dos novos licenciados na ordem dos arquitectos é mais um exemplo, revelador de como estas instituições são barreiras administrativas à entrada no mercado (geridas pelos interessados na manutenção do status quo, com o beneplácito do estado), limitando assim a competição e prejudicando a livre escolha dos consumidores.
Um argumento será sempre que assim se protege a sociedade de produção arquitectónica de inferior qualidade. Pois claro. Há que salvaguardar os consumidores dos serviços prestados por estes licenciados em arquitectura. De caminho salvaguardam-se da competição os benefícios dos já "ordenados" (pelos preços, por exemplo) ou da inovação que os novos membros da profissão possam trazer.
Via RR:

A presidente da Ordem, Helena Roseta, assume partilhar das dúvidas de constitucionalidade sobre o regulamento de admissão, mas remete a responsabilidade para o Presidente do Parlamento, a quem afirma ter pedido uma consulta ao Tribunal Constitucional.

Helena Roseta afirma que só poderá acabar a prova de admissão "se tal for deliberado pelos órgãos próprios da Ordem" ou por "sentença judicial", mas frisa não acreditar que essa medida contribua "para elevar o nível da qualidade profissional".

Texto já colocado no Insurgente.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Meteorologia esquizofrénica

Tanto ouvimos falar do aquecimento global, do aumento da temperatura média da atmosfera do planeta por culpa das actividades que o Homem desenvolve, que para todos é um dado adquirido que devemos mudar, por exemplo, os nossos guarda-roupas em acordo com as profecias da vox populi. Passar a usar mais t-shirts e menos cachecóis; mais bonés e menos luvas; menos pullovers e mais camisas de manga arregaçada. Enfim, parece que a época da "termotebe-e-o-meu-pai-também" chegará ao seu fim nos dias à nossa frente.

A realidade deste Inverno tem dificultado a concretização de algumas profecias. Lá por Bush não ter assinado o protocolo japonês, não deixou de nevar em todo o nosso jardim atlântico e a acreditar nas notícias de hoje, os alentejanos e algarvios poderão voltar a ter os seus montes sarapintados de branco. Quando já se viu?: um chaparro a pingar no degelo...!
Esta meteorologia esquizofrénica é capaz de tirar a calma a um alentejano. Este.

Elogio da Preguiça

Example

Para subverter a exaltação do trabalho, comum ao liberalismo e ao socialismo, o elogio da preguiça pelo escritor Albert Cossery :
Um idiota preguiçoso continua sempre a ser um idiota! E um preguiçoso inteligente é alguém que reflectiu acerca do mundo em que vive. Não se trata, pois, de preguiça. É tempo de reflexão. E quanto mais preguiçoso fores, mais tempo tens para reflectir.

Uma ética da preguiça, Cossery escreve, em média, uma linha por semana, um livro de oito em oito anos.

E porque escreve Cossery :

Pour que quelqu'un qui vient de me lire n'aille pas travailler le lendemain.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Jessica

Decerto congemina uma nova regra de atracção...

O combate à globalização

Carlos Chora (Coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa), depois de explicar como decorreu o processo de negociação do novo acordo de trabalho na fábrica de Palmela, queixa-se da globalização e avança algumas propostas à atenção da UE:

O Estado-nação português, como o conhecíamos antes da UE e do neoliberalismo, foi-se.(...)
O império global, globalizou a economia, desregulou, precarizou os direitos sociais e a vida. Com a ida da produção vem o desemprego e perda dos direitos, é a chantagem da competitividade e da deslocalização da produção.(...)
(...) interrogo-me sobre a necessidade de leis europeias que garantam direitos europeus e sociais mínimos, salários, horários e protecção no desemprego... em oposição à desregulamentação, leis que diminuam ou retirem o interesse económico das deslocalizações da produção. Leis que obriguem as empresam que deslocalizam a devolver os subsídios que recebem dos Estados e da União. Leis que penalizem as multinacionais que deslocalizam para fora da Europa com impostos de importação e ou exportação dos seus próprios produtos. Essas leis serão vantajosas aos trabalhadores da Alemanha, de Portugal, da Estónia, da Bulgária…

Já colocado no Insurgente.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Visto

Example

Recomendável entretenimento.

O caso David Irving

O historiador David Irving foi condenado, por um tribunal austríaco, a uma pena de três anos de prisão por ter negado a existência do Holocausto e das câmaras de gás de Auschwitz. A acusação baseou-se em dois discursos proferidos por Irving há dezassete anos, quando de visita ao país.
As teses do Sr. Irving são sem dúvida afrontosas para os sobreviventes e para as famílias das vítimas que pereceram nos campos da morte nazis. Merecem repúdio.
No entanto, creio ser perverso tratá-las no domínio penal, pois os processos em tribunal trazem uma aura de vítimas aos autores negacionistas, alvo da perseguição das “pérfidas democracias”.
É no domínio da sociedade, no decurso do livre debate de ideias, em particular no meio académico e científico, que tais teses devem ser reveladas em toda a sua fragilidade e postas a ridículo.
Reconhecendo tratar-se de um caso limite pelas suas implicações na História recente da Europa, julgo ainda assim ser necessário afirmar a liberdade de expressão de tais autores (objecto de acção penal deve ser o incitamento ao ódio ou à morte do “outro”).
Ir pelo delito de opinião é um caminho muito perigoso, e a prazo poderemos todos ficar a perder.
Este episódio lembra-me o de Faurisson e a sua defesa por Chomsky :

I do not want to discuss individuals. Suppose, then, that some person does indeed find the petition "scandaleuse," not on the basis of misreading, but because of what it actually says. Let us suppose that this person finds Faurisson's ideas offensive, even horrendous, and finds his scholarship to be a scandal. Let us suppose further that he is correct in these conclusions -- whether he is or not is plainly irrelevant in this context. Then we must conclude that the person in question believes that the petition was "scandaleuse" because Faurisson should indeed be denied the normal rights of self-expression, should be barred from the university, should be subjected to harassment and even violence, etc. Such attitudes are not uncommon. They are typical, for example of American Communists and no doubt their counterparts elsewhere. Among people who have learned something from the 18th century (say, Voltaire) it is a truism, hardly deserving discussion, that the defense of the right of free expression is not restricted to ideas one approves of, and that it is precisely in the case of ideas found most offensive that these rights must be most vigorously defended. Advocacy of the right to express ideas that are generally approved is, quite obviously, a matter of no significance.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Nada a Esconder

Example
Ontem, fui ver o filme de Michael Haneke, “Nada a esconder”, “Caché” no original.
É o regresso de Haneke ao bom cinema, depois de um decepcionante “Tempo do Lobo”.
O plano do genérico, imagem fixa de uma casa na quietude de um bairro residencial de classe média, parece prolongar-se na eternidade, neutro e monótono, até nos apercebermos que se trata de uma cassete vídeo que os protagonistas, George e Anne, visionam.
Instala-se então a dúvida em nós, real e a sua construção formam um todo indistinto, questionamo-nos se o que vemos não é apenas imagem vídeo de intrusão/vigilância.
Como espectadores, somos parte implicada, pois temos a mesma visão dos protagonistas e do seu misterioso observador e autor das imagens.
George e Anne (Daniel Auteuil e Juliette Binoche) são alvo de uma estranha vigilância, recebem cassetes vídeo e cruéis desenhos infantis que perturbam o seu quotidiano e que progressivamente disseminam o medo e a desconfiança na relação do casal.
Depois, somos remetidos para o passado de George, por meio do reencontro com o argelino Majid, na infância, e por um curto período, adoptado pelos pais de George. Este tempo da infância é o tempo de uma traição, sugere-se que Majid (“expulso do paraíso” e enviado para um orfanato) foi vítima de George, que nos oculta muito desse seu passado.
Passamos a falar de culpa, culpa que George não reconhece e que é metáfora da relação da França com o seu passado colonial, em particular a questão argelina; Paris, o massacre de partidários da Frente Libertação Nacional em 1961, em que pereceram centenas de pessoas.
O filme assume então um simbolismo sócio-político, a culpa não assumida pela França (por George) alarga-se ao Ocidente, através das imagens do noticiário televisivo, imagens que nos mostram a guerra do Iraque. É a conturbada relação com o mundo árabe.
O último plano do filme é novamente fixo, temos a escadaria de uma escola que progressivamente se esvazia de alunos até restarem apenas dois : são os filhos de George e Majid juntos, talvez estabelecendo a ponte entre dois mundos desavindos ou realçando a capacidade subversiva da juventude. Aqui, estarei talvez a dar um nota de optimismo onde ela não existe.
Haneke não é um optimista, mas acima de tudo um hábil manipulador, o clima de tensão gerado ao longo do filme é progressivo e de um rigor quase matemático.

Michael Haneke :
Nearly all of my films examine the nature of truth in cinema and in the media. I greatly doubt that a person can have an idea of the truth from watching a film. I always say that a feature film is twenty-four lies per second; the lies may be told to serve a higher truth, but they aren't always. I think the way the videotape is treated here shakes the viewer's confidence in reality. The first sequence you see in Hidden is ostensibly reality, whereas it is actually a stolen image filmed with a camcorder. Of course, I am wary of the reality we are supposedly seeing in the media.

sábado, fevereiro 18, 2006

Marissa Nadler

Tempo de chuva e vento, tempo de Marissa Nadler.

Fifty Five Falls, do álbum Ballads of Living and Dying.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Manias II

Example
talvez manias da Francesca de boa memória.
Hoje, vou deitar-me mais cedo para ver se não sou atormentado pelas insónias, "manias involuntárias".

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Manias

Bem, lá aceitei o repto da aLaíde, deixo aqui algumas manias(ou taras).

Lembrei-me destas :

1.Quando faço download de um qualquer álbum de música, não descanso enquanto não tiver passado para cd e arranjado a respectiva capa; só então começa o ritual da audição.

2.É um mal que carrego desde a infância, pelo menos uma vez ao dia verifico que tenho os atacadores mal atados. E pior emenda que o soneto, é que não resisto a fazer nós atrás de nós.

3.Sempre que compro um livro, o primeiro gesto é afagar a capa, espécie de irresistível desejo.

4.Na auto-estrada não ultrapasso os 120 Km, mais por medo do que por conformação à lei; sempre que posso furtar-me, não conduzo.

5.Talvez por masoquismo, começo a leitura diária dos blogs pelo Insurgente;

Reproduzo o regulamento :
"Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Além disso, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."
E lanço o desafio aos seguintes bloggers :
1. Luís Silva;
2. JCCA;
3. Miguel;
4. Paulo Pisco;
5. Renato Carmo.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Equívocos ou o Choque de Civilizações

A célebre tese de Samuel Huntigton tem sido glosada à exaustão nesta crise dos cartoons.
Choque de civilizações, as diferenças culturais como fonte potencial e primordial de conflito no dealbar do século XXI. A esta luz, Ocidente e Islão estariam em “guerra”, por serem portadores de valores civilizacionais irredutíveis.
Ora esta teoria comporta vários problemas, a começar no próprio conceito de civilização, que em Huntington parece assumir uma natureza imutável, meta-histórica.
Mas o que mais me arrepia é o determinismo intrínseco a esta teoria, a concepção culturalista de que os comportamentos individuais e as crenças dos homens são apenas produto destes diferentes complexos civilizacionais. Esquece-se tão-só de que as trajectórias dos indivíduos são, essas sim, irredutíveis, sempre singulares; mesmo que sujeitos ao mesmo ambiente cultural ou sistema de crenças, eles poderão divergir, assumir valores que estão nos antípodas.
Os que falam em “guerra de civilizações” reproduzem esta visão holista. E, paradoxalmente, o mesmo sucede com muitos dos adversários da teoria Huntingtoniana, que, nesta crise, se limitaram quase só a zurzir a “islamofobia dos cartoonistas”. Em ambos, a imagem das sociedades muçulmanas como totalidades monolíticas, onde não há diversidade nem dissensão. E assim, acabam por legitimar a posição dos islamistas, aos nossos olhos, depositários da “Civilização Islâmica”.
Não podia haver visão mais redutora, que esquece as vozes críticas da agit-prop islamista, como a da palestiniana Leila Shahid ou da egípcia Mona Eltahawy.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Presidente no final de mandato

Relativamente aos mandatos do Dr. Jorge Sampaio, como Presidente da República, a minha opinião é que não deixarão recordação. Talvez deixem, pelo periodo Santanista, pelo que o actual Presidente bem pode agradecer a Pedro Santana Lopes.

No entanto, não me parece que fosse nessário fazer as figuras tristes da semana passada. Mostrar que o Presidente não pode ir à totalidade do território não o dignifica, brincar às escondidas com o povo (ou parte dele que na minha opinião não representa ninguém) de Canas de Senhorim também não. Mas o que me impressionou mais, foi o Sr. Presidente falar da interioridade com grande preocupação, grandes críticas ao governo, grandes dissertações paternalistas e , pasme-se, ter deixado sete concelhos para visitar à pressa no final de mandato. De onde eram esses concelhos? Do interior.

Então Senhor Presidente andou distraído dez anos, é assim que se propõe dar a sua contribuição para acabar com as assimetrias do território?

Princípios e pontes

(...)"qualquer que seja o juízo negativo que possamos fazer sobre o sentido, a oportunidade, a intenção e o teor destas caricaturas, ele não põe em causa, de modo nenhum, o direito à liberdade de expressão"(...)
"nada justifica a violência, porventura orquestrada, pelo menos tolerada, que essas caricaturas provocaram em diversos países do mundo muçulmano"

"A nossa obrigação é que cada vez construamos mais pontes. Já chegou o Muro de Berlim e o muro construído recentemente entre Israel e uma parte da Palestina. Não vamos agora fazer um muro no Mediterrâneo! É preciso é pontes e alguns túneis, também"(...)
"porque não, além do campeonato do Mundo e do campeonato da Europa de futebol, fazer um campeonato Euro-Árabe? Acho que era uma das coisas que mais podia aproximar"

Talvez o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros esteja tão ocupado a escrever comunicados que não representam ninguém, que se tenha esquecido da oportunidade que vai ter, em breve, de construir pontes, viadutos ou autoestradas com os legítimos representantes do regime dos Ayatollahs. Para mais, poderá fazê-lo no âmbito de um campeonato mundial de futebol: é já a 17 de Junho que os jogadores portugueses vão encontrar a selecção iraniana em Frankfurt. Certamente o Sr. Prof. estará lá e poderá estender os braços e o seus habituais rasgados sorrisos a todos os dignitários iranianos.
A não ser que seja remodelado/reformado antes disso.

Texto já colocado no Insurgente.

A Felicidade na Alucinação

Ou como as alucinações dão sentido à nossa vida :

Esperei uma noite inteira debaixo de chuva torrencial para ter um vislumbre da amada a dobrar a esquina. Se calhar nem sequer era ela. Deus tenha piedade daqueles que nunca conheceram a alucinação de luz que preenche as trevas durante uma dessas vigílias.

George Steiner

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Theronismo

Por um sorriso suspiram os simples mortais.

Um Deputado da Nação que nos envergonha

Vitalino Canas, ontem, na Assembleia da República :
“As agressões simbólicas e materiais a Estados e cidadãos europeus merecem certamente a nossa repulsa, nada legitima esse actos hediondos, estão bem uns para os outros, os caricaturistas irresponsáveis e os fundamentalistas violentos, ambos só podem ser alvo da nossa condenação”
Atingimos o grau zero do relativismo.
Diz o ilustre deputado que quem desenha caricaturas está no mesmo plano dos que incitam à morte e espalham a violência à sua volta. Portanto, para o porta-voz do PS, são todos iguais. Como iguais eram o cineasta Theo Van Gogh e o seu assassino (lembram-se da fórmula “um fanático assassina outro fanático"?).
Com esta declaração, o sr. deputado roçou a indigência política.

Pela Liberdade de Expressão

Pela liberdade de expressão, subscrevemos este abaixo-assinado.
O texto parece-nos equilibrado, nele cabendo largo espectro político, democrata-cristãos, conservadores, liberais , a esquerda que ainda não renunciou à herança das luzes, etc.

Triste notícia

Desde há alguns dias que na caixa de comentários do Semiramis se dava conta do falecimento da sua autora, a Joana.
Infelizmente parece que tal notícia se confirma.

(Via Insurgente e Blasfémias)

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

On site

O Bruno vive e trabalha na Dinamarca e tem colocado vários posts sobre a questão dos cartoons.
Vale a pena, também por isso, passar pelo Elba Everywhere.

Jylland-Posten e a Autocensura

Na espiral de ódio em curso, as razões do Jillands-Posten, anatemizado de xenófobo pelas vozes do costume.
O artigo coloca a questão da autocensura nas sociedades ocidentais; de forma sub-reptícia, parece formar-se uma polícia do pensamento que condiciona os termos da discussão, o que podemos escrever e como. É mundo cada vez mais estreito, cheio de interditos.
Ontem, no Choque ideológico (sem dúvida o melhor programa de debate de ideias da televisão portuguesa), o historiador Paulo Varela Gomes dizia que a liberdade de expressão está sob a ofensiva de duas forças de sinal contrário. Da moral majority da direita, ao politicamente correcto forjado nos meios intelectuais da esquerda.
Eu comungo da visão do Paulo Varela Gomes, à esquerda e à direita há gente para quem a liberdade de expressão tem um valor meramente instrumental. É isso que explica os alinhamentos políticos desta crise dos cartoons; explica que muitos católicos, gente da terceira via blairiana, órfãos do muro de Berlim e activistas da esquerda alter-globalização estejam do mesmo lado da barricada dos islamistas.

Feira de Vaidades

Example

Scarlett, Keyra e um filho da mãe qualquer na capa da Vanity Fair deste mês.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Não me representa

O ministro dos negócios estrangeiros não falou em meu nome quando escreveu e assinou este comunicado: "Declaração do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sobre a crise dos cartoons"
Comprova-se que o mundo, politicamente, se moveu mas o Professor não. Ele ficou lá atrás, perdido no tempo.

Há mais quem não se sinta representado nas palavras de Diogo Freitas do Amaral (no Bloguitica, via Insurgente).

Nacionalistas

Pelo que ouvi hoje de manhã, a Comissão de Trabalhadores da PT ainda não actualizou os seus calendários.
Pelo que ouvi, o último calendário de que dispõem é de 1975.
Pelo que ouvi, a comissão de trabalhadores quer que o estado não venda a PT (as 500 acções douradas) e que, pelo contrário, aumente a sua participação na empresa.
Pelo que ouvi, a CT pretende a nacionalização da PT.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Na Semiobscuridade...


Girl with Leica. 1934.
Alexander Rodchenko

Na semiobscuridade, talvez à espera…
Uma imagem para fugir ao ruído da nossa época.

Solar Flares Burn For You

Example
Solar Flares Burn for You tem as marcas da estranheza. De uma estranheza que nos arrasta irremediavelmente.
É assim a música de Robert Wyatt. Inclassificável e bela.
Solar flares foi banda sonora, composta por Wyatt, para uma obscura curta metragem de Arthur johns. O filme foi gravado no estúdio de Nick Mason.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Visto

Example

Na sexta-feira fui ver o último filme de Spielberg.
A caminho de casa, tinha ido ouvindo um programa de rádio, dedicado ao filme. À apresentadora habitual, juntou-se uma jornalista (anunciou-se como tal) da estação de rádio e um crítico de cinema (honra lhe seja feita, pelo menos ainda tentou falar de cinema). O programa funciona como um fórum aberto aos ouvintes que podem enviar mensagens ou telefonar.
Tenho ouvido muitos dislates neste tipo de programas, mas desta vez o que mais surpreendeu (forço-me para não escrever chocou) foi a ignorância contextual de quem botava opinião. E refiro-me particularmente aos três apresentadores.
Durante uma hora conseguiram confundir ainda mais os ouvintes que um após o outro confessavam desconhecer os factos que servem de base ao livro e ao filme. Mas que iam ver e que, sim senhor, os terroristas são maus, mas os tipos da Mossad também, e, se calhar eram amadores, e...
O resultado?
Declarações de pacifismo acéfalo e banalidades cinéfilas sobre o autor de ET.
Merecidas?
Não quero desvendar o final do filme, mas ele representa a conclusão para a qual todas as cenas ajudam a apontar: usar o terror contra o terror não ajuda a erradicá-lo. Atentem nas torres que aparecem lá ao fundo da imagem...
Decididamente não será um dos melhores filmes de Spielberg (tal como a Guerra dos Mundos).

Eye opener



A protestor demonstrates in front of the French Embassy, over the publication of cartoons of the Prophet Mohammad, in London February 3, 2006.
Repare-se que é a tal "maldita liberdade" que permite a este ser humano (inglês ou estrangeiro) poder manifestar-se e exibir publicamente o seu desagrado com aquilo que as democracias ocidentais (tal como aquela onde reside) guardam como um dos seus bens mais preciosos.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Ainda os Cartoons

José Manuel Fernandes prestou um mau serviço à causa da liberdade de expressão, com o editorial de hoje.
Considerar o religioso como um tabu, significa ignorar toda uma tradição de crítica e sátira intrínseca à Civilização Ocidental.
Regermo-nos apenas pelo “bom senso” de que fala o senhor director do Público, significa abdicarmos de parte daquilo que somos, da capacidade de exercitar a crítica e o humor sobre a religião; em suma, uma regressão civilizacional.
Infelizmente, pelo teor das reportagens nas páginas do público e pelas diversas reacções por esse mundo fora, José Manuel Fernandes não está sozinho. Tem consigo uma miríade de gente; dos fiéis de uma religião que convive mal com a liberdade de expressão aos zelotas do politicamente correcto e do multiculturalismo, sempre prontos a amordaçar o pensamento e a ver na crítica ao Islão laivos de racismo ou xenofobia.
Não está em causa o direito à indignação dos muçulmanos (embora reacções desta magnitude face ao derisório indiciem que algo vai mal nesta religião). O que é inaceitável é o cortejo de ameaças e as pressões de toda a ordem para punir os cartoonistas.
Este é tão-só uma caso de liberdade de expressão, mas infelizmente José Manuel Fernando escolheu outro caminho. O caminho do “bom senso”.

Hayekismo do dia



Tenham um bom fim de semana.

É uma animação

Example

O "Movimiento Libertario" da Costa Rica, cujo candidato às presidenciais deste domingo é Otto Guevara, conquistou um espaço político invejável nesta antiga democracia americana. Leia-se a esse propósito, o que sobre eles escreveu Alvaro Vargas Llosa.

Para os mais interessados na ideologia por detrás deste movimento, sugiro que vejam a excelente e explicativa animação por eles preparada, bastando que cliquem na imagem supra: "La filosofia de la Libertad".

Islão e Cartoons II

Marcel Gotlib, 71 ans, auteur de BD cultes (Gai Luron, Les Dingodossiers, La Rubrique-à-brac, Rhââ Lovely, Hamster jovial et ses louveteaux, Pervers pépère...) prépubliées dans Pilote, L'Echo des savanes ou Fluide glacial, deux magazines dont il est le cofondateur.


"La pire malédiction, c'est de manquer de sens de l'humour. Je trouve dangereux ceux qui veulent interdire ces dessins surtout quand on sait de quoi ils sont capables. Mais je ne veux pas confondre les fanatiques et les autres. Ces dessins ne sont pas méchants. Celui de Kurt Westergaard montrant Mahomet avec son turban en forme de bombe n'est même pas une caricature : si on enlève la mèche, ce pourrait même être un beau dessin. Quand j'ai mis en scène les six dieux dans L'Echo, en 1973, j'avais un peu la trouille, je me suis forcé. Il n'y a eu aucune récrimination, c'était pourtant l'époque de Pompidou. Mais je ne pourrais sans doute plus faire ce genre de BD aujourd'hui."

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O que faz falta é controlar a malta

Via DN:

"O contribuinte", confirma fonte oficial do Ministério das Finanças, "tem que indicar aquisição dos bens", tal como a "data de aquisição, independentemente do valor em questão".Este tipo de informação, afirmam as Finanças, "já era pedido antes". Mas a verdade, como observam alguns funcionários do fisco, pela primeira vez, a administração fiscal alterou as instruções de preenchimento da declaração do IRS, "ultrapassando o pedido pela lei.(...)
Alguns chefes de Finanças, bem como juristas contactados pelo DN, duvidam da legalidade desta "alteração de instruções" e afirmam mesmo que poderá provocar "confusão" e "sobrecarga burocrática". É que a declaração das compras, afirmam especialistas, "não tem qualquer efeito na situação tributária" de milhões de contribuintes.

Presumo que quando se fala de "administração fiscal", falamos de funcionários públicos com poder para impor regras de funcionamento aos serviços de cobrança de impostos. Aumenta-se, sem problemas, o controlo que o estado exerce sobre a vida particular de cada cidadão, sobre as suas decisões de consumo ou investimento. Sem levantar problemas, lá iremos todos preencher a declaração em que explicamos aos funcionários da repartição lá do bairro, como gastamos os nossos rendimentos. Sem questionar, continuamos a aceitar este papel de controlo tão diligentemente desempenhado por um estado que justifica o seu tamanho pelo número de tentáculos necessários para assegurar tal serviço.
E todos nós continuamos a pagar isso e por isso.
Texto já colocado no Insurgente.

Islão e Cartoons

Example

A história do Islão e dos cartoons já tem uns meses, mas parece ganhar repercussão desmedida; culpa do fanatismo religioso ou, dito de outro modo, da forma como o Islão é hoje vivido por muitos.
As caricaturas de Maomé, publicadas por um diário dinamarquês, geraram manifestações e protestos entre os muçulmanos; alguns países, como a Líbia e a Arábia Saudita (esta com um currículo invejável em matéria da liberdade religiosa), vieram a terreiro exigir ao governo dinamarquês a punição dos responsáveis do jornal.
Ora, a livre crítica está no cerne da Civilização Ocidental. E nela se incluem a sátira e a blasfémia. Qualquer transigência neste domínio significa não menos do que uma regressão civilizacional.
Infelizmente, as reacções de muitas das comunidades (sinto um arrepio na espinha quando uso esta palavra) muçulmanas europeias, ou no velho continente sedeadas, denunciam um mau convívio com a liberdade de expressão, uma incapacidade tão-só em reconhecer ao outro o direito de criticar ou exercitar o humor sobre as nossas crenças, ideologias e idiossincrasias. Fosse interiorizado o princípio da liberdade de expressão, e toda esta história dos cartoons seria um episódio menor.
Falamos do exercício da tolerância, e esta só tem sentido se reconhecermos àqueles que pensam de maneira diferente de nós o direito à livre crítica. Não está em causa a justeza das críticas, até poderemos senti-las como profundamente injuriosas para os valores que dão corpo à nossa existência e, nessa medida, assiste-nos o direito à indignação. Contudo, esse direito à indignação não nos dá a legitimidade de silenciar aquele que nos ousou caricaturar.
A tolerância foi forjada a partir das guerras religiosas, na Europa acabou-se por aceitar que a religião não tem necessariamente de ser um valor universal. Religião em franco crescimento, o Islão não pode integrar a ideia de um mundo sem religião. Ora é a existência desta ideia de um mundo fora do religioso que permite o florescimento da tolerância.
A Europa tem pois um problema com o Islão (o caso das caricaturas não é isolado, lembremo-nos dos escritores Michel Houellebecq e Oriana Fallaci ou do cineasta Theo van Gogh). E se à dificuldade dos fiéis muçulmanos integrarem a livre crítica na sua existência juntarmos os zelotas do politicamente correcto, então o quadro é deveras negro.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Visto


Impressionante! Um ritmo espantoso. Dá a sensação de se estar a ver um filme, tal é o ritmo. Música excelente e excelentes actores/cantores

Coisas da Tecnologia

If I scan your brain, download that information, I’ll have a little of you, right here in my personal computer.

Ray Kurzweil, in Three Tales, Steve Reich.