sábado, janeiro 31, 2009
quinta-feira, janeiro 29, 2009
És impenitente mas do tipo "Distraidus Maximus"
Eu sei que, numa nova época posterior à tua tentativa de angariar por ti próprio o capital para investir na tua casa de burguês estabelecido nos confortos do capitalismo consumista, te dirigiste à recém criada (à data, tinha dias tal invenção) instituição bancária.
Fizeste-o, se bem me lembro, intrigado com o que lá levaria os teus vizinhos (os mesmos que à última hora tinha precisado do seu dinheiro para comprar aquecedores; maldito Arrefecimento Global). No dia em que lá te resolveste finalmente a ir visitar essa instituição, descobriste algo que não suspeitavas: que os teus vizinhos lá deixavam parte dos seus rendimentos (porque não precisavam comprar mais aquecedores e os frigoríficos ainda se aguentavam).
Sendo o gajo afável que toda a gente conhece, meteste, de imediato, conversa com um senhor de gravata colorida que lá trabalhava (vulgo proletário-executivo-bancário). Explicou-te o teu novel conhecido que a troco de um preço (ensinou-te então uma palavra nova: juro) os teus vizinhos estavam dispostos a que o banco fornecesse parte desses rendimentos lá depositados a quem se comprometesse a devolvê-lo nem que fosse de forma faseada. Claro que por esta demora na devolução (que se estendia por décadas!) que o banco cobraria (lá estava a tal palavra nova!) um juro.
Então não te lembras que o proletário-executivo-bancário da gravata colorida até te explicou que por esse serviço de intermediação entre os teus vizinhos e os que recebiam essa parte dos depósitos (outra palavra nova: empréstimo), pelo tempo, preocupações e arrelias que poupava a quem o pedia (veio-te à memória todo o tempo que tinhas perdido de porta em porta, o emprego desaparecido e as Novas Oportunidades desperdiçadas em tempos anteriores à invenção da banca), cobravam uma diferença entre o juro que lhes entregarias e os que eles entregariam aos teus vizinhos?
Ainda recordo o teu ar de satisfação por tudo se ter tornado claro para ti: eram afinal os teus vizinhos que te emprestavam o dinheiro para a casa; só que ao invés das arrelias que tinhas tido antes, havia um proletário-executivo-bancário que em seu nome te o entregava, facilitando a vida a todos os envolvidos. Como nem tu entregas o teu tempo de forma gratuita à sociedade que diariamente ajudas na tua labuta, também o senhor proletário-executivo-bancário tinha de ser pago pelo seu patrão (esse miseráveis ratos do capitalismo). Era da tal diferença entre juros que o proletário-executivo-bancário recebia o dinheiro para as gravatas e assim fazia crescer o rendimento do senhor da loja das gravatas que fazia crescer o rendimento do talhante onde comprava os bifes, que fazia crescer o rendimento do sapateiro onde concertava os sapatos e que era (afinal!) um dos teus vizinhos.
Ah, como me lembro da tua alegria ao compreenderes que tudo estava ligado e que o proletário-executivo-bancário tanto tinha facilitado a vida de tanta gente!
A Tréplica. Ou de como não passo de um impenitente
É com apreço que vejo o teu esforço para me reavivar a memória, coisa que nem os psicanalistas mais ou menos freudianos têm conseguido. Mas, sem querer fazer de ti um Dom Quixote, tenho de te confessar que a coisa está infelizmente bem recalcada…
Devia então regozijar-me por um filantropo banqueiro me ter concedido o dinheiro para o meu lar doce lar. Assim pude trocar a realidade operária da cooperativa de habitação pelo bairro de classe média de contornos mais ou menos suburbanos.
Vivo, enfim, no melhor dos mundos possíveis. Sou um proprietário! E consumidor também. É certo que penso nos mais de vinte anos de pagamentos ao meu generoso banqueiro que, como dizes, me permitiu materializar aquele direito social e me fez acreditar ainda mais na nossa Constituição da República, que ainda conserva o espírito de Abril, apesar do mal que lhe têm feito. Vê lá que até tenho um seguro, mais do que um! É verdade, não me deixavam fazer o empréstimo sem o seguro! Eu sei, amigo Luís, devia acreditar que eles só querem o meu bem. Mas não consigo. Estou talvez demasiado ligado à infância, ou talvez à adolescência, o que se têm agravado com a idade. Estou demasiado ligado a crenças ingénuas que não me saem da cabeça. Acredito que a vida vem da água e da terra. E que para viver precisamos do pão e circo romanos, da arte e do saber, dos amores e desamores. Custa-me que tudo isso esteja submetido aos financeiros, que estes sejam o centro do mundo. Do nosso mundo.
Saudações fraternais!
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A vontade de não querer tomar conhecimento
Caro Marvão,
Vendo-te no sofrimento da dúvida sobre a necessidade da existência de executivos bancários (confessa que se trata de uma proxy para todo o sistema bancário), resolvi avivar-te a memória. Reapara que não pretendo ensinar-te nada (quem sou eu! nem nunca li Negri!) apenas recordar-te algo sobre a tua própria vida que entretanto esqueceste (tens de cortar no queijo, rapaz!).
Quando compraste a tua casa, recordo-me que passaste meses, todos os dias e durante muitas horas indo de porta em porta a pedir a todas as pessoas em Setúbal que deixassem para mais tarde parte dos consumos que se preparavam para fazer com os rendimentos que tinham auferido (na Setenave, na Autoeuropa, como profissionais independentes ou ainda como funcionários estatais; sendo ideologicamente selectivo não contactaste ninguém que vivesse de poupanças passadas, vulgo capital) e te entregassem o que pudessem para que tu exercesses o teu direito constitucionalo-social à habitação. Prometias que o irias devolvendo conforme pudesses e achasses conveniente.
Durou isto muito tempo, pois uns diziam que não sabiam se precisariam do dinheiro amanhã ou depois, outros não te conheciam e desconfiavam que fosses um gandulo mal intencionado e que não lhes devolvesses o seu rendimento que tanto lhes custou a ganhar.
Sabendo da tua boa índole e da necessidade de fazer cumprir o teu direito constitucionalo-social à habitação, recordo-me que os teus amigos e conhecidos se juntaram para também eles perguntarem aos seus conhecidos se eles não se importavam de ceder parte dos seus rendimentos (quiçá deixando para mais tarde a compra de um novo frigorífico, já que o velhinho ainda funcionava bem com a ajuda do Arrefecimento Global) a ti, um desconhecido deles mas que os teus amigos garantiam ser um tipo às direitas (no pun intended!).
Dias, semanas, meses, anos. Finalmente, após muito tempo, conseguiste juntar todo o dinheiro e quando te dirigias com o vendedor para registar a compra da casa dos teus sonhos, eis que uma horda de conterrâneos a quem tinhas pedido o dinheiro te aparece no caminho exigindo que lhes devolvas o dinheiro porque todos os aquecedores tinham avariado ao mesmo tempo (o maldito Arrefecimento Global tinha sido tanto que os velhos equipamentos não tinham aguentado). Cercado por tal multidão fizeste o que se esperava de uma pessoa de bem: devolveste tudo e anulaste a compra.
Infelizmente tinhas passado tnto tempo nesta demanda de financiamento que tinhas ficado desempregado e tinhas perdido todos os programas das Novas Oportunidades que te requalificariam para voltares ao mercado de trabalho.
Eu recordo-me. Foram tempos díficeis. Foi pena que nesse tempo não existisse ainda o sistema bancário. Muitos de nós, em tempos mais recentes, temos evitado todas as atribulações porque passaste. No entanto, no que leio das tuas palavras parece-me que te esqueceste do que passaste e dos prejuízos que sofreste. É pena que a memória da nossa vida não nos ensine mais. A memória, não eu claro.
quarta-feira, janeiro 28, 2009
Os Executivos da Alta Finança
Eu, lamentavelmente, não posso dizer o mesmo. Olho à minha volto e vejo o absurdo instalado, parafraseando o escritor Eduardo Galeano, vejo o mundo às avessas. Vejo um capitalismo financeiro, gerador de virtualidades, ofuscar as empresas e as pessoas reais. E nós, no Ocidente, fomos socializados na aceitação desse facto, quando não a venerar esses ilusionistas da alta finança. Antes da crise financeira que se abateu sobre nós, eles eram o modelo a seguir, o rosto do sucesso, se descontarmos os desportistas e os apresentadores da TV. Eles, pagos principescamente pela suas práticas de onanismo financeiro, ditavam regras e conselhos, perante a complacência dos estados e das entidades reguladoras. E no entanto eles são a melhor expressão do vazio em que se tornou a vida no Ocidente dito civilizado. Um executivo financeiro é assim tão imprescindível, para ser pago acima dos demais? Um agricultor dá de comer a muitos, um médico cura maleitas, um professor ensina, um artista dá obras ao mundo, enriquecendo assim o património da Humanidade, para citar uns quantos exemplos. E os executivos? Não serão eles parte da cultura do supérfluo que é atributo da nossa a civilização? De um civilização que perdeu o norte? De um tirano ainda poderemos entrever méritos, caso dos Bórgias, que financiaram os artista da Renascença. E dos executivos? Qual é o seu legado, a não ser a ruína de muitos?
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Morales ganha a batalha do referendo constitucional
O novo documento constitucional visa reparar as injustiças históricas de que foram vítimas os povos indígenas, os “povos originários”, restituindo-lhes terras e recursos florestais. E protege as suas culturas e tradições ancestrais, inclusive o cultivo da coca. Aprofunda também a representação política destes povos, que passam a dispor de quotas parlamentares.
A água e o gás natural ficam ao abrigo da privatização, culminando um processo de luta política que começou com a expulsão da Bechtel, a empresa que, por meio de um vil contrato, se fizera dona das Aguas del Tunari. Não é possível compreender Morales, sem a revolta dos povos de Cochabamba contra esse processo de espoliação.
Por fim, a nova constituição abre caminho ao laicismo, ao consagrar a igualdade entre todos os credos, deixando a Igreja Católica de deter o estatuto de religião oficial da Bolívia.
É sem sombra de dúvida um documento assaz progressista, oxalá os povos da Bolívia consigam materializá-lo, pois por agora não passa de um pedaço de papel.
domingo, janeiro 25, 2009
Depois de casa roubada
O governo decidiu-se finalmente a colocar polícias de forma permanente em alguns tribunais.Em quais? Pelos vistos, naqueles que recentemente foram assaltados ou onde ocorreram cenas de violência que resultaram em notícias e protestos mais mediáticos por parte das associações de profissionais.Como medida complementar, serão retiradas 32 ATM (máquinas do Multibanco) que estão dentro dos edifícios dos tribunais.
O sinal é claro e a conclusão parece-me óbvia. O estado não consegue garantir a segurança dentro dos espaços onde decorre aquilo que deveria ser o seu “core business” e por isso prefere evitar que a bandidagem caia em tentação. Se é assim, que garantias credíveis de protecção à propriedade privada, aquela de onde vêm os seus recursos sobre a forma de impostos, podem ser dadas? Deverão os cidadãos desfazerem-se dos seus bens para não tentarem os assaltantes?
Numa altura em que se questiona como o estado vai desperdiçar os euros que não tem em obras de necessidade mais que duvidosa e com efeitos mais que fantasiosos, a Justiça e a Segurança devem ser recordadas como merecedoras de mais atenção por parte dos governantes.
Já colocado no Insurgente.
sexta-feira, janeiro 23, 2009
Duas ou três coisa sobre a tomada de posse e os primeiros dias de Obama
Rapper Jay-Z
As palavras do rapper Jay-Z resumem bem o que significa, para os afro-americanos, a chegada de Obama à presidência dos Estados Unidos. Mas também muitos outros, nos Estados Unidos e por esse mundo fora, fazem suas as palavras de Jay-Z.
Há, nestes dias que correm, muita esperança e desejo de mudança. Barack Obama carrega esse capital de esperança, para o bem e para o mal.
Para já, os primeiros gestos de Obama não desiludiram: o encerramento de Guantánamo no horizonte próximo, o fim das prisões secretas da CIA, o repúdio da tortura e o respeito pela Convenção de Genebra representam uma ruptura com a presidência de George W. Bush. Uma presidência marcada pela ignomínia, que esperemos seja enterrada, e bem enterrada, no caixote do lixo da História.
quarta-feira, janeiro 21, 2009
Quantos meses faltam para as autárquicas?
Via CM:
Investigação: Buscas na Câmara de Odemira e em ateliers de arquitectos
Obras em Milfontes sob suspeita da PJ
Os gabinetes do presidente e vereadores da edilidade foram o alvo das buscas desta investigação, para apurar possíveis indícios dos crimes de corrupção, peculato e abuso de poder.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
Uma guerra inútil. Um crime
Como era de esperar, Israel cessou de flagelar Gaza e a sua martirizada população, agora que se escoam rapidamente as últimas horas da presidência de Bush filho e se aproxima o tão ansiado momento da tomada de posse de Barack Obama.
Qual o sentido desta guerra, ou melhor dizendo, desta punição colectiva imposta às gentes de Gaza, de há muito sujeitas a um quotidiano feito das mais duras privações? Punição que não acaba em Israel, que tem outros responsáveis, no limite, essa entidade de contornos mais ou menos indefinidos que dá pelo nome de Comunidade Internacional. Não sancionou a Comunidade Internacional o bloqueio israelita, por terra e mar, à população de Gaza, cujo único crime foi eleger, em eleições democráticas, o Hamas para o governo dos assuntos palestinianos? Sim, os habitantes de Gaza foram punidos por causa do seu voto. Porque prefiram os islamistas do Hamas, que lhes proporcionavam ao menos uma rede de apoio social, à Fatah, corroída pela corrupção e o crime.
Israel, com um governo percepcionado como fraco, pela opinião pública, e com eleições à porta, aproveitou a ocasião, sob a forma de uns rockets artesanais de eficácia pífia, para espalhar a doutrina do choque e pavor em Gaza, ceifando a vida a um sem-número de civis, enclausurados nessa estreita e densamente povoada faixa de território. Não é demais dizer que os habitantes de Gaza pagaram o preço da humilhação sofrida pelo exército israelita, às mãos das milícias do Hezbollah, há dois anos atrás, no Líbano.
Israel uma vez mais prisioneiro da razão da força, o que é revelador da cobardia política dos seus dirigentes, que têm asfixiado as instituições palestinianas e continuado a fazer vista grossa à construção de colonatos na Cisjordânia. Não se vislumbram, lamentavelmente, políticos da fibra de um Isaac Rabin.
sábado, janeiro 17, 2009
sexta-feira, janeiro 16, 2009
A Plataforma de Houellebecq
Confesso que me não me fez muito bem, mas reconheço que o olhar de Houellebeq sobre o nosso Ocidente é honesto. E implacável.
Neste livro, há também muito sexo, como não poderia deixar de ser, mas o efeito é mais o de anestesiar o leitor. E aquilo que Houellebecq vê como a celebração da vida, o amor que é união entre dois corpos, acaba por não escapar a uma certa banalização.
Por ora, destaco apenas esta entrevista a um sítio brasileiro:
Em “Extensão do Domínio da Luta”, por exemplo, você parece apoiar-se em Pierre Bourdieu ao considerar a sexualidade como “um sistema de hierarquia social”, assim como na idéia de que cada possui um capital sexual. O sexo é um fator de desigualdade social?
Houellebecq: As hierarquias sociais de que falo são absolutamente naturais. A sociedade não as criou. Ao contrário, no passado, chegou a suavizá-las através de certos mecanismos culturais. Atualmente, só consegue atenuá-las através do dinheiro. Um ser humano velho, feio e rico pode, contrariando a hierarquia natural, desfrutar de magníficas prostitutas, de sexo masculino ou feminino, o que é maravilhoso. Basta pagar. Em certo sentido, isso é muito bom e pode ser visto como uma humanização do sexo.
“Plataforma” foi lançado pouco antes do 11 de setembro de 2001. Nesse romance, você ataca violentamente o islamismo e encerra com um atentado perpetrado por muçulmanos fanáticos. A tragédia nos Estados Unidos ajudou a vender o livro, numa espécie de marketing sangrento, ou aumentou a raiva dos seus inimigos?
Houellebecq: Isso só me trouxe problemas. Todo o mundo no Ocidente correu para dizer: “Não se deve confundir Bin Laden com o Islã. A jihad deve ser entendida num sentido espiritual, não de guerra santa real. O diálogo entre as religiões do livro prossegue...”. E outras coisas desse gênero. Em resumo, o politicamente correto funcionou a mil, com força total e conseqüências nada agradáveis para mim. Fizeram-me passar por um desses seres primários que confundem as coisas, como se eu tivesse reduzido todo o islamismo à figura de Bin Laden. Virei inimigo dos muçulmanos e um troglodita incapaz de compreender a complexidade dos fenômenos sociais e religiosos.
Michel Houellebecq, em entrevista ao Trópico.
quinta-feira, janeiro 15, 2009
Dom Policarpo e o espectro do Islão
As igrejas estão à míngua e o rebanho definha, enquanto as mesquitas se enchem de fiéis aqui mesmo ao lado, em Espanha, para não falarmos de Itália ou de França. A nossa Europa Mediterrânica cada vez menos católica. Cada vez mais secular e islâmica. E a demografia em pano de fundo.
Perante este quadro, é assaz provável que os filhos saídos de casamentos mistos, entre uma rapariga portuguesa mais ou menos católica e um rapaz muçulmano, sejam educados nos preceitos do Islão. E que se tornem muçulmanos. É esta angústia que atormenta o cardeal patriarca de Lisboa.
O Islão não é uma realidade monolítica. É preciso ver os homens e as suas circunstâncias. E as culturas e as geografias, sociais e políticas, que se entrelaçam com o Islão e, à sua maneira, o moldam, embora sejam também moldadas por este. É assim que, na Arábia Saudita, às mulheres está proibida, entre outras coisas, a condução de automóveis, enquanto no Líbano ou no Irão elas são eleitas para cargos públicos. E já nem falo das raparigas muçulmanas que vi em Sarajevo, deliciosas na sua mistura de “Ocidente” e “Oriente”.
Mas quando se fala do Islão, os estereótipos têm muita força, e mesmo se há neles um fundo de verdade, é sabido que estão longe, muito longe, de esgotar a realidade. É provável que Dom José Policarpo saiba mais de Islão do que a maioria de nós, que agora o criticamos pelo carácter redutor das suas palavras. Nas reacções epidérmicas, há também o medo do islamismo que muitos erradamente confundem com o Islão. O islamismo está ligada à esfera temporal, ou política, visa a conformação das instituições aos “preceitos do Islão”. Vai beber a sua legitimidade ao Islão, mas este não se resume àquele. Mesmo se o islamismo é um poderoso actor dos nossos dias, com forte influência nas comunidades muçulmanas que se estabeleceram pela nossa Europa. Condiciona, amiúde, os termos do debate ou do discurso na esfera pública. E isto assusta.
quarta-feira, janeiro 14, 2009
Tertúlias, borboletas e muçulmanos
Parece ser o caso da tertúlia de Dom José Policarpo com a jornalista Fátima Campos Ferreira, ontem à noite na Figueira da Foz. Nela, o cardeal patriarca de Lisboa aconselhou as mulheres portuguesas a pensarem duas vezes, antes de desposar um muçulmano. “Cautela com os amores”, disse Sua Eminência, alertando as nossas mulheres para os “sarilhos em que se poderão meter". “Sarilhos que nem Alá sabe onde acabam!”, lá foi dizendo Dom. José Policarpo.
Tudo isto não deixa ser motivo de riso. E o riso é bom, em tempos cada vez mais modelados pelo politicamente correcto. Mas não deixei de pensar no quotidiano de muitas mulheres portuguesas, vítimas de violência doméstica às mãos dos maridos (quem sabe se católicos?). E pergunto-me se elas não estariam bem melhor com um (bom) marido muçulmano? Mas disso não se lembrou o cardeal patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo
sábado, janeiro 10, 2009
sexta-feira, janeiro 09, 2009
Alguém tem ouvido falar do Al"drabão" Gore?
Então não sabem que é por culpa destes comportamentos que estamos a fritar o planeta?
É verdade; esquecia-me que há verdades que são inconvenientes (via Daily Tech):
- Sea Ice Ends Year at Same Level as 1979
- Thanks to a rapid rebound in recent months, global sea ice levels now equal those seen 29 years ago, when the year 1979 also drew to a close.
- Ice levels had been tracking lower throughout much of 2008, but rapidly recovered in the last quarter. In fact, the rate of increase from September onward is the fastest rate of change on record, either upwards or downwards.
quarta-feira, janeiro 07, 2009
Ao serviço do partido
Antes de ontem, em Setúbal. Ontem, em Lisboa. Amanhã, em Setúbal?
Há uma aparente consistência na preparação do PSD para as próximas autárquicas. A reutilização de candidatos com base na sua aparente disponibilidade de servir o partido onde quer que a direcção os coloque. Será o caso de Fernando Negrão?
Como eleitor, tenho na memória que depois de ter aceite o cargo de vereador em Setúbal, abandonou o mesmo para se candidatar à autarquia de Lisboa com o slogan de campanha “Lisboa a sério”. Mantenho a dúvida que tive na altura: afinal Setúbal foi (será?) a “brincar” enquanto o dever partidário não chama para outra autarquia ou nomeação pós-legislativas?
Recordo que em Setúbal, durante este mandato, o PCP trocou o presidente em funções (pouco tempo depois de eleito) por uma outra camarada sem ver a necessidade de questionar os eleitores nem tendo previamente avisado (durante a campanha, por exemplo) que afinal a demissão de eleitos está permanentemente à disposição do centralismo democrático dos órgãos políticos do PCP (para os quais eu não me recordo de ter votado).
Via O Setubalense:
O PSD já fez o convite a Fernando Negrão para ser o seu candidato à presidência da Câmara de Setúbal aguardando agora uma resposta.Uma sondagem encomendada pelo Partido Social Democrata dá a vitória a Fernando Negrão no caso de se candidatar à presidência da Câmara Municipal de Setúbal. Tal sondagem aponta como candidatos adversários Maria das Dores Meira, actual presidente da autarquia, pela CDU, e Teresa Almeida, ex-vereadora do executivo de Mata Cáceres e ex-Governadora Civil de Setúbal, pelo Partido Socialista.
De referir que a direcção nacional do PSD mandou efectuar sondagens nas capitais do distrito do país, onde não é poder, para apurar quais seriam os melhores candidatos e ganhar essas cidades. Ora, em Setúbal, Negrão surge como o grande candidato capaz de derrotar a actual presidente e uma eventual candidatura socialista de Teresa Almeida.
O que faz falta é mais "social" - III
A única forma socialmente possível para evitar os casos sociais que resultam em comportamntos socialmente desagradáveis mas para os quais é necessário compreensão social é a criação social de políticas sociais de apoio social devidamente socializadas e suportadas socialmente por novas taxas sociais de financiamento público. Social.
Via Setubalense:
"A delegação da Cruz Vermelha, no largo da Misericórdia, foi assaltada. Os gabinetes foram virados do avesso e das gavetas “voaram” cerca de 500 euros. O único computador furtado foi o de apoio à Linha 144, e os casos sociais lá guardados só não se perderam porque os técnicos faziam as cópias dos relatórios.(...)
(...)o único computador furtado foi aquele que tinha ligação directa com a Linha 144, na sequência de um recente acordo celebrado entre a Segurança Social e a Cruz Vermelha Portuguesa, e que pretende o desenvolvimento de acções de apoio e encaminhamento das situações de emergência social da Linha 144.
Diga-se que a Linha Nacional de Emergência Social 144 visa dar resposta a pedidos de emergência social, destinada a ajudar vítimas de violência doméstica, crianças ou jovens em perigo e sem-abrigo em situações de abandono."
Porque é que a bandidagem não alberga no seu coração os mesmos pios sentimentos que os esforçados socialistas(*)?
(*) - (socialista: substantivo, nome; aquele/a que se dedica a trabalhos de âmbito social)