quinta-feira, maio 31, 2007

Festróia

Amanhã é dia de festival, começa o Festróia, que ficará entre nós até ao dia 10 de Junho.
É uma oportunidade para tomar contacto com outras cinematografias e latitudes, ou descobrir jovens talentos na secção das primeiras obras, que ao longo destes anos se tornou na minha favorita.
Nesta vigésima terceira edição do certame, contamos com clássicos, uma boa nova. Temos assim o Cinema Clássico Alemão, com nomes como Fritz Lang, Max Ophuls ou Josef von Sternberg, e a Retrospectiva Billy Wilder (incompreensivelmente, a organização relegou esta mostra para as manhãs, pelas onze hora, um período do dia que se compadece mais com filmes infantis ou documentários da natureza).
Os próximos dias vão pois ser sob o signo da sétima arte.

quarta-feira, maio 30, 2007

A Greve ainda é uma arma eficaz. Mas...

Afinal a greve ainda é uma arma eficaz, mesmo no contexto desta nossa globalização, do universo cada vez maior da subcontratação de serviços e dos precários.
O Público de hoje divulga dados de um estudo que procurou medir a taxa de sucesso das greves ao longo de um período de dez anos, de 1995 a 2005.
Feito a partir das estatísticas do Ministério do Trabalho respeitantes ao universo do sector privado, revela-nos surpreendentemente uma subida das greves “aceites” e “parcialmente aceites", de um valor global de 20, 5%, em 1995, para 30,1 em 2005.

[…] Será que, neste novo contexto, ainda servirá para alguma coisa fazer greve?
“Tenho a certeza que sim”, responde Reinhard Naumann , investigador do ISCTE na área das relações de trabalho e negociação colectiva e representante em Portugal da fundação alemã Friedrich Erbert. Paulo Alves, também investigador no ISCTE, e que tem no sindicalismo uma das suas áreas de eleição, aponta dois exemplos ocorridos em Portugal no ano passado: na empresa ThyssenKupp Elevadores, uma paralisação levou a um aumento substancial da massa salarial; enquanto na Carvalho & Rainha uma greve com ocupação de instalações _ uma forma cada vez mais rara – impediu o despedimento colectivo de 120 trabalhadores da empresa.
in PÚBLICO, 30 de Maio de 07.

Diria, à luz daqueles exemplos, que muito do que os sindicatos poderão conseguir em prol dos trabalhadores reside no poder, na capacidade de… Dir-me-ão porventura que estou a fazer a apologia do conflito. Mas não é este um dado inelutável da existência, que está longe de ser asséptica ou neutra? Outros, por seu lado, preferirão enfatizar a concertação. Mas esquecem-se de que não há concertação sem primeiro haver uma qualquer forma de conflito. Porque o conflito exprime acima de tudo interesses em oposição. A concertação pode até ser o conflito regulado pelas instituições do sistema político. Mas atenção, de nada vale a concertação se uma das partes tiver pouco ou nenhum poder. Poder é aqui a palavra-chave.
O mundo em que estamos a entrar é cada vez mais adverso ao sindicalismo. A um sindicalismo concebido à maneira do século passado (às vezes mesmo do século XIX).
Os sindicatos só se constituirão em actores centrais, se souberem integrar a legião crescente dos precários. Caso contrário, continuarão a perder influência, não obstante vitórias pontuais.
Será um processo doloroso e difícil, pois implicará o questionamento das bases em que se fundou o sindicalismo.

Não se trata de dizer, bem entendido, que o trabalho industrial ou a classe trabalhadora deixaram de ser importantes, mas apenas que não detêm qualquer privilégio político em relçaão às outras classes de trabalho no interior da multidão.

António Negri, in Multidão

Assim se vê, a força da CGTP (*)

Segundo ouvi na rádio, a primeira paragem no dia de Carvalho da Silva, líder da CGTP, foi no hospital Garcia da Horta em Almada. Ouvido na reportagem, o sindicalista regozijava-se pela imensa adesão entre o pessoal do hospital.
Os utentes, afinal também eles parte do proletariado em luta, não foram ouvidos. Faltou conhecer-lhes o estado de espírito, medir-lhes a consciência de classe. Certamente estariam muito satisfeitos e solidários com os funcionários públicos (portanto, seus funcionários, pagos pelos impostos de quem não fez greve) que hoje diminuiram ainda mais a eficiência do SNS.
São assim, as alegrias dos promotores da unicidade sindical.

(*) - A parecença com o velho slogan do PCP é intencional.

A Greve.

Podia ser o título do célebre filme de Eisenstien, mas não; é apenas a modos que uma reacção instintiva ao que o Luís aqui escreveu.
Porque nele há o subtexto do trabalhador que faz a greve por não querer trabalhar, ou tão-só porque pretende minar a empresa que lhe paga o salário (como se o trabalho já não produzisse valor); ou ainda, porque ser sindicalista é recusar um mundo feito de mudança e procurar o refúgio de um qualquer mercado protegido (sei que abres um uma excepção para o Chora, mas acho que é a tal excepção que confirma a regra…)
A greve é uma forma de luta de que as classes assalariadas fazem uso em determinadas circunstâncias sociais e políticas. Por meio dela exercem o poder, procurando obter ganhos (salariais, redução do tempo de trabalho, melhores condições de segurança, etc.) Evidentemente que se trata de uma acção colectiva, eu sei que tu não gostas, mas ela existe.
Não se fazem greves por causa do investimento (ou da falta dele) ou das vicissitudes da gestão empresarial. Evidentemente que a greve causa mal-estar (escasseiam os transportes, o lixo não é recolhido e muitas repartições estão fechadas), mas se assim não fosse seria uma coisa inócua; porque não há greves assépticas. Por isso, o meu repúdio para os que procuram a alargar a latitude dos serviços mínimos e assim castrar este direito constitucionalmente consagrado.
Sim, é evidente o alcance político da greve geral, é esse o seu sentido intrínseco, produzir impacto nas instituições, alterar o curso de certas práticas governativas. É do conflito, que é um dado inelutável da existência. E este é apenas o conflito regulado pelas instituições democráticas.
Apesar do declínio da acção sindical nas últimas duas décadas, o que é verdade quer para a Europa quer para os EUA, a greve é ainda uma forma de luta com significado para muitos trabalhadores no mundo de hoje. Entre nós, as jornadas da CGTP têm tido uma adesão que extravasa a esfera de influência do PCP; parece-me por isso redutor tudo resumir à Soeiro Pereira Gomes.
E se a greve geral é sempre política, então devo dizer que este governo merece mesmo esta greve. Pelo sinais que se vêm acumulando do clima de delação instalado na administração pública. Pela forma como vem instrumentalizando entidades e inspecções que se queriam isentas. Por causa da tão falada base de dados com que procura coagir potenciais grevistas. Em suma, pela arrogância e os sintomas de autoritarismo de que cada vez mais vem dando provas.

P.S. Não comungo também da visão quase caricatural que dás do Carvalho da Silva. Eu creio que ele tem vindo actualizar-se, e ontem esteve muito bem no debate com o ministro.

terça-feira, maio 29, 2007

O direito à greve e o direito ao “não me chateiem”

Não falei ainda com ninguém que vá exercer o seu direito à greve, durante o dia de amanhã.
Pelo contrário, tenho falado com quem está muito preocupado com a maneira como se deslocará para o trabalho e como regressará para casa.

Uma greve convocada para servir a bolorenta agenda do PCP, organizada por dirigentes que nunca trabalharam um dia na sua vida (bom, exagero… talvez o tenham feito antes do PREC e há outros que apenas estão destacados no serviço colectivo, isentos do esforço da habitual labuta diária).
Serve exactamente que propósito?
Que alteração ocorrerá na quinta-feira e nos tempos que se seguem? Mais investimento virá para Portugal, aumentará a eficiência da gestão, a rentabilidade das empresas subirá - resultarão da greve mais emprego e maiores salários reais? Irão os trabalhadores do sector privado diminuir o que pagam todos os meses, sob a forma de impostos? Irão os trabalhadores do sector público diminuir as suas exigências para com os rendimentos dos anteriores?

Dizia Carvalho da Silva ontem no Prós e Contras, pelo meio das caducas frases de ordem da praxe, que a greve não era contra o governo, era contra as suas políticas (o que provocou um sorriso no ministro, depois de se certificar que tinha ouvido o que todos nós ouvimos). E pronto. Basta. Os restantes argumentos são conhecidos: o governo deve obrigar as empresas a aumentar os salários exponencialmente, enquanto se diminui o tempo de trabalho e por isso se contratam mais trabalhadores. A descoberta e penetração em novos mercados de Marte, tal permitirá.

O sindicalista, certamente com as melhores intenções na promoção do paraíso proletário na Terra, representa o que de mais retrógrado existe no movimento sindical. A central do PCP já vai começando a reparar que até mesmo na extrema esquerda, há quem não se alinhe pela sua bitola (vide caso da comissão de trabalhadores da Autoeuropa).
E afinal quem representam?
Os que compreendem que são fornecedores num mercado, o do trabalho, e que como em qualquer mercado têm de lutar por se manterem competitivos, sempre à procura de novas oportunidades de rentabilizar (como qualquer empreendedor) os seus conhecimentos, capacidades e tempo?
Os que percebem que sem procura ou dificultando a rentabilidade da mesma, não há mercado? Que criando barreiras à entrada, se protegem só os que já lá estão (e mais ainda os que conquistaram “direitos sociais inatacáveis”, como contratos vitalícios) e se prejudicam os mais novos e os desempregados?

Nada de novo no que digo, reconheço. Os argumentos de quem não compreende a manipulação do mercado de trabalho e do dia-a-dia da economia, à sombra do direito à greve, não são novidade para quem se recusa a ser mais uma ovelha, mais um proletário conduzido no caminho do suposto, e sempre prometido, bem colectivo.
O comunismo sindical está-se marimbando para cada um, para as opções de vida de cada trabalhador. Amanhã, voltarão os piquetes de greve a controlar quem não alinha, para apontar dedos (esperemos que nada mais que isso), para afastar qualquer hipótese de não se ser perturbado na sua vida. Como um efeito destas acções de mobilização, muitos de nós, trabalhadores, amanhã seremos cerceados na nossa liberdade.

Como eu, amanhã, muitos de nós não teremos o Estado nem os sindicatos a protegerem-nos o mui sagrado direito ao “não me chateiem”.


PS - Podem começar a chamar-me fásssssista, servidor dos exploradores capitalistas ou até a dizerem que se falo assim é porque sou rico e não preciso trabalhar para viver.

Já colocado no Insurgente.

segunda-feira, maio 28, 2007

Consumos


Descobri-o na Feira do Livro, custava 1,85€.
Comecei assim por um autor socialista, Charles Fourier.
Depois, o Cândido ou o Optimismo, de Voltaire, e o Leviatã , de Thomas Hobbes.
Portanto, entre o optimismo, a crença no mundo harmonioso que aí vem, e o pessimismo, a natureza sombria dos homens.
É assim que me sinto, a oscilar entre dois pólos, ou se quiserem, dois estados da existência.

sexta-feira, maio 25, 2007

Os Democratas

Leituras sobre carris


O Príncipe - Nicolau Maquiavel

PS - A 2€ numa grande superfície cujo símbolo é um paquiderme. E com este, veio também um Faulkner pelo mesmo preço. Umplano para o desenvolvimento da leitura partindo do interesse do retalhista. Não era disso que falava Adam Smith?

quinta-feira, maio 24, 2007

Marjane




A iraniana Marjane Satrapi, autora da bd Persepolis, está a deixar os Mullahs à beira de um ataque de nervos. Por causa da versão em filme da obra aludida, que Marjane estreou em Cannes.
Autora de bds, cineasta e também blogger.

77ª Feira do Livro de Lisboa


Começa hoje.

Do Grande Vazio ao Sul

1º O Sr. Primeiro Ministro, Primeiro-Ministro da República Portuguesa, do Antigo Reino de Portugal e dos Algarves (e por aí adiante), ainda Primeiro Ministro das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, tem como seu colaborador dilecto e directo um Engenheiro (certificado pela respectiva Ordem Corporativa), que acha que o Saahara começa na margem oposta ao Terreiro do Paço.

2º Os habitantes deste nova geografia continental (ainda será Portugal?), descendentes dos Cubanos aí encontrados por Alberto João Jardim, vivem rodeados pela imensidão do vazio. A civilização abandonou-os, bem como o Estado que providencia os omnipresentes (acima do Tejo, claro) os serviços públicos (saúde, educação, segurança, justiça, adminstração fiscal, governos civis, ...). Como povo colonizado, resta-lhes apenas continuar a pagar os tributos que o invasor exige sobre a forma de impostos, até porque este continua a manter forças militares de ocupação (ainda há pouco dias se falava no reforço do contigentes estacionado no Oásis de Beja, em pleno deserto Alentejano).

3º Esta força é necessária para assegurar que alguns investimentos estrangeiros, feitos por capitalistas tresloucados (não o são eles todos...?) num deserto tão ermo e desprovido de tudo o que a civilização, possam ser destruídos quer pelo avanço dos elementos erosores do dito deserto, quer pela sublevação das tribos locais, que insistem em continuar afastadas da civilização, melhor representada nos bairros suburbanos de Lisboa, píncaros do que a luta, para travar a desertificação urbana, significa.

4º Entre os investimentos atrás referidos, estão coisas tão comezinhas e que tão pouco custaram em subsídios (pagos pelos tributos - vulgo impostos - dos habitantes do deserto e pelos restantes cidadãos da República) como a AutoEuropa (ali a meia dúzia de Kilómetros donde o Ministro-Engenheiro cravou a novel fronteira do país) e o todo o parque industrial dos Oásis de Palmela, Seixal, Barreiro, Setúbal, Sines. Coisa pouca, atendendo que vai desde a construção e reparação naval, portos de águas profundas (investimentos estatais feitos em tempos em que o deserto ainda era do outro lado Mediterrâneo), indústria petroquímica, indústria madeira/papel. Há também umas Universidades e Institutos Politécnicos (Engenharias várias, p.ex.) que vão dando formação não só aos jovens filhos do deserto, mas também - espantemo-nos! - aos filhos da Margem Norte da República.
Recentemente, e provindo às necessidades de irrigação, de prática de ski aquático, pesca e de lavagem de roupa suja dos habitantes do Deserto, foi inaugurado outro investimento da República, lá para os confins do dito Grande Vazio, numa área conhecida como Alqueva - talvez a notícia sobre o maior lago artificial da Europa ainda não tenha chegado ao Terreiro do Paço.

5º Vê-se pois, que o Deserto, ao qual proponho que se chame o Grande Vazio ao Sul, faz pouco jus à caracterização do Ministro-Engenheiro, apesar da sua sapiência feita de anos de estudo e luta marxista.

6º Espero que o Partido Socialista, nas próximas caravanas eleitorais (terão de ser feitas às costas de camelos, com certeza), cujo presidente lembrou ontem aos terroristas que dinamitando as pontes que ligam Lisboa ao Grande Vazio ao Sul podiam cortar a República ao meio, se recorde dos dislates que este Ministro-Engenheiro anda a dizer, argumentando a favor da sua Cruzada/Objectivo pessoal. Espero que os habitantes do Grande Vazio ao Sul se lembre daquilo que os mais altos dirigentes do Partido Socialista pensam deles.

Agora, despeço-me. Tenho de ir trabalhar para poder pagar os meus tributos aos ocupantes do meu Grande Vazio ao Sul.
Mas um dia seremos livres!

Já colocado no Insurgente.

quarta-feira, maio 23, 2007

O Ressentimento

No PÚBLICO de Segunda-feira, esta interessante entrevista do historiador Marc Ferro.
Explica-nos que não devemos ignorar o ressentimento, enquanto força motriz do conflito entre povos e nações; lastro fundo na história, e longe de ter sido remetido para o caixote do lixo, continuará a determinar muitos dos conflitos que hão-de vir. E outros que se julgavam esquecidos.
As ideologias liberal e marxista, ambas filhas da Razão, acreditam que pelo advento das forças produtivas ou pela expansão do livre comércio conduzirão a humanidade a um mundo de paz e prosperidade. Em resumo, à felicidade. Ignoram assim o papel da memória e das identidades colectivas, bem como o ressentimento que muitas vezes a elas lhes subjaz.
Não, não podemos ignorar o papel do ressentimento. Na periferia parisiense (ingénuos são os que pensam esconjurar este sentimento por meio de generosas prestações sociais). Ou na Estónia (embora na senda da prosperidade económica, estão à vista os antagonismos étnicos; com os russos, que aí vivem a condição apátridas). E Mesmo entre nações que partilham o mesmo projecto político/económico , porque, dando voz a Ferro, o ressentimento é durável:


PÚBLICO:

No seu último livro*, propõe uma leitura da História, das suas guerras e crises, como origem no ressentimento. A esta luz, que conflitos estamos hoje a preparar para o futuro?

Marco Ferro – Muitos. Primeiro há um ressentimento antigo que sobrevive. E aquele que sobrevive de uma forma mais antiga é o do islamismo fundamentalista. O ressentimento do islamismo não tem fronteiras e isso constitui um garante da sua sobrevivência.
O problema também é que as sociedades que têm ressentimento não estão nunca satisfeitas. Esperam sempre mais. Quando Bin Laden bombardeou Nova Iorque O ressentimento não se exprime em voz alta. Bin Laden não exprimiu o seu ressentimento contra o Ociedente, as cruzadas…

Mais à frente:

Há um velho slogan anarquista que proclama “é preciso fazer tábua rasa do passado”, esquecer o passado.
Mas não podemos esquecer o passado. Porque o passado não se esquece: há a família, há a memória.
No meu último livro dei o exemplo do Sul da França, do Languedoc, onde de família em família se foi passando a memória da cruzada do Papa [Inocêncio III] contra os albigenses, que eram cristão heréticos. Foi há sete séculos e continua a falar-se disso. Fala-se pouco, quase nunca, mas é o substrato que alimenta a hostilidade face ao Norte da França. Tudo o que vem de Paris é bárbaro
(…)
A memória permanece e a desconfiança também. Em 1907, nos confrontos contra os produtores de vinho amotinados, estes gritavam na rua: “Não somos albigenses”.
(…)
Esta memória tem alimentado a contestação contra o Estado, contra Paris, contra o exército.

Depois, o historiador ameniza um pouco as coisas, dizendo que o ressentimento pode não desembocar no conflito violento, na vingança. Por vezes tal não sucede, havendo espaço para o entendimento. E cita a exemplo o caso da França e da Alemanha. Faz também alusão à Africa do Sul.
O sucesso sul-africano remeteu-me, não obstante, para o livro de J. M. Coetzee, Desgraça, retrato amargo da África do Sul pós-apartheid.
Coetzee narra-nos um doloroso processo de expiação, na figura de Lucy, que encarna (ou pensa encarnar) a culpa histórica do povo afrikander. Acaba violada pelos seus vizinhos negros, mas resigna-se a viver nesse quotidiano feito de humilhação, na presença dos violadores. Nela, a sujeição é o preço a pagar para permanecer na terra. Neles quase não há palavras, mas sentimos aquele ressentimento que vem da História.

domingo, maio 20, 2007

Vitóóóóóóórrrrrrrrrriiiiiiiaaaaaa!

sexta-feira, maio 18, 2007

Jane


Há imagens que devem permancer assim.
Calmas, pairando no tempo, imortais.
Como há mais de 30 anos.

quinta-feira, maio 17, 2007

Vontade de entrar

Mais Lisboa

Lisboa, como se previa, vai ter eleições intercalares, e diga-se que tal decisão só peca por tardia.
Mas um acto que se queria clarificador, para que pudesse projectar uma nova luz sobre Lisboa, começa tristemente envolto no manto de suspeição da baixa política. Como perceber a marcação das eleições lisboetas para o dia 1 de Julho, senão como meio de fazer abortar a recém anunciada candidatura de Helena Roseta, que tanto incomoda os socialistas? Não será a decisão do Governo Civil de Lisboa mais um sintoma da instrumentalização político/partidária de cargos públicos que deveriam ser exercidos com isenção e imparcialidade? É preocupante, aquilo a que temos vindo a assistir nos últimos tempos, das tentativas de governamentalmente domesticar a comunicação social por meio de entidade reguladoras e comissões de carteira, até à notícia de que um juiz transita do Tribunal Constitucional para o governo; Rui Pereira substituirá o ministro da Administração da Interna António Costa, que se desvinculou do governo para protagonizar a candidatura do partido socialista à Câmara de Lisboa. Acaso será isto normal?
Regressando às candidaturas à edilidade lisboeta, comungo da opinião de que seria desejável uma convergência de vontades entre Helena Roseta e Sá Fernandes. Eles poderiam dar corpo a uma alternativa de esquerda. A uma alternativa que enfrentasse os verdadeiros problemas de Lisboa, o contínuo e progressivo esvaziamento de habitantes; a especulação imobiliária que a vem desfigurando; a humanização dos espaços públicos e a devolução dos passeios aos peões e aos residentes. Helena Roseta e Sá Fernando são quem mais fala nisto, na urgência de ensaiar novas políticas. Quanto aos outros, falam demais em compromissos.
Tivéssemos, nós, outra sociedade civil, e estou em crer que uma candidatura assim seria a vencedora das próximas eleições. Mas o mais provável é que prevaleçam, entre o eleitorado, os atavismos político/partidários. Lisboa não é Londres, onde Ken Livingstone levou avante a sua candidatura, contra Blair e a entourage do partido trabalhista.

segunda-feira, maio 14, 2007

Sofrer até ao fim

O Carlos tem razão em tudo o que diz e nas contas que fez, por isso ainda resta uma pequena hipótese lá pelo Bonfim.

Pelo menos valeu pela oportunidade de nos voltarmos a encontrar.

domingo, maio 13, 2007

Hello



















Picture the scene.


"Hello, how are you?"

"Well I'm green and yellow,
Pinky blue."

Dead alternative.


"Oh then, please step right in

To our nursery.
Just pick a group
That you can relate to,
Now the grownups have gone."

After the party is

Over, my friend,
There will be nothing you can
Put your finger on.
Just a parasol.

(Robert Wyatt- "CP Jeebies", do álbum Dondestan)

sexta-feira, maio 11, 2007

Asséptico Mundo Novo




Fumar dá um estilo do camandro, não é?

Um dia, ainda serei preso por isto

Ele há cada coincidência...

DN (meu destaque):
A Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) propôs a dissolução da Câmara Municipal de Setúbal no âmbito da conclusão das investigações sobre as irregularidades encontradas nas reformas compulsivas de 60 funcionários.(...)

O porta-voz do município confirmou ao DN a recepção "hoje [ontem] de manhã" do relatório e manifestou a "absoluta estranheza por, mais uma vez, um órgão de comunicação social tomar conhecimento do relatório antes da câmara". Considerando "inadmissível" esta situação no relacionamento entre órgãos do Estado, o porta-voz indicou que a presidente Dores Meira não se pronuncia antes de conhecer o conteúdo do documento.

Por coincidência, as duas maiores autarquias da Área Metropolitana - Setúbal, de maioria comunista, e Lisboa, de maioria social-democrata - enfrentam, no mesmo dia, processos de dissolução.
Será que a CMS já não tem dinheiro para pagar as contas de telefone/fax/internet e se tornou incontactável? Será que os CTT deixaram de entregar cartas na Praça do Bocage?
Nesse caso, talvez a IGAT pudesse ter contactado directamente quem tem controlado as coisas por lá.

quinta-feira, maio 10, 2007

Smoking

Lisboa

Sobre Lisboa, incontornável este artigo do historiador Paulo Varela Gomes. Brilhante:

O maior problema de Lisboa são os fazedores de opinião de Lisboa, precisamente esses que dizem que os maiores problemas de Lisboa são…etc e tal. Na verdade, achar que o problema de Lisboa tem que ver com maiorias camarárias ou finanças é indicativo de uma extraordinária miopia política e cultural que mostra precisamente o seguinte: Lisboa é um assunto demasiado sério para ser deixado aos Lisboetas. Não me refiro à maioria dos Lisboetas, aos lisboetas das 9-às-5, mas sim à elite lisboeta, aos fazedores lisboetas, aos seus colunistas, jornalistas, cineastas, escritores, poetas, músicos e actores – todos aqueles e aquelas que mostram Lisboa a si mesmos e aos outros, são ouvidos sobre Lisboa, fazem a “imagem” de Lisboa.

[…]

A elite (e os jovens, os jovens…) de Lisboa têm essa responsabilidade porque, iludidos pelo aumento da oferta cultural e de entretenimento que a cidade sem dúvida vem experimentando nas últimas décadas, não viram – literalmente não viram e não vêem – a degradação do espaço público, a fealdade crescente, a decadência brutal da qualidade de vida de Lisboa, uma das cidades menos
user friendly da Europa, certamente a mais descuidada, suja, anárquica e rasca das suas capitais.
A elite de Lisboa, aos gritinhos de contentamento como o “cosmopolitismo” da sua cidade, nem ao menos tem o discernimento de detectar o paternalismo condescendente com que os estrangeiros olham para o terceiro-mundismo dos graffiti, do lixo, dos carros estacionados por toda a parte, dos edifícios em cacos, do horror dos subúrbios, da vergonha das entradas na cidade, da porcaria dos transportes públicos, do inferno do trânsito.

Esta elite, toda satisfeita, deixou a política de Lisboa aos políticos lisboetas…
[...]
Ora – e aqui é que está o busílis – Lisboa não é uma cidade qualquer. Lisboa não pertence aos lisboetas. Nem sequer aos portugueses. Lisboa é o único património genuinamente mundial existente em Portugal. Há pouquíssimas cidades que, simbolicamente, pertençam ao mundo inteiro. Portugal tem a sorte incrível, construída na história, de contar com uma.

[…]

Não porque seja uma cidade monumental. Mas porque foi caput mundi nas imaginações do século XVI, porque foi a cidade do terramoto de 1755, porque, potencialmente, é uma cidade capaz da maior beleza, não a dos monumentos ou a da grandiosidade, mas a da gentileza, da atmosfera, da memória física e simbólica de um mundo não centrado na Europa.

In PÚBLICO, 10/05/07


O artigo merece ser lido na íntegra. Mais tarde, penso disponibilizá-lo em link, aqui no Office…
Gente como o Paulo Varela Gomes faz falta ao espaço público/opinião

quarta-feira, maio 09, 2007

Ainda as eleições em França

Nesta Incursão pela sociologia das presidenciais francesas há muito de permanência, mas também de mudança.
Assim, Sarkozy teve a preferência dos artesãos, classe profissional que por norma vota à direita e vota profunda desconfiança ao Estado. Também os trabalhadores do sector privado escolheram maioritariamente o candidato da UMP. Já os do público preferiram Ségoléne Royal, que contou ainda com o voto da maioria dos operários; os patrões, para utilizar uma linguagem anacrónica ou a fugir à novilíngua contemporânea, estiveram do lado de Sarko. Isto quanto àquilo que permanece, ou dito de outro modo, às clivagens esquerda/direita.
Sobre a mudança, de notar o recuo da esquerda no voto popular, onde Sarkozy e a direita progridem. Entre os menos instruídos Sarkozy leva vantagem, conseguindo até votações importantes entre os operários (41%). Sinal disso mesmo é o resultado obtido Saint-Denis, antigo bastião do partido comunista francês; o candidato da UMP obtém aqui um resultado acima dos 40%, e na primeira volta das presidenciais foi mesmo o mais votado. Penso que o avanço da direita nos meios populares se deve em grande parte à questão da segurança, que à esquerda tem sido negligenciada.
A esquerda precisa de ter um enfoque sério sobre a segurança e a violência urbana, caso contrário continuará a assistir à erosão do seu eleitorado popular habitante das periferias. A importância da segurança também se reflecte no voto dos pensionistas, maioritário à direita.
Talvez assista alguma razão à colunista do PÚBLICO, Helena Matos, quando diz que Sarkozy começou a ganhar estas eleições há quase dois anos, quando apelidou os jovens de escumalha e com isso incendiou a periferia urbana. Então, muitos prognosticaram a sua morte politica, em particular nos medias, mas sucedeu o contrário. A esquerda fez apenas a denúncia da repressão, confiando à direita o monopólio do discurso sobre as vítimas dos jovens em revolta.

terça-feira, maio 08, 2007

O meu candidato


Ou seja, se eu fosse americano, filiado no Partido Republicano, seria este o candidato que apoiaria: o congressista Ron Paul.
E parece que por lá, há muita gente a descobrir que existem alternativas às propostas tradicionais do GOP (via ABC):
Rep. Ron Paul, R-Texas, who barely registers in public opinion polls of the Republican presidential field, won last Thursday night's debate.

That was the unmistakable conclusion of the online poll posted by debate sponsor MSNBC, which registered Paul with higher positive ratings and lower negative numbers than any of the other nine candidates on the stage.

segunda-feira, maio 07, 2007

A Vitória de Sarkozy

Aconteceu o que todas as sondagens prognosticavam: a vitória de Sarkozy nas presidenciais francesas. Presidenciais marcadas por uma grande participação dos eleitores, sinal da importância por eles conferida a este acto. Está de parabéns a democracia francesa.
A vitória de Sarkozy foi alicerçada, por um lado, na eficácia de um discurso de pendor populista e, por outro, na coerência ideológica e programática do seu projecto de poder. Um projecto claramente de direita, que fez aliás o pleno deste eleitorado; dos liberais à frente nacional. Da necessidade de reduzir o peso do Estado, ideia vendida às elites económicas, às promessas de ordem e segurança para as classes populares. E, claro, tolerância zero para com a imigração ilegal.
Como o exemplo de Bush, as eleições ganham-se pela coerência interna das propostas e pelas marcas ideológicas do discurso, e não já pela conquista dessa nebulosa a que chamamos o centro político; o ponto de equilíbrio da moderação.
Estes são tempos difíceis para esquerda, não apenas na Pátria das Luzes. Ségolène Royal conseguiu ainda assim um bom resultado, se atendermos ao facto de a esquerda ser hoje minoritária em França. As condições objectivas eram lhe pois desfavoráveis. Mas fez uma campanha corajosa e determinada. Perfila-se para o futuro.
A esquerda francesa terá de empreender um doloroso processo de questionamento. Perceber as razões por que tem vindo a perder o voto popular. Buscar os caminhos da renovação, sem cair no logro das derivas tecnocráticas ou das terceiras vias. Terá de ser ousada e não temer o futuro. Porque não basta resistir.


No Liberation:

Un tel écart interpelle la gauche tout entière. L’immobilité doctrinale du PS, produite par ses divisions d’ambition, a plombé d’avance l’élection. Refus de tirer une leçon claire de la bérézina du 21 avril 2002, illusion que le simple jeu de l’alternance suffirait à assurer la victoire, insensibilité aux enjeux nouveaux dans une France transformée par sa propre crise et par la mondialisation, négligence à l’égard du centre, absence de réflexion sur les nouvelles politiques sociales et économiques nécessaires en ce début de siècle, ouverture insuffisante aux innovations de l’altermondialisme dont il fallait prendre le meilleur, suicide par éclatement de la gauche radicale.

A ler também o editorial de Jean-Marie Colombani.

Não sei se sabem que existe...?

Este fim de semana fui outra vez obrigado a evitar a Av. Luísa Todi.
Mais uma prova de atletismo, desta vez com bancada para assistência, montada na zona frontal à Praça do Bocage.
Depois de ter conseguido chegar perto do Naval, fui mandado parar por um mui simpático agente da PSP (a sério; não estou a ser irónico) que me perguntou para onde ia. Depois de devidamente informado que pretendia estacionar junto ao tribunal, no parque que lá existe para o efeito, autorizou que prosseguisse. Ter que explicar a um polícia (simpático, repito: pediu desculpa pela demora causada) para onde pretendia dirigir-me e ter de obter a sua aprovação, fez maravilhas pela minha admiração da colectivização do espaço urbano.

Ou seja: mais uma vez, centenas ou milhares de maduros e respectivos autocarros e carrinhas de transportes, atravancaram e vedaram o trânsito da baixa a um fim de semana.

Pergunto-me se esta gente desconhece que o Estado, todos nós contribuintes, pagámos um belíssimo complexo que lhes permite correrem até cair para o lado? Talvez seja melhor recordar a inauguração em Agosto de 2005, feita por Carlos Sousa, da infraestrutura onde há Pista de Atletismo, Campo Relvado, Ginásio, Parede de Escalada e Tabelas de Basquetebol.

A omnipresente ASAE

Tal como aconteceu com o Festival do Queijo, Pão e Vinho, também a ASAE estará vigilante na 12.ª Mostra de Vinhos das Freguesias de Marateca e Poceirão, que vai decorrer no próximo fim-de-semana.
A sempre vigilante, encapuzada e devidamente armada instituição de polícia irá mesmo promover um colóquio sobre "questões de higiene, segurança e legislação no sector".

Consumidores da bela pinga, ide em grande número e sem receios a Fernando Pó; a ASAE vela por nós e não permitirá ressacas devido a vinhos martelados.

sexta-feira, maio 04, 2007

Videoclip Lounging

Bonfim

Assim de repente...

Qual era aquela câmara municipal que teve a (ex-)presidência e toda a vereação constituídas arguidas (nobre estatuto jurídico que proporciona melhor defesa), mesmo os vereadores que votaram contra, por causa de um suposto desrespeito pelas regras dos processos disciplinares e aposentações, em benefício de vários (dezenas) dos seus funcionários?

Era giro, se se lembrassem qual foi, fazer um pouco de benchmarking com a posição de Marques Mendes e dos demais responsáveis partidários (mesmo os menos responsáveis) sobre o que se passa na lusa capital.

Testes ideológicos - II

Tal como o Marvão, eu também fiz o dito teste ideológico. Nada de surpreendente: lá vou ter de continuar a discordar do Marvão e de alguns dos comentadores (sempre bem vindos) do Office...

1-market liberal
2-anarcho-capitalist
3-libertarian conservative
4-social liberal
5-Christian democrat
6-Third Way
7-social democrat
8-fascist
9-ecologist or green
10-anarcho-communist
11-classical socialist
12-communist

O ocaso de Carmona Rodrigues


O ocaso de Carmona Rodrigues vem lembrar-nos de que o perfil técnico, coisa que não podemos negar não ser atributo do ainda Presidente da Câmara de Lisboa, não basta para gerir os assuntos da Polis.
Assim, o descrédito da gestão camarária lisboeta é indissociável do logro em que caíram os que acreditavam poder substituir a política pela técnica. E foram muitos os eleitores lisboetas assim iludidos.
Carmona não renuncia. Mas esse gesto de independência não o poupará à humilhação política.

quinta-feira, maio 03, 2007

Testes ideológicos

Fiz este teste que nos diz qual o nosso lugar no espectro ideológico.
Pela sua denominação, European Political Ideologies deve ter sido criado por um americano. Para os americanos, não há política europeia sem a sua dose de bizarria ideológica…
Bem, eis a minha classificação por ordem de importância:

1.º Ecologist or green;
2.º Communist;
3.º Social democrat;
4.º Anarcho-communist;
5.º Classical socialist;
6.º Social liberal;
7.º Third Way.
8.º Anarcho-capitalist
9.º Fascist;
10.ºChristian democrat;
11.ºMarket liberal;
12.ºLibertarian conservative

Não é, como seria de esperar, um todo coerente. Confesso que o que eu gostaria de ser era um anarco-comunista, mas falta-me a dose extrema de optimismo histórico. Não que seja um céptico, de modo nenhum. Mas a ideia da abolição do Estado provoca-me sentimentos desencontrados; medo e esperança.
Ser ecologista até que nem é mau. Atribuo esse sentimento ao desejo de ver os bosques deste país outra vez povoados de alcateias de lobos. Sim, eu gosto de lobos.

quarta-feira, maio 02, 2007

XIII Festival do Queijo Pão e Vinho

Via ROS:
A edição deste ano do Festival do Queijo, Pão e Vinho decorre de 4 a 6 de Maio, nas instalações da Associação Regional de Criadores de Ovinos da Serra da Arrábida (ARCOLSA), em Cabanas, freguesia de Quinta do Anjo, e conta com a participação de vinte produtores, num total de trinta e dois expositores.(...)

Para evitar quaisquer problemas com uma possível fiscalização da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica durante o festival, a comissão organizadora reuniu-se em Lisboa com técnicos da ASAE, "no sentido de sabermos o que fazer para termos tudo legal", explicou Pedro Fontes. Todos os participantes no festival estão legalizados.

A edição deste ano marca também o abandono da Câmara Municipal de Palmela do papel de principal organizador deste evento.(...)
Podem cosultar o programa do festival no site da C.M.Palmela.

Visto


Parece ser inerente à condição humana, a procura de uma parte outra, algo que não está em nós mesmos. Como se a complitude individual se verificasse só na presença de outro, como se precisássemos de outro ser humano para nos sentirmos realizados e felizes.
Lady Judy Dentch interpreta o papel de uma professora (já entrada nos anos, como indica a idade da actriz), mais que solteira, solitária. Ao longo do filme vamo-nos apercebendo como tudo o que faz, pensa e sente tem como fim único alcançar a felicidade no amor correspondido de outro ser humano, de outra mulher; uma obsessão avassaladora, a sua única razão de vida passada, presente e futura.
Cate Blanchett representa a nova professora de Arte na escola. A sua beleza e fragilidade aparente atraem as atenções da população escolar. A competição pelo seu amor é a base onde o filme assenta, tendo em conta o que motiva os vários competidores.
Um filme de mulheres (de grande actrizes, também), para todos os géneros humanos.