segunda-feira, janeiro 31, 2005

O Amor é Tão Lindo! - XI

Example

aaaaa"See the day"
aaSee The Day - Dee C. Lee

Choques

O frio não congelou as consciências políticas que andam sob o signo do choque.
Depois do choque fiscal, do socrático choque tecnológico, temos, pela mão do CDS/PP, o choque de valores, num neoconservadorismo à portuguesa.Para gente que se diz moderada, estranha-se a obsessão pelo choque a impor à sociedade, receita para todos os males que nos afligem.

O poder (de) escolher

Example As últimas notícias dão conta de que votaram mais iraquianos sunitas do que os mais pessimistas antecipavam. Os que optaram por não votar, fizeram-no por receio das ameaças dos terroristas, esses heróicos resistentes defensores do extremismo ditatorial do medo, de perseguir e decapitar quem se atrevesse a aproximar de uma urna. Não foi coisa pouca, a coragem de quem votou, de quem decidiu participar na escolha do futuro do país. Estes sim, são os heróis da resistência - ao terror.

"The UN's senior election official in Iraq, Carlos Valenzuela, told BBC News he was pleased that more people than expected "defied the threat of violence to go and vote". He said a precise turnout figure would not be known for several weeks, but it appeared higher numbers of Sunnis than expected turned out to vote." via BBC

"Still, election officials said voting in the Sunni-dominated provinces had appeared to exceed initial expectations, and in some cases might reach 40 percent. In Mosul, a Sunni-majority city and the scene of heavy fighting in recent weeks, Western reporters saw voters in Sunni neighborhoods lined up outside polling stations."via NYTimes

"But both the violence and the Sunni turnout proved to be the wild cards. After a slow start, growing numbers voted in heavily Sunni districts of the capital, including Khadra, Tunis and parts of Adhamiyah, residents said. Crowds in Baqubah, a mixed Sunni-Shiite town northeast of Baghdad, gathered with their children before polls opened and waited for tardy election workers as mortar shells detonated in the distance. In the northern city of Mosul, scene of some of the fiercest fighting in recent months, turnout grew among both Sunni Arabs and ethnic Kurds as intense attacks failed to materialize" via Washington Post

Iraque/Eleições I

A participação nas eleições iraquianas foi elevada, acima dos 60%, segundo as primeiras estimativas.
Este número não constitui surpresa, se pensarmos que xiitas e curdos, grupos que podem retirar vantagens do contexto político pós-Saddam , iriam comparecer em massa. Para eles, este acto eleitoral constitui uma oportunidade histórica; os primeiros, historicamente à margem da governação dos destinos do país, aspiram, por esta via, à liderança; os segundos pretendem aprofundar a autonomia das regiões em que são maioritários, sempre com a independência no horizonte.
No Iraque temos em grande parte um voto étnico e religioso, e os partidos que procuram o voto transversal às várias etnias são frágeis e pouco representativos. É certo que os grandes grupos étnicos de que falei não são monolíticos, neles existem várias correntes, algum pluralismo, mas sempre encerrado nas fronteiras étnicas. Será interessante saber qual o peso dos religiosos xiitas, agrupados na Aliança Iraquiana Unida apadrinhada pelo Grande ayatollah Ali Sistani, face à lista Iraquiana do actual primeiro-ministro, Iyad Allawi, de pendor secular, numa oposição um pouco simplista.
Para os sunitas, o tempo é de boicote, pois não têm muito a esperar de umas eleições que consagrarão a maioria xiita. A resistência armada continuará a dispor de apoios importantes entre os membros deste grupo étnico. Neste contexto, o risco de guerra civil e de formas de separatismo é real. E é bem provável que, à semelhança do Kosovo, as vítimas de ontem se transformem nos novos opressores, num tempo de revanchismo.
É pois prematuro falar de Democracia, a guerra de ocupação marca a paisagem do território iraquiano, a segurança das pessoas e bens é mínima, a integração dos sunitas na nova arquitectura política não está resolvida, permanece vivo o sonho independentista dos curdos e os partidos inter-étnicos quase não existem.

Um presidente, um governo

Freitas do Amaral está "disponível para servir" o país. E o PS:
"Na mesma entrevista, o jurista revela também que se tem encontrado muitas vezes com o secretário-geral do PS, José Sócrates, mas não abre o jogo quanto a um eventual convite para fazer parte de um Governo socialista, em caso de vitória nas legislativas." via Renasceça, sobre a entrevista ao Diário Económico.
"(...)adianta ainda que nunca falou com o José Sócrates sobre eventuais cargos ministeriais num governo PS e que não vai fazer campanha ao lado dos socialistas.
No entanto, sublinhou que permitirá ao PS utilizar a sua declaração pública de apoio ao partido durante os actos de campanha. " via Portugal Diário, sobre a entrevista ao Diário Económico
.

Se Guterres borregar nas presidenciais, o ex-candidato presidencial poderá vir a ser a figura que o PS apoiará, procurando agradar a todo o "centrão". O que não deixa de ser curioso para quem se lembra das eleições de 1986 e da respectiva campanha.

sábado, janeiro 29, 2005

O apelo

«"O líder do CDS-PP, Paulo Portas, apelou hoje ao "eleitorado dos valores" que não se abstenha nas eleições legislativas de 20 de Fevereiro, "para evitar que o país seja entregue aos comunistas radicais e à extrema-esquerda".» no Público

É um apelo à silenciosa massa de eleitores abstencionistas.
A subida do BE nas sondagens pode ser razão para que uma parte dos habituais abstencionistas resolvam votar nestas eleições. Principamente se o discurso do CDS, ou mesmo do PSD, começar a enfatizar recorrentemente as implicações de um governo PS/BE. Pode também vir a ser um desafio à escolha do eleitorado do "centrão": com os seus votos o PS pode ter maioria absoluta; com menos do que o esperado dos seus votos o PS minoritário terá à sua esquerda a possibilidade de formar um governo de coligação maioritário.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Eleições no Iraque

Example
O Die Welt dá conta do início das eleições iraquianas - na Alemanha. São 26.416 os iraquianos que se registaram, segundo a Organização Mundial das Migrações. Poderão votar em Berlim, Munique, Mannheim e Colónia.
No jornal da noite de uma TV portuguesa pude ver um emigrante iraquiano a manifestar a alegria que sentia por ao fim de tantos anos poder ter voz no futuro do seu país. De manhã, numa rádio, ouvi o embaixador iraquiano em Portugal dizer que não vai poder votar porque o local mais próximo para o fazer seria Paris. De acordo com o diplomata, o custo de viajar até lá é incomportável. Mais um argumento para o aumento da oferta de ligações aéreas a baixo custo, como a Ryanair começou a fazer a partir do Porto.

A Revolução de 1906

Lembrei-me dela a propósito de das eleições iraquianas que se avizinham, para assinalar as diferenças.
Foi genuinamente uma revolução democrática e teve origem no humilhante jugo a que a Pérsia estava sujeita pelas principais potências europeias da época, a Rússia em particular. Na sua origem próxima esteve o acordo entre o Xá da Pérsia e o Czar da Rússia, em que este cedia, a título de empréstimo, a quantia de vinte e dois milhões e meio de rublos e em troca assumia o controlo, por um período de setenta e cinco anos, das receitas provenientes das alfândegas persas. O russos recorreram aos belgas para implementar tão vantajoso acordo. O episódio que deflagrou a revolução foi originado por um destes funcionários belgas, que, imaginem só!, acumulava as funções de ministro dos correios e telégrafos, tesoureiro-geral da Pérsia, chefe do departamento de Passaportes, director-geral das Alfândegas e ainda tinha tempo para ser membro do Conselho Supremo do Reino. O referido funcionário, numa festa, mascarou-se de mollah e a notícia correu depressa pelo bazar de Teerão, gerando a revolta.
Bom, não me quero alongar nas causas, direi apenas o papel desempenhado por acontecimentos ocorridos fora da Pérsia, mas com profundo impacto aí, como a derrota da Rússia às mãos dos japoneses e a subsequente revolução de 1905 (lembram-se do Potemkine?).
Os comerciantes do bazar, as mulheres e uma parte do clero a ela aderiram. A facção modernista do clero citava mesmo uma passagem do Corão para fundamentar o apio dado : “ que os vossos negócios se regulem por concertação entre vós”, interpretando-a no sentido de os homens se governarem democraticamente.
O Xá foi obrigado a ceder e a convocar eleições por sufrágio directo que deram origem ao primeiro parlamento de história persa.
Mas este grito de liberdade daqueles que viviam sob o jugo obscurantismo e da tirania acabou esmagado pelas principais potências europeias, algumas muito democráticas, como a Inglaterra e a França.
Quase cem anos depois, agora no Iraque, o Ocidente, por intermédio dos americanos, prepara-se talvez para dar o golpe de finados na Democracia ao associá-la a um impenitente imperialismo armado. São histórias que ficam gravadas na memória do Oriente.
Mas pode ser que não, e a vontade dos povos em viver em liberdade se sobreponha aos desmandos do Imperialismo.

Maiorias absolutas para quê?

Será que temos de estreitar o nosso sistema eleitoral de forma a que este já quase só permita maiorias estáveis, ditas absolutas, mesmo que isso signifique a ascensão de medíocres a primeiros-ministros? Por que não melhorar antes os mecanismos de representação dos nosso deputados e assim dignificar o parlamento?

Sondagens

Saíram esta sexta-feira várias sondagens e todas espelham a mesma tendência : a esquerda cresce enquanto a direita cai.
Importa, contudo, ir para além da epiderme dos números.
A abstenção, cujo nível é difícil de medir em sondagens, tradicionalmente mais vocacionadas paras as variações entre os diversos agrupamentos partidários, poderá confundir o resultado no que toca à existência de maioria absoluta. Nada é certo neste domínio.
Existe, de há algum tempo a esta parte, um partido que aparece subavaliado nas sondagens. Trata-se do CDS, como o demonstram os resultados das últimas eleições em que concorreu sem ser coligado (europeias e legislativas). Talvez isso se deva ao facto de algumas das bandeiras deste partido não serem muito politicamente correctas (casos da imigração e do aborto) , o que poderá levar alguns inquiridos a ocultar a sua intenção de voto, quando perante formas de inquirição telefónica ou directa (é sempre mais fiável a simulação de voto em urna fechada).
O que parece evidente é a extrema erosão do PSD, que não resistiu à experiência de governação protagonizada por Pedro Santana Lopes, e também o notável crescimento do Bloco de esquerda, sem dúvida uma boa notícia; na sondagem da católica, este partido parece tão credível no indicador de economia e finanças como no das políticas sociais, certamente para arrepio dos liberais da blogosfera.
Para terminar, um apontamento para a CDU, onde a resistência se cruza cada vez mais com a incapacidade em seduzir novos eleitores; parece ter mesmo abdicado destes.

Vizinha

"É uma das mais recentes militantes do PSD. Inscreveu-se em Novembro e desfilou no palco do congresso de Barcelos como uma das novas adesões. (...)Glória Marques da Costa, viúva, 39 anos, é advogada em Lisboa, na área laboral, e cabeça de lista em Beja.(...)Nascida em Elvas, distrito de Portalegre, Glória Marques da Costa garante conhecer bem o Alentejo, por razões profissionais, e também porque tem uma casa em São Teotónio, Odemira. " no Público

Oh vizinha, apareça lá na Zambujeira, no Carnaval, que eu pago-lhe um cafézinho.

Posição dominante de mercado

"A Finlândia é o país da Nokia; a Espanha é o país da Zara; e Portugal tem que ser o país do plano tecnológico." via Público

O Público cita o Dr. Manuel Pinho, actual economista-mor do PS.
A empresa "plano tecnológico" aparentemente é uma start-up que vai recorrer a capital público (capital de risco para os contribuintes) embora entregue directamente nas mãos de privados, sobre a forma inovadora de ... como é que aquilo se chama?... ah!, subsídios.
Ainda não se lhe conhece produtos, missão, plano estratégico, nem quais os recursos humanos que necessitará. Estes devem ser muitos, porque terá algo a ver com os 150.000 postos de trabalhos prometidos. Analisando as declarações dos auto-nomeados administradores e do CFO, o break-even será imediato e a demonstração de resultados (P&L, para os que gostam de americanices) mostrará resultados, antes de overheads, muito positivos. O custo de overheads não deverá ser considerado para efeitos de análise de rentabilidade. Entre os KPI's a seguir estará o número de institutos e de nomeações geradas, dada a necessidade de acompanhamento da sua implantação no mercado interno e avassaladora conquista dos mercados internacionais. Está preparado para 20 de Fevereiro um questionário aos portugueses para saber da apetência que este projecto lhes desperta.
Eu é que não quero ficar para trás. Alguém sabe para onde se enviam os C.V.'s?

O Amor é Tão Lindo! - X

Example

aaaaa"Disco 2000"
aaaDifferent Class - Pulp

Carnaval

"Festejos - Carnaval "muito simples" em Setúbal" no O Setubalense
"Setúbal - Tradição do Carnaval está a ser retomada" no Distrito Online
"Loureiro é o rei - Carnaval de Setúbal 2005" no site da C.M. de Setúbal (O Sr. Loureiro é um empresário da cidade)
"Carnaval pode trazer benefícios financeiros a colectividades" no Setúbal na Rede

O Carnaval promete trazer muita animação a Setúbal.
Já começei a fazer as malas. Lá em baixo há uma varanda sossegada, com vista para o mar, à minha espera.

Questões de Futurologia - II

Sondagens para todos os gostos, em meios de informação para todos os gostos: Visão, Público, Diário de Notícias/TSF e Correio da Manhã.
Perante estes cenários, as perguntas que coloquei ontem ainda são válidadas, uma vez que nem o PS terá assegurada a maioria absoluta, nem a relação de força dos demais partidos parece claramente estabelecida. No caso da maioria absoluta dos deputados eleitos não ser do PS, quais os cenários de aliança que se podem cogitar - à esquerda e à direita? Está o P.R. disposto a aceitar um governo de aliança formado por partidos que não incluam o mais votado?
No entretanto, Santana Lopes ameaça processar as empresas de sondagens se os resultados forem muito diferentes dos antecipados pelos seus trabalhos de campo. Será que pensa tratar a situação de um caso de difamação?

quinta-feira, janeiro 27, 2005

O Amor é Tão Lindo! - IX

aaaaExample

"You'd Be So Nice to Come Home To"
aaaaaaaaaaChet - Chet Baker

Auschwitz

Example
O inominável aconteceu há sessenta anos atrás.

Questões de Futurologia

A sondagem da Visão dá 40% dos votos ao PS, 32% ao PSD, 6% ao CDS, 5% ao BE e 4% à CDU. Ou seja, uma vitória do PS sem maioria absoluta. Deixo, por isso, algumas questões quanto ao futuro:
  1. O que fará o Presidente da República se a soma dos votos do PSD e CDS vier a ser superior aos do PS?
  2. O que fará o Presidente da República se só a soma dos votos do PS e do BE fôr superior à soma dos votos do PSD e CDS ?
  3. O que fará o Presidente da República se só a soma dos votos do PS, BE e do PCP fôr superior à soma dos votos do PSD e CDS ?
  4. Para onde emigrarei no caso da decisão que antecipo ao Presidente da República se verificar nos pontos 2 e 3?

Nunca mais

Example
«And they said, "From now on you do not answer by your name. Your name is your number." And the delusion, the disappointment, the discouragement that I felt, I felt like I was not a human person anymore. » Lilly Malnik

Aforismo "à la LA"

Aconselha-me um amigo a que me mantenha partidariamente independente, desde que vote.

Caríssimo,
Nem nenhum voto é independente, nem nenhuma escolha é isenta.

Nada de desvios desviantes!

ExampleExample

A voz do proletariado.
Já sinto saudades.
Quando é que começam os tempos de antena?

"Em 30 de Outubro de 1976, o Partido Socialista inicia o seu II Congresso Nacional, marcado pelo apoio que lhe é manifestado pelos partidos socialistas europeus.. Estando o P.S. no Governo, é a recusa de uma política de alianças o tema central do Congresso. Neste sentido vai a moção apresentada por António Reis e Manuel Alegre. A aparente unidade em torno deste texto é quebrada quando Carmelinda Pereira, Aires Rodrigues, José Luís Mendes e José Luís Gaspar se opõem à direcção do partido, apresentando uma lista candidata à Comissão Nacional, que obtém 25% dos votos. Confirmada a sua qualidade de membros de uma organização trostkista, seriam, pouco tempo depois, expulsos do Partido Socialista." via Fundação Mário Soares.

O Amor é Tão Lindo! - VIII

Example

"Reel Around the Fountain"
aaaThe Smiths - The Smiths

Olhe que não, olhe que não...

Diz o JCD no seu sempre excelente Jaquinzinhos:
"Partidazo
Infelizmente, nem sempre os melhores ganham."

Olhe que não é bem assim. Os MELHORES ganharam mesmo!

Grande Guru

Freitas do Amaral resolveu declarar publicamente o seu apoio ao PS. Está no seu pleno direito. Os eleitores decidirão da relevância e da influência de tal anúncio na escolha dos governantes e das políticas propostas.
O Portugal Diário dá conta da reacção do vice-presidente do CDS:
"Creio que não estarei enganado se disser que daqui a alguns actos eleitorais estará a pedir votos, não para o PS, mas mais à esquerda, para o BE".
Eu recordo uma posta por mim aqui colocada em 3 de Novembro passado sobre algo ouvido na TSF:
"(...)toma palavra o Sr. Dr. Francisco Anacleto Louçã. Para fundamentar a sua visão apocalíptica da provável vitória de George "Lucífer" Bush, recita o novel guru da extrema esquerda. "Os EUA são o único estado democrático em que a direita mais extrema e perigosa está no poder" (mais coisa, menos coisa, foi isto). Qual o guru? Exacto. Diogo "Anacleto" Freitas do Amaral. "

Aposto que a T-Shirt XXL do Che já está encomendada.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

O Amor é Tão Lindo! - VII

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"Sonho Azul" aaaaaaaaaaaaaaa"You Are The Love Of My Life"
Sonho Azul - Né LadeirasaaaaaaaaaaaaaHands Off - Zoom

VVIIIITTTÓÓÓÓÓRRRIIIIIAAA!!!

"GOLO DO VITÓRIA DE SETÚBAL (1-0, Jorginho). Bola metida em profundidade, Dragoner falha o corte e nas costas aparece Jorginho que remata para o fundo das redes, sem hipótese para Palatsi."

"GOLO DO VITÓRIA DE SETÚBAL (2-1, Bruno Moraes). Grande jogada do ataque sadino. Que espectáculo! Bruno Moraes mete para Jorginho que segura de costas e ao mesmo tempo desmarca o avançado que corre isolado para a baliza de Palatsi. Na cara do guarda-redes atira calmamente para o 2-1. Que golo!"

"GOLO DO VITÓRIA DE SETÚBAL (3-1, Jorginho). Grande lançamento de Pedro Oliveira para a corrida de Sandro pela esquerda. O capitão dos sadinos fez o passe para a entrada de Jorginho na área que, à saída de Palatsi mandou a bola por baixo do corpo do guarda-redes e fez o terceiro. Estará arrumada a questão."no MaisFutebol
VFC

Toquem um Requiem

"o país necessita de medidas muito difíceis, que vão contra costumes enraizados, interesses instalados e estratégias de corporações fortes", António Vitorino

Em entrevista ao El Pais, que o Público refere, António Vitorino anuncia o fim do "modelo económico e social português". Será o fim do muitas vezes pedinchado proteccionismo estatal à vida dos portugueses e das empresas que por cá se instalam? Será mais uma batalha na guerra pelas "finanças públicas sãs"? Será que vou votar PS?

Tendências dos Media

O debate de ontem à noite na Sic Notícias revelou, uma vez mais, o tratamento desigual dado aos candidatos da CDU. Coube a Jerónimo de Sousa experimentar esse sabor; das sucessivas interrupções por parte dos jornalistas moderadores, quando procurava desenvolver um raciocínio(vide o caso da pergunta sobre o abono de família e o suposto privilégio de que usufruiriam as classes médias), ao tempo de intervenção, muito inferior ao do seu oponente.
Enfim, é um história que se repete, a da muito pouca democrática predisposição para ouvir o que os candidatos comunistas têm a dizer.

Visto

Example
.contrário ao vistas conjugal vida da Cenas .sonora banda Excelente .filme Bom

Eu e o Mundo

Caro Luís,

Oxalá eu tivesse a irresistível tendência para ver no mundo o espelho dos meus desejos profundos.
Então teríamos um mundo mais justo e fraterno, onde a igualdade reinaria, um mundo onde a riqueza material acumulada permitiria a cada homem e mulher escolher o seu caminho, a sua vocação; “a cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as sua possibilidades”, creio que foi a expressão empregue por Marx na descrição do que seria uma sociedade comunista.
Mas não: o mundo é, para nossa infelicidade, um lugar cheio desigualdades (estão a aprofundar-se mesmo aqui na Europa, segundo o último relatório do Eurostat), oligarquias e hierarquias. E enquanto assim for, permanecem vivas as palavras de Jean Paul Marat.

Liberal q.b.

«Sobre a ideologia do CDS/PP, afirmou que "não há partido mais social que o PP, nem, naquilo que é possível, o PP é menos liberal que os outros", defendendo "mais crescimento económico e solidariedade social"» no Público

Paulo Portas não quer que os eleitores se assustem por quem aponta o dedo ao CDS, dizendo que defendem políticas liberais - ou mais comumente "neo-liberais". O que neste país, em que o preâmbulo da CRP "afirma a decisão do povo português (...) de abrir caminho para uma sociedade socialista" equivale, mais ou menos, a dizer que se defende o Diabo.

O país em "lingerie"

"Não vai ser repetido o discurso do país de tanga porque isso foi muito prejudicial ao país. Não vai haver uma tanga II." via Portugal Diário

Sócrates não quer fazer discursos pessimistas sobre o estado do país. Mas se fôr eleito e levar a cabo as suas promessas políticas, no fim da próxima legislatura teremos o discurso do "país de truços".

Vive la Révolution!

Dedicado ao meu amigo Luís Marvão, que tem enriquecido este modesto blog com as suas prosas sempre interessantes e que me tem permitido continuar a discordar de muitas das suas ideias.

"Don't be deceived when they tell you things are better now. Even if there's no poverty to be seen because the poverty's been hidden. Even if you ever got more wages and could afford to buy more of these new and useless goods which industries foist on you and even if it seems to you that you never had so much, that is only the slogan of those who still have much more than you. Don't be taken in when they paternally pat you on the shoulder and say that there's no inequality worth speaking of and no more reason to fight because if you believe them they will be completely in charge in their marble homes and granite banks from which they rob the people of the world under the pretence of bringing them culture. Watch out, for as soon as it pleases them they'll send you out to protect their gold in wars whose weapons, rapidly developed by servile scientists, will become more and more deadly until they can with a flick of the finger tear a million of you to pieces." - Jean Paul Marat, 18th Century French Visionary (and revolutionary), murdered in his bathtub by Royalist Charlotte Corday.

terça-feira, janeiro 25, 2005

O Amor é Tão Lindo! - VI

Example
aaaa"Une Belle Histoire"
Fugain et Le Big Bazar - Michel Fugain

Para a Sandra, para a Patrícia e, claro, para a Cláudia. Memória de um dia em viagem pelo Alentejo, até à festa das flores a cores.

A idade de Reforma

PS e PSD alinham pelo mesmo diapasão no que toca ao aumento da idade de reforma.
Face a um problema complexo, que é o do envelhecimento da população e o da sustentabilidade do sistema de segurança social, aqueles partidos reagem, com pompa e circunstância, retirando direitos às pessoas. A continuar assim, um dia destes ainda aumentam a idade da reforma acima da esperança média de vida, fazendo da morte um precioso aliado na redução das pensões a atribuir.
Valha-nos o Bloco, que se atreveu a propor algumas medidas, tais como as contribuições patronais para a segurança social passarem a depender do valor acrescentado produzido na empresa; a criação de um imposto de solidariedade sobre as grandes fortunas; o financiamento da sistema, a longo prazo, pela emissão de dívida pública.
São proposta polémicas, é certo, mas têm a virtualidade de mostrar que há outros mundos para além do pensamento único.

O Amor é Tão Lindo! - V

Example

aaaa"The Look of Love"
Look Around - Sergio Mendes & Brasil '66

Música "cota" para um blog modernaço e bem cheiroso! Esta é uma das minhas "all time favourites".

Regressar à escola é bué da fixe, man!

Combate ao abandono escolar segundo o governo Labour inglês (via Telegraph, destaques meus):

"This week, 200,000 sixth-formers will receive £100 for returning to school after the holidays. The payment is part of the education maintenance allowance, designed to prevent 16-year-olds dropping out of school.
As skills minister Ivan Lewis notes: "We have one of the worst post-16 drop-out rates in the world." The scheme addresses a serious problem; the Government is failing to address that problem in a serious way.
Anecdotal evidence from teachers suggests that pupils are turning up to collect the money, rather than from any desire to learn. Children should be taught to appreciate education for education's sake before they turn 16, rather than being bribed to keep the Government's education statistics buoyant.
And that's not taking into account the waste of public funds. How much of the £20 million of taxpayers' money will go on Proust and Pythagoras; how much on six-packs of Stella?"

Fundamentalismo

Example

O Papa João Paulo II(ver Público de hoje) acusou o governo socialista de Zapatero de estar a introduzir em Espanha a funesta ideologia do laicismo, ao arrepio das tradições da Espanha católica. Referia-se ao ensino religioso nas escolas públicas, que deixou de ser obrigatório, à lei do casamento que garante direitos aos homossexuais e, mal dos males, ao recurso ao preservativo como comportamento de prevenção.
É caso para dizer, à medida que os estados implementam legislação que alarga o campo da liberdade individual, a Igreja Católica agita o fantasma anticlericalismo e da restrição do religioso. Como se liberdade individual e religiosidade fossem incompatíveis.

Genocídio em Darfur

Enquanto as Nações Unidas vão ponderando se se pode nomear os acontecimentos de Darfur como um genocídio, as Janjaweed, mílicias árabes apoiadas pelo governo do Sudão, continuam a desalojar e a matar os habitantes de origem negra, muçulmanos não árabes.
Via BBC:
"Some 70,000 people have been killed and more than 1.5m forced from their homes.
Lobby group Human Rights Watch is calling for the Sudan government to be prosecuted at the world court for failing to stop the violence in Darfur. (...)

The US has already said that a genocide is being conducted against Darfur's black African groups. If the UN agrees, it would carry a legal obligation to take action.
The US has pushed for sanctions to be imposed against Sudan but other members of the UN Security Council have managed to remove any direct threat of sanctions from previous resolutions.Human Rights Watch has accused China and Russia of acting to preserve their oil contracts and weapons sales respectively."

Direito à opinião - III

Através do Intermitente, cheguei às explicações dadas por Francisco Louçã, numa coluna publicada hoje no Público.
Reafirma as mesmas convicções que tem defendido como deputado do BE, resultando daí que a famosa tirada não foi mais que um lapso. Ou terá sido um acto falhado, em que Portas serviu como espelho do inconsciente de Louçã? Não acredito nisso; acredito que a sua filosofia política o impediria de contestar a liberdade de expressão de quem não pensa como ele - consciente ou inconscientemente. Basta ver os campeões da liberdade que se aglutinaram debaixo do símbolo do BE.

O Amor é Tão Lindo! - IV

Example

aaaa"Tainted Love"
aaaVixen - Gloria Jones

Santa ingenuidade

"Jorge Sampaio pediu mais empenho dos partidos políticos em debater os problemas concretos do país em vez de querelas e iniciativas «meramente tácticas e eleitoralistas»". via Diário Digital

Não sei o que é que o Sr Presidente esperava que resultaria da sua decisão de dissolver a Assembleia. Uma revolução ideológica? Uma vaga de fundo dos portugueses que até agora não tinham participado na vida política activa?

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Em campanha

Example
Via Le Monde

Democracia e Legitimidade Política

Estas duas palavras andam associadas, mas não significam exactamente a mesmo coisa. Dito de outro modo, as eleições livres são uma condição necessária para a legitimidade política, mas não suficiente.
Tomemos por exemplo o caso iraquiano : as eleições do próximo dia 30 de Janeiro vão traduzir a superioridade demográfica dos xiitas e permitir uma maioria clara na futura assembleia. Porém, serão um factor de instabilidade e de legitimidade enfraquecida. Sunitas e curdos, cada um à sua maneira, não se sentirão representados pelo novo poder e o risco de guerra civil será real. O que hoje temos é uma situação entre a guerra contra ocupação, mais evidente no caso dos sunitas, e a procura em retirar vantagens políticas da presença americana, no caso dos xiitas dos curdos. Em suma, a democracia encontra bases frágeis no Iraque, poderá até precipitar aquele país num processo de desintegração territorial.
Um poder democrático para se consolidar num tal contexto deverá alicerçar-se num sistema eleitoral que garanta voz e representação às minorias, sobretudo se estas se caracterizam pela diferença étnica. No entanto, mesmo se existirem partidos étnicos num ambiente de partilha de poderes, poderá não estar garantida a tão almejada estabilidade política, como a História tão bem o demonstra com os exemplos da guerra civil libanesa e jugoslava. O remédio é o da coexistência de partidos étnicos com forças políticas transversais, capazes de penetrar eleitoralmente no interior das várias etnias de que é composta uma dada sociedade.
Voltando ao Iraque, a palavra democracia aparece associada a uma potência ocupante e colonizadora, o que constitui um obstáculo de monta à sua implementação

O Amor é Tão Lindo! - III

Example
Devorame otra vez, ven devorame otra vez
Devorame otra vez, ven devorame otra vez
Ven castigame con tus deseos más
que mi amor lo guardo para ti
Que la boca me sabe a tu cuerpo
desesperan mis ganas por tí.


"Ven Devórame Otra Vez"
Here I Stand - Antonio Hart

Greatest Briton of all time

Example

"No-one pretends that democracy is perfect or all-wise. Indeed it has been said that democracy is the worst sort of government except all those other forms that have been tried from time to time."
aaaaaSir Winston Churchill (1874 - 1965)

E aos treze, é só de uma vez

Example
Peço-me desculpa por ter lá chegado com um ano de atraso.

Direito à opinião - II

Agora que alguns dias passaram desde o debate Louçã / Portas, algumas das minhas dúvidas continuam sem resposta.
Que considerações terão sido feitas, dentro do Bloco de Esquerda, aos requesitos estabelecidos por Louçã, para que opiniões possam ser emitidas? O que é que os defensores da despenalização/descriminalização alegaram em defesa da sua própria autoridade e sapiência sobre o assunto? E sobre os direitos dos não heterosexuais - quem não é homosexual não pode pedir que se respeite a igualdade de direitos para estes cidadãos? Qual foi a reacção dos diversos grupos, normalmente tão aguerridos nas suas convicções, que o BE usa (e que usam o BE) para serem a face visível das contestações de rua?
Que dizem os SMS trocados nestes dias?
Enquanto Louçã não retirar o que disse, ou explicar exactamente as implicações das suas afirmações, elas continuam válidas e, à falta de "contraditório", representam o seu pensamento. Mais grave seriam se implicassem que as opções da vida privada de Portas, pertubam o seu direito de expressar livremente as suas opiniões. Não gosto de puritanismos que associam a vida e conduta privada de um cidadão à sua actividade política - como no caso Buttiglione.

ADENDA: Através do "Desesperada Esperança", chego às análises dos demais dirigentes bloquistas sobre as afirmações de Louçã. São sintomáticas de quem é herdeiro de filosofias de pensamento único, demonstrando fobias não esperadas em quem tão prontamente sai à rua por causas tão politicamente afóbicas.

Louçã e a Reacção

Já aqui comentei o debate entre Francisco Louçã e Paulo Portas, não vou por isso repetir-me. Focalizo-me apenas na infeliz reacção de Louçã na questão do aborto e nos comentários que suscitou.
Penso que deveria ser enquadrada no contexto das considerações de Portas sobre a vida, de que o CDS seria o grande paladino enquanto os que defendem a interrupção voluntária da gravidez uma espécie de assassinos. Há claramente um subtexto nesse sentido no discurso de Portas, o que, na minha opinião, desencadeou as tristes declarações de Louçã.
Já me pareceram excessivas as considerações posteriores que tiveram lugar no jornal “Público”. Com efeito, é ridículo ver numa reacção emocional (por vezes esquecemo-nos de que os políticos são humanos, como todos nós erram e têm falhas) uma reminiscência salzarista (ver editorial de Eduardo Dâmaso, 22/1/2005), um conservadorismo ultramontano na defesa da família tradicional(crónica de Ana Sá Lopes, 23/1/2005) . O que os comentário do Público revelam é um politicamente correcto inquisitorial, pronto a descobrir em todos nós, ao menor descuido, indefectíveis reaccionários.

O Amor é Tão Lindo! - II

Example

aaa"Cross My Heart "
Baby, the Stars Shine Bright - Everything But the Girl

De uma vitória farta

O Vitória marcou 4 golos sem resposta ao Penafiel. Já na 1ª volta tinha marcado quatro, mas nesse dia de Agosto em Penafiel, a equipa da casa ainda conseguiu colocar uma bola no fundo das redes vitorianas. Com isto, estamos no 7º lugar - a 7 pontos do Porto e do Sporting.
Esperemos que, na 4ª feira, a pontaria dos homens do VFC continue afinada e que o VSC não estrague a festa da Taça no Bonfim.

sábado, janeiro 22, 2005

Herzlichen Glückwunsch zum Geburtstag!

A partir de hoje, este gajo é mais velho que eu.
Cota!

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Escolas de virtudes

"Inspecção investiga 688 professores suspeitos de invocar falsos motivos de doença.
Para já, estes 688 casos de colocações dizem apenas respeito aos inquéritos conduzidos em quatro distritos: Bragança (399), Portalegre (125), Vila Real (114) e Viana do Castelo (50). " no Público

Esta vaga de atestados médicos (9.085 professores doentes) não tomaria o aspecto de uma epidemia se fossem as escolas a contratar directamente os professores e estes se candidatassem a ofertas de emprego claramente localizadas e com horários claramente definidos.
Fico também preocupado com a qualidade dos profissionais médicos que lhes passaram o atestado. Diz muito mal das suas capacidades técnicas. Ou diz que são corruptos. Aposto que a Ordem dos Médicos já começou a preparar os respectivos processos de inquérito.

Small is beautiful

"Tudo o que possa ser feito por uma secretaria de Estado competente, não precisa de um Ministério para complicar a orgânica de Governo." via Portugal Diário

Paulo Portas fez esta afirmação ontem, durante a apresentação dos 14 nomes que integrariam um executivo do CDS/PP.
Não podia concordar mais com a noção. Melhor será um secretário de estado, conhecedor da área que gere, do que um ministro com grandes ideias sobre como gastar o dinheiro dos contribuintes. Como tudo, este conceito também tem um depende. Depende da autonomia (orçamental, por exemplo) do dito secretário, assumindo-se que a do ministro será maior.
A ideia de, desde já, associar uma pessoa a uma determinada responsabilidade política, dá indicação aos eleitores de como o proposto programa de governo poderia vir a ser implementado, dadas as personalidades e competências demonstradas. Permite que durante a campanha se coloquem questões directamente a quem no futuro possa ser responsável político pela execução das respostas que deu.
Parece-me uma boa ideia (atenção que não é uma declaração de voto...).

Tim Hecker "Radio Amor"

Example
Um disco nostálgico e romântico, cheio de sonoridades envolventes a várias cores.
Este músico canadiano tem o condão de nos transportar para outras paragens, para um passado terno e quente.
Radio Amor é feito de um ambientalismo com espessura, a léguas daqueles discos meramente decorativos, género papel de parede.
O disco foi inspirado na viagem de Hecker às Honduras e no conhecimento que travou com um pescador de nome Jimmy.
Sem dúvida, uma pérola na música electrónica dos anos 2000.

Sócrates

Example
Do Sócrates, nada a esperar a não ser mimetismo; das novas fronteiras com os estados gerais, do não ir a debates com o Cavaco que outrora pairava acima da política.

Discos 2004

Eis cinco discos de 2004, coisas boas do ano passado.

Example
Vladislav Delay “Demo(n) Tracks”
Example
François Bourassa Quartet “Indefinite Time”
Example
Dani Siciliano “likes”
Example
Animal Collective “Sung Tongs”
Example
Christian Fennesz “Venice”

Não escalonei os discos por que não gosto de ordens nem de hierarquias.

O Amor é Tão Lindo! - I

Blood & Chocolate - Elvis Costello & the Attractions

aaaaaa"I Want you"
Blood & Chocolate - Elvis Costello & the Attractions

"O Amor é Tão Lindo!" - Introdução

Há na blogosfera quem ande divulgar a sua "Discografia Essencial" ou os "Discos da Minha (sua) Vida".
Eu, como verdadeiro macaco de imitação, invejoso daquilo que achei uma boa idéia, resolvi iniciar a minha própria série de selecções (très à propos...). Dando rédea livre ao meu romantismo muito lamechas, com o consentimento da minha omnipotência neste blog, inicio hoje e de seguida uma colecção a que decidi chamar (num rasgo de brilhantismo que me é comum) de:

"O Amor é Tão Lindo!"
a
Será uma série dedicada a canções que versam o dito e nas quais este escriba encontrou ao longo dos anos ora conforto, na melancolia e nos males do coração, ora sonora confirmação da alegria esfuziante de amar e ser amado.
Serão bem-vindas sugestões. Podem mesmo contar a pequena história que, para vós, torna especial essa composição. Com a devida autorização procurarei afixá-las, mantendo, sempre que requerido, o anonimato do proponente. A caixa de correio lá de cima está à vossa disposição
E digam-me lá se o amor não é tão lindo...

Debate Portas/Louçã

O debate de ontem à noite, à parte ter revelado aquilo que já sabíamos, ou seja, que Louçã e Portas são dois políticos inteligentes e de fortes convicções, foi também um exemplo, no melhor sentido, da conflitualidade democrática. Em planos opostos do espectro político, souberam expor com clareza as ideias e valores que professam e argumentaram quase o tempo todo no estrito domínio da racionalidade. Houve mesmo espaço, no calor da contenda, para alguns elogios, se assim podemos considerar (Portas referiu o contributo cívico de Bloco para a discussão sobre o sistema fiscal, Louçã disse que se fizeram coisas positivas na Ogma). Mesmo quando se interrompiam, era possível ouvirmos o que um e outro diziam, algo que vai sendo cada vez mais raro neste país.
Há imagens que ficam, como aquela do ecrã dividido, onde vemos Portas em pose mais ou menos hirta e de dedo em riste, numa situação de algum aperto, a dizer algo assim, “ ó dr. Louçã, não me estique o dedo”.
Deu a ideia de os candidatos não terem muita estima um pelo outro, que se temiam até. Mas respeitaram-se, sem com isso deixarem de jogar ao ataque, numa metáfora futebolística. Louçã chegou utilizar palavras duras, como o “roubo que estaria ser feito ao País" e a "cobardia" política em relação à banca, ao que Portas retorquiu com a arrogância e moralismo da esquerda.
No que toca à explanação das ideias, sobretudo na resposta à pergunta sobre o que propõe o Bloco, Louçã chegou a ser brilhante pela simplicidade e clareza da exposição. Mas também foi infeliz quando na questão do aborto se dirigiu a Portas com crispação, dizendo que este não tinha autoridade para falar da vida : “Não o autorizo, o senhor não tem o direito de falar de vida, o senhor não sabe o que é gerar uma vida! Eu sei, eu tenho uma filha!”. Foi o momento mais tenso do debate e, na minha modesta opinião, o pior.
Não acho que tenha havido um vencedor, antes que os dois candidatos saíram fortalecidos. Não, não estou a ser salomónico , eu que sou avesso a pactos e consensos, dou apenas a minha impressão no final do debate. E pobre país o nosso, que tem como principais candidatos a primeiro-ministro figuras como José Sócrates e Pedro Santana Lopes, quando dispõe de figuras de outro calibre.

Direito à opinião

"Não tem direito a falar de vida;(…) não sabe o que é gerar uma vida. Eu sei porque tenho uma filha. Sei o que é o sorriso de uma criança. Sei o que é gerar uma vida."

Estas são as palavras de Franscisco Louçã sobre o direito de Paulo Portas a ter opinião sobre o aborto.
Gostaria de saber quantos e quais os militantes e simpatizantes do BE que estarão autorizados pelo seu líder a falar sobre o aborto. Quantos terão passado pela experiência da maternidade ou paternidade? Dos jovens urbanos com t-shirts do Che e lenço palestino à volta do pescoço, que formam a base ululante e manifestante do Bloco de Esquerda, quantos podem apresentar a sua prole como certificadora da sua opinião? Certificou-se o Dr. Louçã de que as senhoras holandesas, que cá tentam ilegalmente aportar as suas traineiras, são exemplares mães?
Será agora inevitável que o BE designe quais os seus dirigentes e candidatos a deputados(as) que estão aptos(as) a emitir juízos sobre o aborto, anexando certidões de nascimento dos seus descendentes.
Eu ainda não contribuí para o aumento da população e de acordo com tal raciocínio não poderia opinar. Mas, diabo me carregue, se declarações como estas, não me fortalecem a crença na constante atitude propagandista e irreflectida do BE sobre "causas fracturantes" (como esta) e a minha crença no direito à vida.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

O realizador

Example
David Lynch realizou alguns dos melhores filmes que já vi.
Celebra 59 anos.

Choques de inovação

"O verdadeiro desafio da Europa - e a resposta para aumentar a competitividade - é pegar nas empresas que já existem e torná-las inovadoras, em vez de gastar demasiado tempo em novos negócios."
ExampleExample
Quem o disse foi Gary Hamel, citado pelo Público.
Conheci o trabalho deste senhor quando, há uns anos, participei numa "task force" internacional na empresa onde trabalho. O objectivo era fomentar uma cultura de inovação; fomentar o pensamento "fora da caixa". O livro "Leading the Revolution" ainda está na estante lá de casa. Uma das coisas que, para mim, se tornou óbvia com as acções desenvolvidas por essa "task force" foi que a inovação empresarial não nasce por regulamento interno nem por se orçamentar o seu fomento. Nasce pela liberdade de questionar processos, produtos e até pessoas. Deixar espaço aos operacionais para que os projectos que apresentam possam ser avaliados sem limites conceptuais - diferente de sem limites orçamentais.

Talvez o Eng. Sócrates devesse ter isto em consideração quando fala de criar em Portugal um choque tecnológico: desregulamente a criação de empresas, implemente a livre contratação no mercado de trabalho e diminua a carga fiscal dos empreendedores. Vai conseguir (mas em mais anos do que promete) mais do que 150.000 postos de trabalho.

Inaugurações

"We are led, by events and common sense, to one conclusion: The survival of liberty in our land increasingly depends on the success of liberty in other lands. The best hope for peace in our world is the expansion of freedom in all the world.
In a world moving toward liberty, we are determined to show the meaning and promise of liberty."
George W. Bush, inauguração em 2005.

"The preservation of the sacred fire of liberty and the destiny of the republican model of government are justly considered, perhaps, as deeply, as finally, staked on the experiment entrusted to the hands of the American people."
George Washington, inauguração em 1789.

Ler e compreender

Nos Jaquinzinhos, o JCD esforça-se por explicar algumas ideias a quem tem dificuldade em ver para além das retóricas promessas de paraísos pós-eleitorais. Começou por ser conciso e directo no seu esforço mas teve de recorrer à imaginação quando não conseguiu fazer-se compreender.
Não é caso único. No Intermitente, o Miguel já tinha feito o mesmo esforço.

Uma baleia desorientada

Example
Via O Setubalense :
Esta baleia-anã visitou a Figueirinha esta semana. Talvez tenha vindo visitar os golfinhos e depois não conseguisse encontrar a saída. Felizmente os esforços para a devolver ao mar alto foram bem sucedidos.

Governo ajuda PS

Agora, o PS só precisa usar os seus super-poderes na criação de 147.554 empregos.
Já é uma boa ajuda. A não ser que o PS reveja em alta as suas ambições, prometendo crescimentos económicos de 10% e 500.000 empregos e tornando irrelevante a ajuda do governo.

Vue

Example
"Olhem para mim".
Todos procuramos a atenção dos que amamos.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Condy

"Não podemos descansar até que cada pessoa, que vive numa sociedade de medo, finalmente ganhe a sua liberdade."

Quem o diz é a nova secretária de estado norte-americana, Condoleezza Rice, que considerou Burma, Cuba, Irão, Coreia do Norte, Zimbabwe e Bielorussia como "posto avançados da tirania" no mundo. Reafirmou ainda o objectivo de democratização do Médio Oriente, procurando evitar que as actuais tiranias, desespero e raiva sejam fontes de extremistas continuem a ameaçar o EUA e os seus aliados.

Os novos amanhãs que cantam

Na televisão, na radio e nos jornais circula uma nova espécie de indivíduos que ocupam hoje o lugar outrora atribuído ao mágico nas sociedade ditas primitivas. Falo, claro está, dos economistas, os oráculos destes novo tempo. Invadem cada vez mais os nossos lares às oito da noite(sempre que o assunto é política), exigindo-nos sacrifícios em nome do sacrossanto crescimento, de uma prosperidade mítica, qual idade de ouro reencontrada.
A economia adquiriu propriedades mágicas, o seu horizonte é agora outro e a ambição de vir a ser ciência exacta é, face a isso, coisa pouca.
E a política tornou-se refém dela, o seu discurso é devedor de uma visão “financista” do mundo. Político competente nos dias hoje é aquele mimetiza a legião de economistas/comentadores; ao transparecer competência em tais domínios, fica investido de poder simbólico, apto por ritos de iniciação a ser o novo timoneiro do país.
Fora disso, o mundo é feito de impurezas, como a ecologia, as questões sociais e, em último grau, a sociedade.

Bem escolhido

Miguel, estás a ver que o MacGuffin escolheu o Bill Evans que eu te disse ter juntado, à cautela, aos CD's da semana, para compensar as electrónicas?
Bem escolhido!
Example

Mais emprego

Via Portugal Diário:
"Um inquérito da MRI Worldwide Portugal, hoje divulgado, conclui que 30,2 por cento das empresas portuguesas pretende criar mais empregos até Junho, um aumento de 16 por cento face àquelas que manifestaram essa intenção no mesmo período de 2004.
É no sector das tecnologias de informação e comunicação que se encontra um maior número de empresas (58 por cento) dispostas a aumentar o quadro de pessoal
".

Os empresários já estão a antecipar o choque tecnológico do Eng. Sócrates.
Ou será que este aumento geral de 16% nas intenções das empresas decorre da retoma da economia, cujos efeitos no mercado de trabalho são sempre diferidos no tempo?
Portugal, uma pequena economia aberta, gera mais emprego quando o PIB da zona euro cresce, levando ao crescimento do investimento e procura de trabalho. Não será certamente por se gastar mais dinheiro dos contribuintes em empregos públicos ou cursos de formação (reconversão?) providenciados pelo estado. Não é daí que virão os 150.000 empregos nem as taxas de crescimento que estreitem o atraso face ao resto da UE.

Preservativos pouco católicos

Os jornais espanhóis fazem todos referência às palavras do portavoz e secretário geral da Conferência Episcopal Espanhola quanto ao uso do preservativo na luta contra a SIDA:
"los preservativos tienen su contexto en una prevención integral y global del sida."

Estas declarações surgem depois de um artigo na revista "The Lancet" defender a abstinência, a fidelidade e o uso de preservativos. Foram seguidas no Vaticano e tiveram resposta:
"El obispo José Luis Redrado Marchite, secretario del Consejo Pontificio para la Salud, ha puesto en duda que la Conferencia Episcopal española haya modificado su posición sobre el uso del preservativo como medio para prevenir el sida(...)Redrado Marchite ha reiterado que el condón “es un medio que la católica condena."

Le parfum

Example
O vestido era Gucci. O perfume é Xanelcinco.

Travões no TGV

O projecto do TGV é orçamentado em 3,8 mil milhões de euros, significando por isso que irá custar muito mais.
Dadas as características do percurso (distâncias, tipo de linhas e paragens) parece a mim, que sou um leigo nestas engenharias, que as distâncias percorridas a alta velocidade, explorando as potencialidades do engenho serão mínimas. Será alguma vez atingida a velocidade máxima?
Está visto que os travões deverão ser as componentes mais importantes do TGV que irá circular em Portugal.
A directora financeira da RAVE - Rede Ferroviária de Alta Velocidade, SA pretende "maximizar a procura e não a receita" ao estimar um preço de 35 euros por bilhete para a viagem entre Lisboa e Porto. Mais uma estratégia brilhante de uma gestora pública: o que interessa é ter os comboios com passageiros. Não interessa se o investimento é rentável.

A RAVE foi constituída pelo DL nº 323.H/2000, publicado no DR nº 291 de 19 de Dezembro de 2000. Os accionistas de um capital de 2,5 milhões de euros são o estado português (60%) e a REFER (40%). Esta última também é uma empresa pública: A Rede Ferroviária Nacional - REFER, EP , foi criada pelo Decreto-Lei n° 104/97 de 29 de Abril, com um capital de 305,2 milhões de euros.

Controlar o terror

Example
Kal, Baltimore Sun
O primeiro teste de Abbas é controlar os militantes extremistas que até agora tiveram rédea solta. Só assim poderá tornar-se num interlocutor válido e representativo dos palestinianos.

terça-feira, janeiro 18, 2005

In the end you will submit

Example
What do I get out of this?
I always try, I always miss
One of these days you’ll go back to your home
You won’t even notice that you are alone
One of these days when you sit by yourself
You’ll realise you can’t shaft without someone else
In the end you will submit
It’s got to hurt a little bit

Subculture

O "Low-Life" tem sido o disco da semana para este escriba. Regresso em repetição abundante. Além disso, esta música parece encerrar uma advertência para os bloggers. Serão eles (nós) uma subcultura?

terrorismo

Devemos interrogar-nos sobre as razões que levam pessoas comuns a renunciar à sua própria vida e a levar consigo outras num crescendo de violência. Se esse número aumenta, então não temos apenas casos singulares, mas acima de tudo um problema social. E num quotidiano feito de opressão, humilhação e de um horizonte sem futuro, quantos de nós não poderiam ser levados a cometer tais actos? São pessoas assim que vão engrossar as fileiras do terrorismo. E este não raro procura legitimar as suas acções em fontes religiosas. É o que hoje sucede com os palestinianos e o Islão, no caso do Hamas, mas já sucedeu o mesmo com o cristianismo ou com o judaísmo. Lembro que, no tempo em que a potência administrante da Palestina era o Reino Unido, muitos dos que mais tarde haveriam de ser governantes de Israel cometeram actos terroristas.

A Obsessão

"Sem finanças públicas sãs não há crescimento.", Manuel Pinho, cabeça de lista do PS por Aveiro às legislativas e porta-voz para os assuntos económicos.

"As finanças públicas sãs e sólidas são um pressuposto do próprio crescimento económico.", António Vitorino cabeça de lista do PS por Setúbal às legislativas, programador-mor do PS e das Novas Fronteiras.

Depois de passar pela era das paixões, está anunciada a obsessão do partido rosa: "as finanças públicas sãs".
Podia-se talvez perguntar ao SG do PS, o que ele e os seus colaboradores entendem por "finanças públicas sãs" e que políticas se propõem levar a cabo para lá chegar.
Isto é, se não lhes fôr muito embaraçoso.

O reverso da "Islamofobia"

A ler no Super Flumina:
"A palavra "islamofobia" serve para tudo, mas sobretudo para tentar calar aqueles que criticam o Islão, não para denunciar qualquer tipo de perseguição em relação aos muçulmanos".

América e o Iraque

Example

Sabemos que há muito de cinismo e de “Real Politik” na invasão americana do Iraque, mas não só. Também temos alguma ingenuidade e a crença arreigada de que se está a praticar o Bem. Pode ser resumida assim :

T.S. Eliot's "Four Quartets”: “And last the rending pain of reenactment/ Of all that you have done and been; the shame/ Of motives late revealed, and the awareness/ Of things ill done and done to others’ harm/ Which once you took for exercise of virtue.”

Só ainda não chegámos ao tempo do arrependimento.

A contradição personificada

O PÚBLICO noticiava que “o PSD vai propor a limitação dos poderes presidenciais para que não seja possível um Presidente da República dissolver o Parlamento de forma discricionária". A notícia acabou confirmada por Pedro Santana Lopes, na apresentação do programa daquele partido. Mas PSL foi ainda mais longe : defendeu a função presidencial resumida a um único mandato de cinco anos.
É caso para dizer, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.
Onde pára o Santana Lopes das ambições presidenciais, que defendia, entre outras coisas, o reforço dos poderes do presidente e achava necessário “bater o pé à Espanha”? Estamos perante um ou dois Santana Lopes?
Enfim, a contradição personificada em todo o seu esplendor.

Como escolher

É hoje. Copio-te, Nuno:
"...é a vez do maior derby desta primeira fase, o nosso Benfica-Porto. There can be only one!"

O que ele quer é que a malta escolha entre o Monk e o Coltrane.
Monk, Trane, Monk, Trane, Monk, Trane ... Pronto.. 'Tá bem. Voto no Trane porque a mulher se chamava Alice e piana boa música, o filho Ravi também é soprador e o Monk tinha barbicha...
Não me digam que esperavam uma explicação como deve de ser?

Notas de um adepto agastado

'Tou agastado.
Duas bolas no ferro. Uma na trave, outra na barra. O meu jogador favorito falha um golo de baliza aberta e marca outro de livre.
Esperavam a história do jogo? Tivessem lá estado. Connosco; eu e os demais agastados.
No fim, procurei quem me desse os pastéis de Belém que me eram devidos e nada. 'Tá mal.
O futebol é-me fonte de muito sofrimento.
Por isso só volto lá para a semana.
Parabéns a este viajante azul, que eu tenho "fair-play" a rodos.
Os jogadores do VFC é que "don't play fair" com os adeptos.

O Estado, esse glutão

Este texto começou por ser destinado à caixa de comentários da posta "O Défice", que o Marvão ontem colocou aqui. Mas tornou-se glutona, engordou, e o espaço de comentário revelou-se insuficiente para tanta voracidade. Um pouco como o OE.

Caro J.A.,
Longe de mim, o ter grandes pretensões a discutir conceitos económicos. Agradeço o seu comentário, mas gostaria de acrescentar algo mais. Diz muito bem que governos anteriores não souberam seguir uma política de restrição orçamental, quando a economia crescia. O facto é que o estado não diminuiu as suas responsabilidades; antes as aumentou, quer no curto prazo quer no longo prazo. Ou seja, expandiu as despesas correntes e criou custos futuros não provisionados actualmente pelo OE. Este financia-se com impostos ou com emissão de dívida pública ( que mais não é que o diferimento de mais impostos futuros, caso o estado queira honrar o seu pagamento). O país, em qualquer ponto temporal que se examine, só produz determinado nível de riqueza. Quando o estado requere uma parte maior dessa riqueza (agora ou no futuro), a parte disponível aos privados, diminui.
É esta parte privada que é usada para acumular poupança (que financia investimento ou consumo futuro) ou para gastar no imediato (em bens de investimento ou consumo das famílias). Por exemplo durante a Revolução Industrial, a acumulação de capital familiar (poupança), terá sido um dos factores importantes para o financiamento de fábricas e de maquinaria. Nas, então, novas tecnologias. Um choque tecnológico tão ao gosto do Eng. Sócrates, financiado pelos privados e que de facto elevou o nível de riqueza global.
Assim, quanto maior as necessidades de financiamento do OE, menor a parte da riqueza disponível para que os privados (que a geraram) possam livremente decidir do seu uso.
Uma fase de crescimento económico poderá ajudar ao financiamento do OE. Mas numa fase de contracção económica, a rigidez dos compromissos públicos, impede que o Estado diminua a parte da riqueza que consome – de facto, a % face ao privado tende a subir.
O arrazoado já vai longo e provavelmente cheio de falhas conceptuais. Simplesmente, parece-me que dado o tamanho do bolo existente, o estado come demasiadas fatias, come mais do que aquelas que diz que comerá, (orçamenta abaixo do que come) deixando aos privados cada vez com menos (migalhas será talvez exagero...) e frustando-lhe as estimativas que fazem da sua riqueza futura.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Multiculturalismo

Creio que é importante uma discussão aberta do Multiculturalismo, na sua vertente institucional.
O filme “Insubmissão” do realizador holandês Theo Van Gogh remete-nos necessariamente para o modelo multiculturalista de integração dos imigrantes, paradoxalmente posto em prática em países de tradição liberal, como o Reino Unido ou a Holanda. Digo paradoxalmente porque, eminentemente comunitarista, floresceu em países cujo corpo de valores centrais assenta nos direitos individuais.
Dito de outro modo, o multiculturalismo estabelece o primado da comunidade sobre o indivíduo. Insiste na especificidade, no direito à diferença das comunidades, entidades monolíticas onde não há espaço para a esfera individual. Nessa deriva identitária, o indivíduo fica encerrado na sua identidade de origem.
Este determinismo é fonte de atropelos à dignidade da pessoa humana : se uma rapariga é obrigada a casar contra a sua vontade, tal é visto como uma prática ancorada nos costumes ancestrais da comunidade, não havendo por isso lugar a intervenção do Estado na defesa da dignidade individual. E a pobre rapariga, não constituída em sujeito autónomo, somente parte de um todo, lá tem de se sujeitar à sua sorte; e não há associação de defesa dos direitos humanos que se interesse pela sua causa.
O caso de Ayaan Hirsi Ali é revelador do que atrás foi dito : por ter renunciado ao Islão, por ter interiorizado novos valores em oposição à identidade de partida, é ameaçada de morte. E não consta que, na Holanda, alguma associação de direitos humanos tenha saído em sua defesa. Ao invés, chegou até a ser alvo da censura destas “pela severidade das suas críticas ao Islão”. Tudo em nome do sacrossanto multiculturalismo.
Em suma, as políticas de imigração e acolhimento, fundadas no dogma do multiculturalismo, criaram uma espécie de segregação, apartheid avant la letre, pois a Lei Geral da sociedade de acolhimento não se aplica aos membros dos grupos étnico-religiosos. Para estes, há apenas a especificidade comunitária, excluídos que estão da cidadania.
As sociedades ocidentais necessitam de remover este corpo ideológico, enfatizar mais as semelhanças do que as diferenças entre os vários agrupamentos humanos; enfatizar a dignidade do indivíduo, independentemente das pertenças culturais, étnicas ou religiosas; enfatizar a Cidadania e os Direitos Humanos.

O Défice

Example

O país imerso na Administração pública, por entre défices errantes e despesas extraordinárias, procura a chave do progresso, qual futuro radioso.
O equilíbrio das contas tornou-se o desígnio nacional, fazendo esquecer que o mundo não é só o que a vista alcança.
Espartilhados pelo défice, empobrecidos ficamos todos nós, o nosso horizonte é triste e cinzento; rigor e dogmatismo confundem-se, são uma e a mesma coisa.
Perdeu-se o sentido de investimento no futuro, o debate sobre os problemas centrais da sociedade : a saúde que não temos e deveríamos ter; a educação que não temos e deveríamos ter; a justiça que não temos e deveríamos ter.

Teorias, todos as temos...

Quando li esta notícia, hoje no Die Welt, lembrei-me de uma conversa mantida há uns meses atrás com uns amigos. Faláva-mos sobre a invasão do Iraque e sobre os objectivos e razões para essa invasão. O petróleo era a favorita de quem não acreditava na existência de WMD (bruxos...). A possível posse e uso (como no Curdistão) destas armas era razão apontada por outros, sendo que o objectivo era livrar o mundo de um ditador ligado aos terroristas da Al-Qaeda.
Por acaso (e não por ser um brilhante pensador de política internacional), lembrei-me que ao lado do Iraque ficava o Irão, tradicional inimigo dos EUA (desde o assalto à embaixada) e que preenchia todos os requisitos para ser um alvo da guerra ao terror - o Iraque seria só um entreposto para o Irão, o verdadeiro prémio e culminar desta guerra.
Seria mais fácil justificar o ataque ao Iraque (dado o conflito anterior e as suspeitas sobre WMD) e estacionar aí uma força de várias centenas de milhares de homens e respectivo equipamento. Esta força só poderia ser assemblada com tempo e com o apoio de países vizinhos que assegurassem uma base na retaguarda imediata.
Aparecem agora notícias como a referida (que cita um artigo na New Yorker), indicando que decorrem operações de comandos em solo iraniano, procurando identificar alvos a destruir.

Curto e grosso

"Lo ha affermato" o primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi:

"Se la sinistra andasse al governo, questo sarebbe l'esito: miseria, terrore, morte. Così come avviene ovunque governi il comunismo. Non sarebbe lo Stato liberale che vogliamo noi."

Representatividade - II

O Le Monde de hoje dá conta dos esforços de Mahmoud Abbas para conter as acções dos grupos que continuam a proceder a ataques terroristas contra Israel, fazendo com que o exército israelita possa actuar punitivamente em Gaza:
"Le président palestinien doit engager le dialogue cette semaine avec les groupes armés palestiniens. Mahmou Abbas a décidé d'intégrer les Brigades des martyrs d'Al-Aqsa dans les services de sécurité. Il a également donné l'ordre d'empêcher toute attaque contre Israël, selon un responsable de la sécurité palestinienne. De son côté, Ariel Sharon a annoncé que les troupes israéliennes avaient pour consigne d'opérer "par tous les moyens" dans la bande de Gaza."

Há que assegurar o controlo destas organizações, para que a representatividade e credibilidade de Mahmoud Abbas e da Autoridade Palestiniana sejam reconhecidas. Não devemos no entanto esquecer quem são estes grupos terroristas e que acções têm praticado. No caso das brigadas Al-Aqsa, não se deve também esquecer que estão ligadas à Fatah.

sábado, janeiro 15, 2005

Ao largo

Dá-me ideia que no PSD há quem considere António Borges digno de especial atenção no que respeita a futuras competições internas. Por isso optaram por o manter ao largo quando começou a ser mais provável a convocação de eleições antecipadas.
Assim poder-se-á continuar a usar o argumento que ele está lá longe (a lutar pela vidinha...), não participa activamente da vida política, nem se lhe são conhecidas ideias e empenhamentos.
Não há um ditado que diz qualquer coisa como "Mantem os teus amigos por perto e os teus inimigos ainda mais"? Se calhar, o convite não devia ter sido desfeito...

Ah! E não me venham com tretas de que, também eu, acredito no messianismo.

Representatividade

Mahmoud Abbas tomou posse do cargo para que foi eleito pelos palestinianos que exerceram o seu direito a escolher livremente o presidente da Autoridade Palestiniana. Este órgão representa os palestinianos nas suas relações internacionais e administra o território do que um dia pode vir a ser um estado.
Qual é a sua representatividade se na inauguração do seu mandato, Abbas tem de pedir o cessar fogo ao Hamas, às Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa e sabe-se lá a quem mais?
De nada valem os compromissos que venha a assumir com Israel (uma democracia parlamentar, com um estado organizado) se a sua palavra só representar os que lhe são mais próximos e não significar nada para os continuam a encher camiões de explosivos e a atacar alvos civis?
Com todos os recursos financeiros que acumulou ao longo do tempo e as ajudas que recebeu nos últimos tempos, a Autoridade devia já ter feito mais para organizar o território que tem sobre o seu controlo e fazer sentir aos que neles habitam que a vontade expressa nas urnas deve ser respeitada. O fraccionamento da zona entre clãs mais ou menos guerreiros continuará a ser a razão para a continuação do conflito.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Um passo gigante

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SaturnoaaaaaaaaaaaaaaaaTitãaaaaaaaaaaaaaaHuygens

A sonda Huygens, da Agência Espacial Europeia, "atitanizou" hoje em Titã.
Durante sete anos viajou à boleia da Cassini.

A maior lua de Saturno terá uma química semelhante à da Terra antes da vida aparecer.

O Mito

O país navega sem timoneiros à vista. Mas também por que haveríamos nós de precisar de um timoneiro? Sonho, sim, um país liberto das eternas dependências, desapegado dos mitos sebastianistas, de que o salazarismo e o cavaquismo são, cada um à sua maneira e em diferentes contextos sociopolíticos, o espelho desse passado distante. Sempre à espera do homem providencial, a comunicação social, moderna na aparência, espreita todos os sinais desse novo mito, na figura redentora de Cavaco Silva, candidato à presidência da República. Hoje, essa manifestação expressa-se no quadro da democracia política, mas amanhã, quem sabe, poderá arrastar-nos para uma outra coisa. É Ela que nos faz reféns de lógicas populistas e messiânicas rumo ao logro e, pior ainda, ao abismo.

Ser ou não ser

Via O Setubalense:
O cabeça de lista do CDS, Nuno Magalhães, deu três razões para ter aceite a candidatura por Setúbal. Em terceiro lugar vem uma de ordem pessoal:
"um tributo ao meu avô, que aqui nasceu e cresceu mas teve de imigrar para uma melhor vida como muitos setubalenses". O erro terá sido do jornal - o candidato quereria, talvez, dizer que o avô "teve de emigrar"... Apesar de Setúbal ser hoje uma cidade de imigrantes, diferente daquela que o seu antepassado deixou, nota-se a preocupação do candidato em demonstrar laços familiares ancestrais à cidade.
Pelo PSD, Fernando Negrão, também dá conta da sua ligação à cidade e das suas preocupações:
"(...)uma razão pessoal, que foi o ter crescido e estudado em Setúbal, cidade onde, "encontrei a minha terra"."(...)defendeu ser necessário "encontrar respostas novas para problemas antigos", o que passa pelo investimento na formação e qualificação dos trabalhadores".

Pois. Mas são ou não são sócios do Vitória?

Vitória vs. Vitória

O sorteio dos oitavos-de-final da Taça de Portugal fez com que o Futebol de Setúbal recebesse, no Bonfim, o Sport de Guimarães.
Vitória aaaa Vitória

À atenção do BilidaQuid: teremos ainda um fantástico Pinhalnovense - Belenenses.
É verdade... Parece ainda, que o Sporting vai ganhar, quer dizer, jogar na Luz...

O «monstro» é autofágico

No Portugal Diário:
"O Estado consome mais de metade (65,8 por cento) do que produz. (...)Apenas 20,6 por cento dos produtos e serviços têm como destinatários os cidadãos e as entidades empresariais recebem 18,1 por cento do bolo."
De acordo com o Diário Económico:
"Esta é uma das principais conclusões do relatório sobre as funções do Estado elaborado pela Inspecção-Geral das Finanças (IGF) em 2003, a pedido da anterior ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, e que nunca chegou a ser tornado público.(...)Numa análise às atribuições dos diversos ministérios, o documento conclui que a Administração trabalha muito para si própria, existe uma duplicação de funções dentro dos próprios serviços e uma falta de articulação e de comunicação entre os diversos organismos públicos."

Certifica-se a autofagia da administração pública.
A gordura que alimenta tal prática vem dos nossos impostos. Assim sendo, o Estado desperdiça os rendimentos que retira aos contribuintes.

autofagia:
do Gr. autós, próprio + phag, r. de phagein, comer
s. f.,
nutrição à custa das reservas do próprio organismo.

Choque de Titãs

O Nuno, no seu excelente A Forma do Jazz, promove o "Grande Jogo do Jazz", onde se põe a votos os gostos dos leitores daquele blog. Foram estes quem sugeriram os nomes a concurso.
Logo na primeira volta há um embate de gigantes. Quis o sorteio (o Nuno diz que foi completamente aleatório e eu acredito) que o sexto jogo fosse:

6: JOHN COLTRANE vs THELONIOUS MONK

Ainda por cima fui eu quem sugeriu o Monk (alguém se antecipou com o Coltrane).
O que é que eu faço, ó Nuno? Bem, a resposta é mais simples do que parece. Tenho dois mini-posters na parede do cubículo na repartição. São duas fotografias: uma é de um trompetista, a outra de um saxofonista. Como o dito trompetista nem aparece a concurso...
Será que não podia haver um sistema de repescagem para a segunda volta...?

ADENDA: O Nuno informa da sua colaboração no ¡Tomajazz! , um site espanhol dedicado ao jazz.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Regulamentar a Natureza

Ana Gomes, no Causa Nossa:
"Precisamos de seguir de perto, políticamente, a reconstrução no Aceh/Indonesia e no Sri Lanka para impedir a retomada da guerra e do conflito nessas zonas."
"Cabe-nos não deixar que os mortos tenham morrido em vão: esta tragédia deve ser o ponto de viragem pela boa governação global, por uma globalização mais justa para todos."

Não consigo imaginar o que a globalização tem a ver com maremotos, tsunamis, terramotos, quedas de meteoritos ou outras ocorrências naturais que causem perdas de vidas humanas. Talvez a euro-deputada queira regulamentar as leis da Natureza.
Os mortos resultaram de um cataclismo. Não cairam em luta por um ideário. Não devem ser usados como argumento para justificar a necessidade de alterações à globalização, tal como ela é entendida pela euro-deputada.
A luta contra os "tsunamis da pobreza" (sic) será melhor servida se os senhores euro-deputados ajudarem a acabar com os entraves que as políticas proteccionistas colocam no acesso aos mercados europeus por parte dos produtos dos países mais carenciados.

A Terceira Lei da Estupidez

A propósito deste texto no Contra a Corrente, lembrei-me do livro de Carlo Cipolla, "Allegro ma non troppo". Nele, são elencadas as cinco leis da estupidez humana.
Se atentarmos à terceira, veremos que enquadra perfeitamente aquilo que se define como "Santanice":
"Terceira Lei (a de Ouro): Uma pessoa estúpida é alguém que ocasiona dano a outra pessoa, ou a um grupo de pessoas, sem conseguir vantagem para si, ou mesmo com prejuízo próprio."

Não deixa de ser útil ler o resto do livro. Tente-se aplicar a análise proposta pelo historiador económico italiano à actualidade portuguesa.

Traduções

O Ma-Schamba encontrou por bem "linkar-se" a este modesto escritório.
E mostra-me como, por vezes, não tenho as prioridades acertadas. Sobre o tema desta escrita do JPT já eu devia ter teclado antes. No minuto seguinte a tê-lo sabido. Antes do Natal, quando o livro passou lá por casa.
Se calhar ainda bem que me perdi. Assim, posso aproveitar a sua prosa e dizer que as suas são as minhas palavras.
E digo mais: "Que o céu lhes caia na cabeça. Por Toutatis!!!"

Orientação curricular

O BrainstormZ acrescenta, e bem, à minha posta de ontem:
"E, hoje em dia, dada as notícias sobre a enorme quantidade de professores desempregados, haverá, de certeza, menos alunos a optar pela via Ensino. Contudo, a tal informação não existia anos atrás, quando aqueles tomaram semelhante decisão."

Má formação de expectativas, má análise da evolução do mercado, má análise do preço a cobrar pelo bem a oferecer após formação (o seu trabalho), má análise do custo de oportunidade (trabalhar desde logo / ir para a Universidade), má escolha de fornecedor de formação.
Claro que os subsídios do Estado (ensino quase gratuito para o formando) distorcem qualquer possibilidade destas análises serem bem feitas.
Será que os alunos de hoje tomam as suas decisões com melhores análises, mais informação e baseados nos "wet tests" e "moment-in-time test" dos seus antecessores? Ou será que continuam a cair no convite de "sweepstake" que é o ensino superior financiado por todos os contribuintes?

Taça de Portugal

aaaa1aaaaaaaa-aaaaaaaa3

Académico gggggggggggg Vitória

Viiitttóoooorrriiiiaaaa!!!

Ó Bruno, desta vez a "festa" da Taça foi mesmo nossa. Nos tempos que correm, lá pelo Bonfim, bem precisamos de alegrias.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

«Esta gaja tem 300 anos»

Alguém se lembra de Mário Soares em cima de uma tartaruga, nas Seychelles? E a passear de elefante na Índia, enfeitado por um belo turbante?

Nesta história da viagem ministerial não parece haver muita coisa diferente de outras feitas por outros governantes.
Interessam a quem aproveita os vôos para estabelecer negócios e contactos para futuros negócios. Para a maior parte dos contribuintes pagantes dos fretes aéreos, esta tem a mesma importância que as outras. Nenhuma.

Coisas Boas do Ano

Example
O ano passado trouxe de volta os American Musica Club, com o seu novo álbum Love Songs for Patriots. Se nada mais houvesse, seria a prova de que o ano findo sempre teve algo de bom.
Belas canções, em que a simplicidade se entrelaça com uma melancolia por vezes cortante, resgatam a antiga energia e vitalidade desta banda de São Francisco, que encontrávamos em álbuns como "California" ou "EverClear".

Myopic Books
found on: Love Songs for Patriots
solo demo found on: Comes With a Smile Volume 9 (called 'Bought a Book')

"One day I left my room in the evening
It was freezing, a sidewalk shining
But it was okay - I wasn't lonely
I wasn't no one, I was just hoping
for a bookstore like the one I prayed for
and the music they'd play there would be Dinosaur Jr.
and the people who worked there would be super skinny
and super unfriendly - and that would make me happy
That would make me happy

And what really kills me is I'm only lonely
when I talk to you, yeah I should have told you
I just can't handle your endless sorrow
All I wanted from you was some tomorrow
But it's okay - I'll find a bookstore
and buy Saul Bellow
and one about old ruins for my mother
You never met her - she liked Manhattans
They taste like mouthwash
She understood how to be alone, all alone
All alone

Maybe the worst is over
Maybe the worst is over
Maybe the worst is over
Maybe the worst is over

One day I left my room in the evening
The sun had just gone down, but the sky was still shining
and not even the stars out, up in their heaven
could throw their ashes on the blue still burning
over this ugly city - and that makes me happy
and that makes me happy
and that makes me happy
that makes me happy.